Filhos de Maria Imaculada
(Pavonianos)
Retiro dos Irmãos Junioristas
em Igarapé, MG
Antes de adentramos sobre a temática da espiritualidade de comunhão, queremos primeiramente conceituar o termo espiritualidade. Assim sendo, por espiritualidade entendemos toda ação do Espírito em nossa vida a ponto de nos levar a agir em conformidade com a vontade de Deus. Ou seja, é o próprio agir de Deus na nossa história. Podemos dizer que a origem da espiritualidade de comunhão provém do próprio Deus que é comunhão em si mesmo.
Todavia, só quem ama é capaz de viver em comunhão com os outros, pois o amor é a essência de tudo, a base de todas relações interpessoais cf. Rm 15,2ss. Assim também é verdadeiro o seu contrário: só quem sabe viver em comunhão sabe amar. Nesse sentido, a delicadeza de Deus deve nos levar à delicadeza para com os irmãos. Porém, esta delicadeza implicará em algumas posturas em relação ao outro tais como: saber escutar e dialogar. Contudo, devemos escutar com o coração, ir além do que o outro tem a dizer. Para isso a compaixão deve ser o que demonstra a nossa delicadeza, pois esta leva-nos a demonstrar o amor e a comprometermos com os mais pobres.
Outro aspecto que não podemos deixar de abordar ao falarmos de espiritualidade de comunhão é a respeito dos pecados que atingem a comunidade tais como: o pecado da língua e os pecados da ação cf. Gl 5,5 e 1Cor 8,9-12. O pecado da língua entra quando julgamos o que não sabemos, quando banalizamos os outros. Não se pode banalizar o que é sagrado para o outro.
O pecado da ação está ligado à maneira pela qual vivemos a nossa liberdade. Liberdade que se dá no respeito ao espaço dos outros. Por isso, é importante revermos nossas atitudes frente aos outros, tomando cuidado com o espaço sagrado que pertence a cada um. Desta forma, é preciso estar atentos aos pecados que provém do coração.
Outro dado importante que precisamos estar atentos é a questão do conhecimento de si mesmo. Nesse sentido, quanto mais eu me conheço, mais eu consigo entrar e me encontrar com outro. A experiência do eu-tu é fundamental e qualifica a Igreja e o mundo cf. Ef 4,32ss. Desta forma, a comunidade religiosa deve ser testemunha para a Igreja e a sociedade como modelo de comunhão. Os grandes testemunhos da história nós admiramos, porém não seguimos. Precisamos perceber que não é o carisma que dá vida para nós, mas somos nós que devemos dar a vida pelo carisma.
Toda nossa ação evangelizadora parte do Senhor que age em nós e nos envia para lugares desafiadores. A Vida Religiosa deve utilizar as asas para voar sem se preocupar a onde pousar. Quando compreendemos a missão como um agir de Deus em nós e não como satisfação individualista de nossas vontades temos mais facilidades de aceitar as transferências e os novos desafios.
Portanto, a Vida Religiosa precisa hoje mais do que nunca recuperar sua grandeza carismática para ser para o mundo sinal escatológico de uma verdadeira espiritualidade de comunhão.
Ir. Claudinei Ramos - FMI,
Estudante de Teologia no ISTA-BH
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