“Sejam meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1Cor 11,1)
“Eu disse essas coisas para que vocês tenham a minha paz” (Jo 16, 33)
“Façam o que ele mandar” (Jo 2,5)
“Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade” (jo 16,13)
“Portanto, estamos rodeados dessa grande nuvem de testemunhas. ..Corramos com perseverança na corrida, mantendo os olhos fixos em Jesus” (Hb 12, 1-2)
“Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim” (Mc 9, 37).
1. Ludovico Pavoni, pai e mestre.
Como Família Pavoniana manifestamos ao Pai a nossa alegre gratidão por ter dado à Igreja o grande dom do beato Ludovico Pavoni, que nós amamos e veneramos como pai e mestre de vida. Ele, imitador zeloso do divino modelo Jesus[1], é para nós testemunha do amor paterno de Deus e proposta evangélica concreta. O seu modo original de viver o Evangelho, acolhido como desígnio ditado do Céu[2], constitui a espiritualidade pavoniana, na sua expressão mais genuína e original. Este espírito nos foi doado e nós o acolhemos como o bem comum e mais precioso de nossa família. A ele todos têm direito e todos hão de zelar com atenção para conservá-lo[3].
Também hoje, Ludovico Pavoni, modelo de vida reconhecido pela Igreja, nos indica o caminho a seguir, com o seu mesmo coração, para que possamos conformar a nossa própria vida, quanto possível, à do divino Mestre Jesus Cristo[4].
2. “A Fé que opera através do amor”
A vida de Ludovico Pavoni foi marcada por uma constante e profunda união com Deus. Através da assídua meditação do Evangelho[5] Pe. Pavoni aprendeu “o sublime conhecimento de Jesus Cristo”[6], para podê-lo imitar principalmente nas virtudes do seu Divino Coração[7] e no seu apaixonado amor pelos pequenos e pobres[8]. A Ele aderiu com aquela fé operante que lhe fez enxergar a realidade através dos cristais do Evangelho[9]. “A fé que age através do amor”[10] inflamou[11] seu coração, tornando-o capaz de se doar no exercício generoso da caridade criativa que sabe encontrar o modo de ajudar a todos[12] e faz experimentar vivamente os interesses de Deus e do próximo.[13]
O testemunho evangélico do Pe. Fundador e o reconhecimento de sua santidade[14] constituem a espiritualidade pavoniana que anima a nossa vida espiritual e a nossa ação apostólica.
3. “Inflamados do amor de Deus”[15]
A primazia de Deus na vida de Ludovico Pavoni foi uma experiência profundamente vivida. Dessa profunda experiência com Ele, “amado acima de todas as coisas”[16], nasceram aquelas profundas convicções que ele nos propõe como normas de vida. O amor de Deus que nos é doado como chama ardente[17] de caridade, nos torna aptos a viver a nossa consagração como um holocausto por meio do qual cada um se oferece totalmente e tudo o que possui a Deus[18].
Nos sentimos, assim, em sintonia com o nosso Fundador que viveu sua resposta ao chamado divino como um generoso sacrifício, que fiz de bom grado, de todo meu ser, renunciando a todas as esperanças do mundo[19]. A dimensão teologal de sua vida e as virtudes que a manifestam (fé, esperança e caridade), constituem os fundamentos[20] sobre os quais devemos construir a nossa consagração.
4. O “manto” da Providência e de Maria
A esperança abre o coração para uma ilimitada confiança na Providencia de Deus. Pe. Ludovico Pavoni, ao superar os inúmeros obstáculos que se interpuseram[21] à realização do desígnio... da Divina Providência[22], pude tocar com a mão a eficaz proteção de Deus e afirmar com certeza que, sob o manto da Divina Providência, ninguém fica desamparado[23]. A total e confiante entrega nas mãos da Providência, que sempre está atenta às necessidades da pobre humanidade[24], lhe deu condições para ele mesmo tornar-se providência para muitos.
Um outro “manto” envolveu com ternura Ludovico Pavoni: aquele de nossa querida Mãe Maria[25]; ao imitá-la, ele soube tratar seus filhos “com ternura de mãe”[26].
A confiança na Providência e a filial devoção a Maria Imaculada estão presentes na tradição pavoniana e enriquecem com uma particular conotação de otimismo evangélico a vida e a obra dos que pertencem a esta Família.
5. “Fiz-me tudo para todos”
A entrega total de si mesmo a Deus exige o dom total de si aos irmãos: as duas atitudes são expressão do mesmo amor, aquele amor que Jesus nos pede no “novo mandamento”[27]. É por isso que o beato Ludovico Pavoni propõe a seus Religiosos um fim único para todos, ou seja, servir a Deus e ao bem do próximo[28]. O amor se torna serviço, um serviço total, sem nada poupar[29].
Pe. Pavoni, por primeiro, nos deu o exemplo: fez de sua vida um dom sem limites, pois “de rico que era, se fez pobre”[30]. Foi atento e sensível às necessidades da pobre e abandonada juventude[31], para as quais sempre deu a melhor resposta possível, procurando os meios mais adequados para uma eficaz obra de caridade[32]. Seu coração extremamente sensível[33] partilhou “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angustias”[34] dos seus jovens e tornou-se para eles irmão a pai. Ele quis que o seu amor concreto se perpetuasse além de sua morte. Nós, hoje, somos a sua família. Ludovico Pavoni nos deixou o legado de “nos fazermos tudo para todos”[35] por amor, realizando um efetivo serviço para a Igreja e para a sociedade, de acordo com as necessidades dos tempos e lugares. Como Pavonianos, temos a obrigação “de seguir seu exemplo, animados pelo mesmo espírito”[36].
[1] Cf CP 266
[2] CP Idéia Geral
[3] CP 303
[4] CP 36
[5] CP 275
[6] Fl 3, 8
[7] CP 82
[8] Cf Mt 18, 5; RU I 42
[9] Regulamento do Oratório. Prefácio (RU I 8)
[10] Gal 5,6
[11] CP Idéia Geral
[12] CP 131
[13] CP 69
[14] Beatificação, 14 de abril de 2002.
[15] CP Idéia Geral c.
[16] Lumen Gentium, 44.
[17] O Diretor aos seus alunos Colaboradores, RU I 42.
[18] CP 37
[19] Alocução do Superior, RU I 62.
[20] CP 69
[21] O Diretor aos seus alunos Colaboradores, RU I 42.
[22] RU III 51.
[23] CG 15
[24] CP Idéia Geral
[25] CG 3
[26] LPV 632r, 143v.
[27] Jo 13, 34
[28] CP 4
[29] CP 69
[30] 2 Cor 8, 9.
[31] CP pág. 111 (formula da Profissão) e RU I 63; cf. CP, Idéia Geral.
[32] CG 28
[33] RU II 311.
[34] GS 1
[35] I Cor 9, 22; cfr. CP 136, 213 e 272.
[36] Oração da Missa própria do Beato Ludovico Pavoni.