Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,
escrevo-lhes com o coração cheio de preocupação e de esperança, de alegria e de apreensão. Os fatos que dizem respeito à Congregação são um entrelaçado de boas notícias e de fatos dolorosos. Percebo que esta é a realidade da vida de toda pessoa, das nossas famílias, da convivência social, de toda instituição e mesmo dentro da Igreja. É a fé em Deus que nos sustenta, é a confiança na sua Providência que nos dá coragem e que nos conforta em cada tribulação. Além disso, é a proximidade de irmãos e o compromisso maravilhoso de tantos deles que são o sinal da ação de Deus, da sua presença entre nós e do seu amor misericordioso que nunca falta.
Justamente, nesta perspectiva, convido cada um a prosseguir o caminho, fazendo prevalecer os motivos de confiança e de esperança que estão na base da nossa vida, tanto pessoal como comunitária. O Senhor nos quer bem e, se procuramos fazer a sua vontade, nenhuma dificuldade ou fragilidade poderá abater-nos ou tirar-nos a alegria que vem dele. O Senhor ama a nossa Congregação. Leiamos, portanto, cada acontecimento a respeito dela como uma realidade que nos toca e que nos torna corresponsáveis em dar a nossa contribuição, para realizar o projeto de Deus sobre nós, em favor dos jovens e dos pobres.
A Consulta geral foi um momento de graça na história atual da Congregação. Retomo este acontecimento, para que possamos valorizá-lo como estímulo propulsivo que pode dar para a Congregação toda.
Comunidade unida: ponto de força da nossa renovação e garantia do futuro da Congregação
A Consulta geral se deu na metade do sexênio e se colocou em plena continuidade com o Documento capitular. Este Documento é para a Congregação o principal ponto de referência, que estimula cada um de nós e cada comunidade a perceber as modalidades concretas de realização da Regra de Vida, em relação às circunstâncias nas quais nos encontramos. A avaliação que, das comunidades e por meio das Províncias, chegou à Assembleia geral, evidenciou que foram dados passos, mas que devemos ainda realizar um trabalho sólido de concretização das exigências capitulares. Estas exigências não caíram do alto, mas são o fruto acreditado do quanto todos nós evidenciamos como importante para hoje. A exigência de ser comunidade unida (cf. Doc. cap. 3) pode realmente representar o coração do Documento capitular e o ponto de força da nossa renovação e de garantia para o futuro da Congregação.
E para ser “comunidade unida” são necessárias algumas condições.
Uma primeira condição é a de jamais colocar a si mesmo como centro de tudo. Se coloco no centro a mim mesmo, a minha realização, as minhas ideias, as minhas exigências pessoais, não daremos muitos passos em direção à comunidade unida. Devemos certamente valorizar todas as nossas aptidões, mas para pô-las à disposição de um projeto comum.
Uma outra condição é a de colocar realmente Deus no centro da nossa vida e da nossa comunidade. Somente de Deus nos vem a motivação última e a força fundamental para superar a tendência de colocar a nós mesmos no centro. As motivações humanas não são suficientes. O que nos levou a acolher a vocação à qual Deus nos chamou é também o que nos sustenta para colocar no centro Ele e a comunidade. Neste percurso, a palavra de Deus, se a acolhemos e a meditamos seriamente, nos ilumina cada dia e nos orienta, e a graça da oração e da eucaristia nos converte e nos sustenta.
Assim também é necessário colocar Deus no centro da comunidade, se quisermos ser comunidade unida. É ele que nos ajuda a vê-lo em cada irmão, sem excluir ninguém, a superar as diferenças que existem entre nós, e a convergir em unidade de coração e de objetivos.
Sobres estas bases podem e devem encontrar espaços outras condições, como o valor da obediência, a capacidade de diálogo, a maturidade humana, a humildade, a disponibilidade à ajuda recíproca, ao perdão e à colaboração …
Além disso, não pode faltar a condição de uma relação sempre mais consistente entre religiosos e leigos. A realidade da partilha de um mesmo carisma e da participação a uma missão comum deve levar toda a comunidade a relacionar-se com os leigos, como parte constitutiva da Família pavoniana. A realização da missão se torna assim expressão de uma comunidade unida que, junto com os leigos, se consome para continuar a realizar o que Deus iniciou com o Padre Fundador.
Da Consulta geral ao triênio 2011-2014
Como já lembrei, no próximo Boletim interno encontraremos o material essencial que foi objeto de estudos na Consulta geral. Seria bom que cada um de nós o tome, ou retome, em consideração, para procurar juntos realizar o que julgamos importante para este período histórico que o Senhor nos concedeu viver.
Na Consulta, também foi apresentado o programa básico para o próximo triênio, com a especificação dos temas do ano, em torno dos quais concretizar o Documento capitular.
O período 2011/12 é proposto como Ano da missão educativa pavoniana. É este o núcleo central do nosso carisma e do Documento capitular. A ocasião é oferecida também pela circunstância do bicentenário da fundação do Oratório por padre Pavoni, realizada em Bréscia, em 1812. Tratar-se-á de dar consistência e realizar o Projeto educativo pavoniano, com possíveis pistas de reprojetação da nossa missão. O slogan escolhido, retomando uma feliz expressão do Fundador, é: Coloquemos nos jovens as mais belas esperanças.
O período de 2012/13 o viveremos como um especial Ano mariano. O Documento capitular se desenvolve partindo da imagem de Caná. Parece-nos oportuno, portanto, dar relevo à figura e à presença de Maria na nossa vida e na nossa missão. Escutaremos, em particular, como dirigidas a nós, as palavras pronunciadas por Maria naquela ocasião: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2, 5).
Além disso, no triênio que iniciamos, propõe-se que cada comunidade dedique uma hora mensal de adoração pelas vocações. Encontraremos no Boletim interno, de modo mais amplo, as motivações e as formas para concretizar esta proposta.
Como verão, os programas que nos tocam são consistentes e poderão ser suporte válido para a realização do Documento capitular, à luz dos incentivos da Consulta geral.
Um mês de julho rico de acontecimentos
Neste mês de julho, será realizado o terceiro encontro (depois daqueles de 1998 e de 2005) entre os religiosos mais jovens da Congregação. Será em Vitória, no Brasil, de 11 a 25 de julho. Trata-se de uma experiência de interculturalidade, apta a favorecer o conhecimento recíproco e o sentido de pertença à Congregação, em um contexto de formação que não poderá senão fazer bem a todos os participantes, naturalmente com a condição que o vivam, como é de se esperar, com plena disponibilidade ao que lhes será proposto. Durante o encontro, domingo, dia 24, emitirão a profissão perpétua ir. César Thiago do Carmo Alves e ir. José Roberto de Oliveira Filho.
Sábado, dia 16 de julho, receberão a ordenação sacerdotal, em Asmara, os diáconos Mihreteab Solomon Okubu e Yonas Fesshaye Michael. É um grande dom de Deus para a nossa comunidade eritréia. Nestes dias estarei presente junto a eles e levarei a solidariedade e a presença de toda a Família pavoniana.
O curso de formação, as profissões perpétuas e as ordenações são acontecimentos de alegria e de graça para a Congregação. Agradeçamos a Deus e rezemos intensamente pelos nossos religiosos mais jovens, a fim de que sejam uma força consistente para a continuidade do carisma pavoniano e um motivo válido de esperança para o nosso futuro.
Esta oração intensa não seja feita somente pelos irmãos que participarão do retiro espiritual anual em Ponte di Legno, entre 24 e 30 de julho, mas também por cada comunidade. Durante os meses de julho e de agosto, procuremos todos encontrar dias de recolhimento, para reavivar a qualidade da nossa vida espiritual e para dar solidez às motivações que estão na base da nossa resposta ao Senhor. Isto será de especial sustento a quantos, sobretudo na Itália e na Espanha, neste período são chamados pela obediência a mudar de comunidade e de atividade.
Que todos possamos experimentar aquela estupenda expressão de Dante, de inspiração evangélica e de sabor franciscano: “Na tua vontade, Senhor, está a nossa paz” (cf. Paraíso III, 85).
Com estes votos saúdo a todos em nome do Senhor, com a certeza de gozar da constante intercessão de Maria Imaculada e do beato Ludovico Pavoni, nosso Fundador.
pe. Lorenzo Agosti
Tradate, 1° de julho de 2011, solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus