I. Communio et progressio
O Documento apresentado na década de 70 vem iluminar nossa realidade atual com reflexões pertinentes ligadas à comunicação. Hoje já é sabida de todos sua importância, todavia nem sempre foi assim; no passado a Igreja foi muito morosa em aceitar de fato o mérito dos meios comunicação. Esta posição deu maior motivação para que muitos cristãos pudessem utilizar benignamente esses meios para “fazer ressoar nos quatro cantos do mundo a Boa Nova da Salvação”.
Destarte, bem sabemos os efeitos que o seu mau uso causam às pessoas. Também já temos consciência do meio de interação entre as pessoas mais eficaz, daí a grande obstinação de muitos ao quererem passar suas ideologias à cultura de massa, não se importando com valores, mas tão somente por vender um produto: a opinião, que tanto pode orientar como desorientar qualquer um que beber dessa fonte. Isso reflete diretamente naquilo que é chamado de “indústria cultural”: momento em que no capitalismo moderno do século XX, a cultura deixa aos poucos de ser expressão da vida de um povo e se torna uma coleção de produtos feitos em série por um grupo de pessoas e consumido pela maioria da população. Portanto, a cultura de massa não é produzida pela massa, mas é uma alienação.
Nesta perspectiva o convite que a Igreja faz é para que usemos positivamente os meios de comunicação e ajudemos a muitas pessoas a se tornarem esclarecidas de verdade. Neste sentido urge fazermos das pessoas não meros espectadores, mas cidadãos conscientes e questionadores de sua realidade. Recordo-me do Filósofo Habermas. Ele dizia que para haver uma comunicação ideal seria necessário fazer uma “elucidação pedagógica”, ou seja, um diálogo constituído por dois momentos: primeiro o ensino (as teorias ensinadas pelas imprensas e até mesmo numa conversa informal, bem fundamentada) e depois o esclarecimento (oferecer à pessoa, caso não tenha entendido, um debate sobre questões implícitas ao assunto). Pois bem, só depois que os conhecimentos estiverem o mais equilibrado possível, será viável uma participação efetiva e uma comunicação edificante. Dessa forma podemos ver claramente que um dos papéis mais importantes da comunicação é estabelecer a comunhão na comunicação, gerar uma partilha de pensamentos a fim de que todos tenham acesso à informação e possam construir seus pensamentos de maneira autônoma.
Esta ideia nos remete a uma questão muito importante da qual a Igreja prima: a formação do comunicador. A necessidade de todo agente religioso (leigos, religiosos, sacerdotes, bispos), como um profissional da comunicação, ter uma base sólida deve ser critério prioritário. Isto já é um sinal claro da abertura da Igreja para acolher e gerir, de acordo com os valores cristãos, os meios de comunicação social. Tais comunicadores devem ajudar na elucidação de temas para as pessoas e não condicionar seus pensamentos.
Atualmente o Sumo Pontífice faz algumas de suas homilias pela internet (no canal do vaticano no youtube, por exemplo), isto para dizer do meio mais atual, pois sendo os meios de comunicação social ‘dons de Deus’ temos o dever de utilizá-los de maneira correta para que sirvam para o progresso humano. Os meios de comunicação devem estar comprometidos com a verdade.
II. Inter Mirifica
Este decreto do Papa Paulo VI apresentado em 04/ 12/ 1966, se dirige originalmente aos que se dedicam aos Meios de Comunicação Social: a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão e ao que hoje podemos acrescentar: a Internet. O Documento oferece pistas que colaboram para uma melhoria de qualidade, não de imagem, pois sabemos que a atual TV Digital (ainda que em alguns estados) promoverá; mas de conteúdo, pois não raro ocorre uma bela imagem, mas um péssimo conteúdo. Esta parte destaca a importância dos meios de comunicação social e ratifica a relação destes com a ordem moral. As palavras do Papa Paulo Vina introdução enfatizam a importância dos meios de comunicação social. Tal importância, contudo, não anula o seu mau uso. Embora um bem em si mesmo, dissociado do valor moral, constitui-se em ruína para a sociedade: "...os homens podem utilizar tais meios contra o desígnio do Criador e convertê-los em meios da sua própria ruína".
O homem deve usar retamente estes meios para levar a salvação a todos os homens, visando a promoção de sua dignidade. As normas morais são necessárias para o seu reto uso: “Considerem, pois, as matérias que se difundem através destes meios, segundo a natureza peculiar de cada um; tenham, ao mesmo tempo, em conta todas as circunstâncias ou condições, isto é, o fim, as pessoas, o lugar, o tempo e outros fatores mediante os quais a comunicação se realiza e que podem mudar ou alterar inteiramente a sua bondade moral”. Exige-se a formação de uma consciência reta sobre a informação, na obtenção e divulgação, íntegras na verdade e na justiça. A observância da primazia da ordem moral sobre a arte.
Não deve ser a arte o critério de comportamento, mas a ordem moral. Sobre a apresentação do mal moral há de se observar o dever de caridade e justiça: "a narração, descrição e representação do mal moral podem, sem dúvida, com o auxílio dos meios de comunicação social, servir para conhecer e descobrir melhor o homem e para fazer que melhor resplandeçam e se exaltem a verdade e o bem, obtendo, além disso, oportunos efeitos dramáticos; todavia, para que não produzam maior dano que utilidade às almas, hão de acomodar-se plenamente às leis morais, sobretudo se se trata de coisas que merecem o máximo respeito ou que incitam mais facilmente o homem".
Cabe ao informado a prudência e a sábia escolha para evitar assim qualquer dano espiritual que favoreça o mau exemplo e dificulte a boa ação, cabendo moderação e disciplina, sobretudo aos jovens, quanto ao uso. A todos os informantes, jornalistas, atores, produtores, etc convém não causar prejuízo ao bem comum e às autoridades civis, mas a defesa e a tutela da verdade e da liberdade para os jovens. Tais meios devem servir de apostolado para os leigos, a partir de verdadeiras iniciativas honestas na fomentação de uma boa imprensa. A boa imprensa exige, por outra parte, a formação técnica dos jovens leigos católicos, bem como a dos sacerdotes e religiosos e justo fomento econômico.
"O Concílio convida, além disso, todos os homens de boa vontade, especialmente aqueles que dirigem estes meios, a que se esforcem por os utilizar a bem da sociedade humana, cuja sorte depende cada dia mais do uso reto deles. Assim, pois, como nos monumentos artísticos da antiguidade, também agora, nos novos inventos, deve ser glorificado o nome do Senhor, segundo o que diz o Apóstolo: «Jesus Cristo, ontem e hoje, Ele mesmo por todos os séculos dos séculos» (Hb 13, 8)".
III. Orientações para a formação dos futuros sacerdotes sobre os meios de comunicação social
Feitas pela Congregação para a Educação Católica, em março de 1986, as orientações são importantes para que os candidatos, especialmente ao sacerdócio, estejam inseridos nesta realidade tão importante para a Igreja, pois é um meio – talvez o mais eficaz, mas sem sombra de dúvida o mais atual – de propagar o Evangelho de Jesus. Utilizar os novos métodos corretamente aprimorando a propriedade da linguagem, a clareza da exposição e a eficácia da argumentação e ter conhecimentos básicos das ciências de comunicação interpessoal e da dinâmica das decisões humanas convergem para um único fim: o de transformar os seminários em “escolas de comunicação”, ou seja, possibilitar a partilha desse conhecimento aos leigos e assim fortalecer nosso trabalho apostólico.
Veículos de comunicação que superam em muito o tempo e o espaço proporcionando um maior alcance e rapidez na comunicação da informação, proporcionam para as pessoas um jeito novo e eficaz de estar bem atendo a tudo aquilo que acontece no mundo. Nesta comunhão de informações está o termo ideal de comunicação. O termo comunhão pode ser direcionado para uma partilhar, pôr em comum a todos uma ideia. Neste sentido, aparece a importância de encarnar a situação da qual falamos, isto é, adaptarmos linguagens e mentalidades às pessoas para as quais nos dirigimos. Temos bem claramente o exemplo de Jesus; suas histórias envolventes conduziam as pessoas ao entendimento (conversão de pensamento).
A formação basear-se-á em três níveis:
a) Básico: formação inicial dos mass media (audiovisual). Aqui exige-se que seja suprimida a carência (não conhecimento) acerca dos mass media. Neste sentido sugere-se que seja feito um aprimoramento do senso crítico e da formação da consciência dos candidatos à Vida Religiosa e/ou ao Sacerdócio, de modo que saibam pensar autonomamente (fundamental para uma formação da consciência individual = formador de opiniões); incentive a formação cultural e estética: a intedisciplinariedade (correlação) dos conhecimentos obtidos faz com que a cultura seja a mais ampla possível e a formação estética aprimora e direciona o gosto dos futuros comunicadores; preveja-se o uso e o emprego positivo dos meios de comunicação, de modo a ‘edificar’ as pessoas.
b) Pastoral (Filosofia e Teologia): diz respeito à atividade de comunicador da fé. Treinar os interessados para o uso correto dos meios de comunicação social e toda técnica de expressão e de comunicação das atividades pastorais; formá-los neste tempo em que são ‘mestres’ e ‘guias’ dos outros (são receptores ‘formação’ e comunicadores ‘trabalhos pastorais’); sensibilizá-los para uma inculturação da fé e da vida cristã a fim de evitar que a moral dos mass media (e também da Igreja) seja reduzida a puro moralismo; um comunicador deve saber se comunicar com o Outro, por isso exige-se uma formação teórico-prática na arte do falar, na dicção e na postura diante dos microfones e das câmeras, espcialmente nos atos litúrgicos;
c) Especializado: todos aqueles que demonstram a vontade de trabalhar especificamente nesta área de apoio à Igreja (estudo e formação em cursos superiores). Possibilitar a formação prático-profissional significa investir na qualidade da comunicação da Igreja com o seu povo que a cada dia clama por novas formas de diálogo.
Em todos estes níveis exigem-se metas comuns, dentre as quais sublinhamos:
a. Cuidar do uso correto dos termos, conforme permitam as expressões linguísticas;
b. Considerar tanto os meios de comunicação social tradicionais (rádio, cinema, televisão), apoiados por recursos complementares como o teatro e os “meios” propriamente ditos: CD (disco), DVD (cassetes), ...;
c. Levar em consideração a evolução tecno-sociológica acelerada e global (inculturar-se às realidades novas), explorando o máximo as qualidades de cada meio de comunicação social;
d. Favorecer espaços que possam estabelecer informação e discussão de questões atuais e pertinentes. Valorizar o grupo, enquanto forma estabelecer comunhão nas diferenças, unidade das riquezas das opinões, favorecer a eficácia da argmentação e clareza na exposição;
A formação passa pelo aspecto humano, profissional e doutrinal de maneira profunda e sem improvisação, proprocionando um amadurecimento cristão, pessoal e social. Pois, somente dotados de conhecimento suficiente do conjuto dos problemas culturais e técnicos será possível oferecer uma formação sólida. Seja, portanto, o comunicador da fé um técnico da comunicação.
IV. Instrução Pastoral “Aetatis Novae” sobre as comunicações sociais
Em tempos novos, novos meios. Tal revolução que as comunicações causaram na vida das pessoas tem impactos profundos em seus comportamentos religiosos e morais, nos sistemas políticos e sociais, e na educação. Com esta instrução a Igreja deseja refletir sobre as consequências pastorais desta nova situação em conformidade com as ideias dos documentos conciliares e pós-conciliares. O uso dos novos mass media deu origem ao que se pôde chamar de ‘novas linguagens’, e suscitou ulteriores possibilidades para a missão da Igreja, assim como novos problemas pastorais.
Um problema ainda em evidência é o da quantidade enorme de informações (sem analisar seus conteúdos), com isso a assimilação é quase nula, ao invés de formar uma consciência, causa conflitos que acabam por confundir as pessoas. Haja vista seu peso não só nos modos de pensar, mas também nos conteúdos do pensamento. Valores religiosos, culturais e familiares, são descartados de imediato. Tudo por conta de uma publicidade negativa, ou seja, que está em função do lucro e não do serviço que se tende a avaliar o seu sucesso.
Mais uma vez vale lembrar que a finalidade da comunicação é a comunhão. Fato muito importante que deve ser ressaltado é o de pensar que os meios de comunicação social estão a serviço do homem, do seu desenvolvimento e não o seu revés. A comunicação que leva a verdade, leva consigo vida, redenção, crescimento que emanam de Cristo. Estando a favor do homem, possibilitando acesso a uma cultura de valores elevados, certamente veremos o progresso tão esperado por todos, mas de outro modo esta utopia, continuará sendo um sonho, impossível de se realizar.
Em muitos âmbitos da sociedade verifica-se que os meios de comunicação agravam os osbtáculos individuais e sociais, como por exemplo o secularismo, materialismo, consumismo dentre outros, que geram desumanização e ausência de interesse pela causa do pobre privando-os de direitos, como à informação e à comunicação.
Para tanto a Igreja delineia algumas prioridades na defesa das culturas humanas, proporcionando meios de comunicação mais justos e imparciais que não possam dominar, nem manipular as consciências; promove o desenvolvimento e promoção dos meios de comunicação da Igreja, sobretudo na relação entre profissionais e dos organismos de comunicação relacionados à Igreja; investe na formação de cristãos responsáveis pela comunicação, dando-lhes uma formação sólida sobre o impacto real da comunicação e estudos de técnicasque nos possibilitem ‘virar o jogo’.
Mas para que tudo isso de realize é preciso unidade e responsabilidade de todos aqueles que se sentem chamados para tão nobre causa.
V. Pontifíco conselho para as comunicações sociais: Ética da publicidade
A importância da publicidade na sociedade moderna é cada vez maior. A Igreja, considerando e reconhecendo como sendo “dons de Deus” os recursos do mass media, orienta para o uso correto de tais meios que o homem poderá crescer paulatinamente como “bom cristão e honesto cidadão”. É neste espírito que a Igreja dialoga com os comunicadores. Porém, alerta para os seus perigos, chamando a atenção sobre os princípios e normas morais que dizem respeito à comunicação social, que levam o homem ao fundo do poço.
Em termos gerais, sem dúvida, uma publicidade é apenas um anúncio público que se destina a transmitir informações, atrair e suscitar uma determinada reação. À publicidade são dedicados grandes recursos humanos e materiais. Nesse sentido não tem nada a ver com o marketing (relacionado a funções comerciais a fim de garantir que os bens de consumo cheguem aos seus detinatários).
Diga-se de passagem que na publicidade, nada é intrinsecamente bom ou mau. Ela é um meio, um instrumento e como tal pode ser usada de maneira positiva como negativamente. A publicidae atraiçoaria seu papel de agente de informação de fizesse uma apresentação deformada da realidade e omitisse elementos importantes (isso acontece por pressão dos publicitários).
Suas vantagens e desvantagens estão presentes em vários âmbitos da estrutura sociopolítica:
1) Na economia: quando informa as pessoas da disponibilidades de novos produtos ou de novos serviços, ajudando-as, enquanto consumidoras, a tomar decisões bem informadas e prudentes a ponto de economizar. Todavia, a publicidade é usada nem tanto para informar, senão, para persuadir e, deste modo, alienar as pessoas. Comprar uma marca, simplesmente, porque muitos têm pode ser um exemplo.
2) Na política: os meios de comunicação livres e responsáveis no seio da democracia podem impedir as tentações de monopolização do poder, por parte de oligarquias ou de interesses particulares. A publicidade pode colabora neste âmbito da mesma forma que no aspecto econômico: informando as pessoas acerca das ideias e propostas políticas dos partidos e dos candidatos, inclusive dos novos candidatos que o público ainda não conhece. Por vezes na política foi usada para defender e alienar o eleitor. Muitos se esqueceram ou fingem acreditar numa mudança da ‘água para o vinho’ de muito políticos que cometeram no passdos crimes contra a democracia e contra o povo brasileiro, mas que hoje estão envolvidos publicamente nas várias ‘Casas’ (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, ...). Quem não se lembra do Collor, Genuíno, José Dirceu, Roberto Jefferson, dentre muitos outros? Tal mecanismo tem o poder de elevar ou rebaixar uma pessoa em questão de segundos. “A mesma mão que bate, acaricia”.
3) Na cultura: os publicitários podem exercer uma influência nos conteúdos midiáticos, apoiando as produções de qualidade intelectual, estética e moral mais elevadas (uma atenção especial para as minorias). Em nosso país algumas emissoras produzem um conteúdo midiático muito bom e de alto nível cultural, porém sempre se esbarra na questão do horário que é inadequado para muitos cidadãos brasileiros. Em contrapartida, produções violentas (em forma de desenhos animados, para as crianças, por exemplo), não trazem consigo valores que ajudam a construir uma identidade saudável e respeitosa, mas incita as crianças e jovens e serem violentos, a terem relações sexuais precocemente, a desrespeitarem os pais, etc.
4) Na religião: recorre-se sempre a técnicas publicitárias para comunicar as mensagens de fé, amor, esperança, Campanha da Fraternidade, etc... a publicidade pode ser de bom gosto e harmonizar-se com elevadas regras morais e, por vezes, até pode ser moralmente edificante, mas também pode ser vulgar e moralmente degradante. Com frequência ela recorre deliberadamente a motivos como a inveja, a ambição ou a avidez. Hoje certos publicitários que procuram impressionar e confundir as pessoas, usando temas de natureza doentia, perversa ou pornográfica.
Diante disso, a Igreja tenta direcionar sua reflexão para o apelo de se ter em mente valores morais e éticos para que a publicidade, enganar ou ocultar elementos esseciais para compreensão das pessoas a fim de ajudar no desenvolvimento e no crescimento da dignidade da pessoa humana ao invés de degradá-la, tendo consciência do seu importante papel em todas as instâncias da conjuntura social.
VI. Ética nas comunicações sociais
Os meios de comunicação social são ‘bons’ ou ‘maus’ a partir da manipulação humana. Este documento pretende lançar ideias na tentativa de re-orientar as práticas das pessoas que utilizam tais meios (membros de repartições governamentais, editores/produtores de rádio, jornal e televisão, bem como cada cidadão, e outros) para um uso correto e com princípios (éticos) que colaborem para o progresso do ser humano.
A Igreja ressalta ainda que os meios de comunicação social devem estar a serviço de todas as dimensões da pessoa humana (cultural, política, religiosa, econômica), ajudando os indivíduos a viverem bem e a agirem como pessoas em suas comunidades. A comunicação que serve a comunidade genuína “não é apenas expressar ideais ou manifestar senimentos; no seu mais profundo significado, é doação de si mesmo, por amor”. Tal comunicação busca a realização e o êxito dos membros da comunidade no respeito pelo bem comum de todos.
Todavia, mais uma vez podemos enfatizar que “os mass media podem também ser usados para obstruir a comunidade e prejudicar o bem integral das pessoas: alienando os indivíduos ou marginalizando-os ou ainda isolando-os; fomentando a hostilidade e o conflito”, ferindo as dimensões constitutivas do ser humano. Aqui está evidente o seu caráter dualista: ‘bem’ e ‘mal’, ‘bom’ e ‘ruim’. A comunicação tem a tarefa de unir as pessoas e de enriquecer sua vida, e não de isolar e explorar. “Se usados corretamente, os meios de comunicação social podem contribuir para criar e manter uma comunidade humana baseada na justiça e na caridade a fim de ser sinais de esperança”. Para ser sinal é imprescindível que os meios de comunicação social tenham princípios de normas éticas que direcionem os conteúdos e valores que o mundo carece como a justiça, a solidariedade, equidade para a pessoa e a comunidade humanas.
Com a ajuda do avanço tecnológico, os meios de comunicação social conseguiram diminuir a ‘distância’ entre as pessoas o que colabora para uma comunhão de informações e pratilha das ideias numa velocidade incrível.
Cientes disso, os comunicadores cristãos, devem dar exemplo de um verdadeiro seguimento de Cristo por palavras e obras nesta luta de ‘contra-valores’, os falsos ídolos do nosso tempo. Jesus é o nosso maior exemplo de comunicador que comunicou o amor do Pai e o significado último da nossa vida de tal forma a arrastar multidões de crentes. Pela ‘encarnação’ fez-se semelhante àqueles que haviam de receber sua mensagem, comunicada com a palavra e com a vida (trouxe para uma linguagem atual e simples a Boa Nova de Deus); seus milagres também eram atos de comunicação que indicavam sua identidade e manifestavam o poder de Deus. Eis, pois nossa missão e vocação enquanto comunidadores.
VII. Ética na internet
Neste documento a Igreja pretende expor uma perpectiva católica acerca da globalização e a respeito da utilização imprópria da internet. Num primeiro momento ela reconhece o poder de alcance que a globalização tem, no que tange à transmissão rápida e em tempo real de informações, todavia pontua seus aspectos negativos, dentre eles a exclusão que tal sistema gera; muitos estão à mercê destas inovações tecnológica o que colabora para um ‘analfabetismo digital’. Dentre outros malefícios, podemos citar a grande quantidade de informações que são lançadas para bilhões de pessoas, que em si não é negativa, porém as perguntas que se sucedes a isso são: Quem consegue interiorizar de modo a saborerar o conhecimento? Qual é o grau de credibilidade das informações publicadas? Que tipo de profissionais (ou pessoas/cidadãos) formamos com tais conteúdos/valores?
Diante disso é notório que a globalização exerce o seu poder mediante a internet. Nela podemos encontrar de tudo, mas será que tudo aquilo que está contido nesta ‘rede’ “nos convém”?. Frente a esta indagação a Igreja nos orienta a termos perspicácia para percebermos aquilo que nos ajuda na construção de valores sólidos e que possam produzir avanços para nós mesmos e para a sociedade como um todo (o bem comum), – sinônimo disso é o zelo que devemos ter para com os conteúdos (ideologias de maneira geral nos vários âmbitos da sociedade) – daquilo que destroi e não ajuda na maturidade humana.
O uso das novas tecnologias de informação e da intenet precisa ser ponderado e orientado por um compromisso decidido em prol da prática da solidariedade ao serviço do bem comum, tanto dentro das nações como entre elas mesmas. A internet só pode ajudar a fazer disto uma realidade (para todos os seres humanos) se for utilizada à luz dos princípios éticos clarividentes e sólidos, de maneira especial a virtude da solidariedade. Destarte, devemos reconhecer seus aspecos positivos que colaboram por derrubar as barreiras do pré-conceito e do muro cultural que dividem as pessoas. Poder se expressar e se comunicar numa liberdade de intercâmbio de informações com o mundo é um feito fantástico. A internet pode sevir às pessoas no seu uso responsável da liberdade e da democracia, aumentar a gama de opções em vários setores da vida, alargar os horizontes educativos e culturais. Contudo, “as mesmas forças que contribuem para o melhoramento da comunicação podem levar, de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação”.
Sendo assim, podemos mais uma vez nos perguntar: “os mass media estão sendo utilizados para o bem ou para o mal?”. A essa interrogação ética a Igreja indica algumas orientações:
· Utilizar esse meio de maneira ponderada e disciplinada para finalidades moralmente positivas;
· Aos pais: orientar e verificar o uso que os seus filhos fazem da mesma;
· Regulamentação governamental acerca das divulgações que não ofendam a moral pública e seus valores;
· Regulamentação da internet pela indústria conforme as normas de serviço público (códigos éticos definidos pela indústria), assim como numa maior responsabilidade pública;
VIII. Igreja e internet
Este documento fala de maneira específica sobre o uso que a Igreja faz da internet e acerca do seu papel na sua vida. O maior interesse que a Igreja tem pela internet está no seu aspecto edificante e sua capacidade de fazer com que o homem moderno progrida na descobreta de novos recursos e dos valores contidos em tudo aquilo que foi criado e sempre m vista do crescimento do reino de Deus. Ela oferece às pessoas um acesso direto e imediato a importantes recursos religiosos e espirituais (livrarias, documentos e Magistério da Igreja, os escritos da Sagrada Tradição, dentre outros), além de ser relevante para muitas atividades e programas da Igreja, como por exemplo, a Evangelização (catequese, apologética, notícias, informações, ...).
Ao reconhecer o valor dos mass media (também a internet) a Igreja exercita a comunicação, entendida como comunhão de valores, mais do que um exercício da técnica em si. Sendo a internet um meio de alto alcance e rapidez, ela acaba por tornar-se o ‘primeiro areópago dos tempos modernos’, local onde devemos anunciar o reino do Pai, a exemplo de Cristo. Realizar isto hoje é muito importante, porque os meios de comunicação social influenciam fortemente sobre aquilo que as pessoas pensam acerca da vida.
A educação e a formação constituem uma área de oportunidade e necessidade. No que diz respeito à internet, a educação e o treinamento devem constituir uma parte dos programas compreensivos de formação a respeito dos meios de comunicação disponíveis para os membros da Igreja, principlamente os jovens, ‘não só se comportem como verdadeiros cristãos, mas também saibam utilizar as possibilidades de expressão desta linguagem total’. Como podemos observar em certos casos um aspecto singular da internet diz respeito à proliferação confusa de web sites não oficiais que se definem a si mesmos como católicos.
Por fim são elencados alguns valores a serem resgatados: a prudência em ordem a observar claramente quais são as suas implicações (o bem e o mal) neste novo instrumento de comunicação e a enfrentar de maneira criativa os seus desafios e suas oportunidades; força e coragem para defender a verdade diate do relativismo religioso e moral, bem como a justiça, a fim de que todos possam ter acesso à informação, mas de qualidade. O documento ainda ressalta que aquele fala pela Igreja deve procurar ter uma relação sincera e reta com os jornalistas, mesmo que estes façam perguntas desconcertantes e embaraçosas a fim de que a Igreja fale de maneira credível às pessoas de hoje.