Caráter científico
História da Igreja é a ciência que investiga e expõe, em seu nexo causal, os fenômenos (efeitos), progressos internos e externos da sociedade formada por homens e mulheres, isto é, a Igreja que tem por pedra fundamental Jesus Cristo. Seu o objetivo de fazer os homens participantes da Salvação. Enquanto ciência tem por objeto de estudo a própria origem da Igreja, o que é sustentada por vestígios históricos (cartas, constituições, depoimentos, testemunhos, dentre tantos).
Igreja: fato histórico e fato revelado
Tudo começa com a Encarnação (Cristo-Homem: Deus entra na história e se comunicar aos homens e mulheres) e continua com a Revelação (Fatos, Palavras). A Igreja Católica Apóstólica Romana é santa e pacadora, ou seja, santa proque é conduzida pelo espírito Santo de Deus, por foi por sua inspiração que o Filho a instituiu; e pecadora, porque é formada e coordenada por homens que muitas vezes estão fechados à voz de Deus.
Divisão cronológica da História da Igreja
Idade Antiga:
1 – 313 (Império Romano Pagão)
313 – 692 (Império Romano Cristão)
Idade Média:
692 – 1073 (A Igreja e a formação da Europa)
1073 – 1303 (Apogeu do poder temporal dos papas)
Idade Nova (Moderna)
1303 – 1517 (O clamor da Reforma)
1517 – 1648 (A Reforma Protestante e Católica).
Idade Contemporânea
1648 – 1789 (A Igreja e a revolução da consciência)
1789 – .... (A Igreja e as revoluções sociais)
Fontes da História da Igreja
São os escritos e/ou restos monumentais (Milagres, Construções antigas...). Tais ecsritos ou monumentos podem ser fundamentados:
· Pela origem: Divina (Deus convida) e Humana (Homem dá continuidade);
· Pelo caráter social: público ou privado;
· Pelo tempo: próximos ou remotos;
· Pelo autor: autêntico, anônimos ou apócrifos;
· Pela forma: orais, figuradas, escritas (Atos dos Apóstolos, Testemunhos dos Cristãos);
Para fundamentar cientificamente a estes vestígios da existência da Igreja (de Cristo), ela recorre às ciências que lhe servem de auxílio, por exemplo: paleografia, filologia, arqueologia, geografia, cronologia, historiografia (eclesiástica), ... Eusébio de Cesaréia, Hipólito Romano, Julio Africano, Jerônimo, Sulpício Severo...
Preparação do mundo para a vinda do Cristo
Chegada a plenitude dos tempos (Gl 4,4), nasce Jesus, o Cristo, de uma mulher chamada Maria, na pobre cidade de Belém e em condições de extrema pobreza, junto aos animais. O contexto histórico da época de Jesus era esse:
· Mundo Religioso (Monoteísmo): retrata a preparação do povo judeu para a vinda do Messias, libertador (Rei) do povo escolhido por Deus: Jesus nasce pobre. Pelo nacionalismo judeu e a piedade farisáica a aceitação do crist será quase que nula. Os judeus da diáspora (com a destruição de Jerusalém) serão menos radicais e acreditarção no nome de Jesus.
· Mundo Filosófico (Politeismo): retrata a preparação do mundo pagão para a vinda de Cristo; Platão (Mundo das ideias) e Aristóteles (Motor imóvel). A pregação de um Deus invisível, tal como nos apresenta são Paulo, é um sinal de aceitação por parte dos gregos, no contetxo do politeísmo. Porem são Paulo, dá uma guinada na concepção e fundamentação na divindade de Cristo, propondo um caminho de conversão ao monoteísmo.
· Mundo Político (Império Romano: culto ao imperador): considerado pelos historiadores como sendo um ambiente propício para a pregação do Cristo e consequentemente o nascimento da comunidade Cristã, não obstante às inúmeras dificuldades, 10 perseguições totalizando mais ou menos 245 anos. Principalmente pela sua tolerância religiosa, unificação política - ambiente multicultural helenístico: gregos, judeus, egípicios ‘oriente e ocidente’, comércio: rápidas vias de comunicação, organização do Império (governo, província, dioceses, ...);
A Igreja no mundo greco-romano (1 – 313) – Tempo Apostólico (ano 150).
Eventos importantes:
· Destruição de Jerusalém (70), ocorre a desaparição de dois adversários: judaismo oficial e cristianismo judaizante;
· Cristo: Figura histórica = Salvador e Messias. Descrito pelas Sagradas Escrituras e pela Sagrada Tradição;
· Início da escrita da Literatura Cristã - em grego e latim - (Algumas dessas literaturas serão consideradas Sagradas e Inspiradas, o que culminará na formção do Cânom da Bíblia Católica, na época do Concílio Vaticano I, em 1870 aprox.);
· Perseguições cruentas do Império Romano: surgimento de muitos mártires o que chamou a atenção de muitos pela resistência e testemunhos dos vários mártires; forçou a expansão e consequentemente o aumento do número de Cristãos (título recebido em Antioquia);
· Cristianismo: a partir (380) o Cristianismo se tornou a Religião Oficial do Império. Ser cristão não é mais vergonha, mas um privilégio que tanto era recebido na Igreja como no Estado (Império Romano).
Fundação e a primeira expansão da Igreja
Fundador: Cristo (Histórico)
Provas históricas: Fontes cristãs escritas (Evangelhos, Atos dos Apóstolos, bem comos as demais cartas) e orais (Tradição), além das fontes não-cristãs (Flávio Josefo: passagens da vida de Cristo).
Existe uma diferença de 5 a 6 anos da nossa era acerca do nascmeno de Jesus Cristo. Ele nasceu aproximadamente no ano 749 na cronologia do Império Romano. Sua Epifania (vida pública) entre os 30-31 anos de idade. Sua morte, por volta dos 32-33 anos.
O surgimento da Igreja acontece a partir das atividades de Cristo e da sua intenção em dar continuidade ao Anúncio do Reino de Deus a todas as pessoas. Por isso escolheu 12 Apóstolos, elegei dentre eles um líder, ‘pontífice’ (Pedro: centro e força unificadora da Igreja na FÉ em Cristo Jesus, pela sua Morte e Ressurreição). Uma vez confirmado tu, confirmas teus irmãos. Os bispos são auxiliados pelos padres e estes pelos diáconos. Ordens menores: Sub-diácono, acólitos, leitores, exorcistas e ostiários.
Características:
· Fé em Cristo Jesus como sendo o Messias enviado pelo PAI para libertar o seu povo das armadilhas da escravidão do pecado e da morte.
· Comunidade Ideal: “um só coração e uma só alma” (At 4, 32). Comunidade de bens ( não era obrigatória), com a finalidade de atender às necessidades dos pobres.
· Eleição de Matias e dos Diáconos para atenderem às necessidades espirituais dos cristãos.
· Fomados basicamente por dois grupos: Os cristãos judaizantes = farisaismo (nacionalistas) pregavam ainda a fidelidade ao templo e à Lei Mosaica (Torah); Os judeus da Diáspora (menos radicais, mas ainda com preceitos judaicos) e os pagãos em geral (Gregos), dentre eles Estêvão que pregava a abolição da Lei e do Templo por causa de Cristo.
· Culto próprio: Batismo, Oração Comum e Fração do pão.
· Escatologismo: proximidade da vinda definitiva de Jesus. No final da Anamnese dizemos MARANATHA! (Vinde, Senhor Jesus).
Perseguições
Uma primeira perseguição aos Cristãos por parte das autoridades judias: pela ‘conversão’ de judeus (nacionalistas e os da diáspora) e cristãos helenistas.
E uma segunda perseguição aos cristãos em geral (martírios).
Além das perseguições à espada temos as perseguições à pena, escrita (literárias). Além de destruirem os escritos dos cristãos, escreveram contra o cristianismo como Celso, Luciano e propagaram suas heresias.
O objetivo das perseguições foi o de fazer os cistãos regressarem para o bom caminho (que tinha recebido de seus pais). Foram 10 as principais perseguições totalizando quase 245 anos de testemunho de fé por parte dos mártires que morrem pela fé e dos demais cristão que trabalharam incansavemente pela propagação de Jesus. Do ano 54 até 313, quando Constantino como Edito de Tolerância: reconhece o cristianismo como religião oficial do Império Romano, dá o direito de praticar livremente sua religião e edificar templos para o seu culto, orarem pelos Imperadores e pelo prosperidade do Império (início da conturbada relação entre Igreja e Império-Estado). Tal Edito saiu porque as autoridades se deram por vencidas diante da persistência de tantos quantos mativeram-se fiéis.
Outros direitos: concedeu aos bispos jurisdição inclusive nas causas civis (318); elevou o domingo o dia de repouso obrigatório (321); confiou aos cristãos cargos mais elevados no império.
Causas e consequências das perseguições:
· Infidelidade ao Estado (Império Romano): ausência nos jogos e espetáculos públicos, além do culto ao Imperador, o não oferecimento de sacrifícios aos deuses;
· Propagação da doutrina de Cristo;
· Reuniões secretas;
· Bode expiatório: aos cristãos eram atribuídas as causas da fome, miséria, guerra, magias, lesa majestade, (...). Ser cristão era crime.
· Fundamentos jurídicos: Editos especiais. (303: destruir lugares de culto, livros sagrados, censura: proibição de propagar a fé cristã, sem dirigentes (para não se institucionalizar);
· Penas: desterros, torturas, trabalhos forçados, morte de cruz, de espadas e até a codenação a ser jogados aos leões; Aqui acontecem os vários martírios. Eram perseverantes na fé, ainda sob pena de morte. Não se sabe ao certos quantos cristãos sofrerem o martítio porque não existia uma institucionalização dos cristãos e também porque o culto aos mártires não havia sido disseminado.
Vantagens e desvantagens das perseguições:
· Número de cristão que sofreram o martírio;
· Conversão de Saulo (com a morte de Estêvão);
· Expansão do Cristianismo em outras localidades (Antioquia; Galiléia, Samaria, Transjordânia,...) Motivações: Desejo da verdade, da santidade, da libertação do pecado. Milagres e carismas, firmeza dos mártires e fidelidade dos cristãos.
· Viram-se livres (momentaneamente) dos primeiros inimigos;
· Expansão e Institucionalização do cristianismo (no Império Romano);
Motivos que impediam a conversão ao Cristianismo: adesão a dogmas misteriosos, rigorismo moral, perigo constante de morte e perseguição.
São Paulo, Apóstolo dos gentios
Era da tribo de benjamim e discípulo de Gamaliel; homem culto e judeu radical (fariseu). De suma importância para a expansão do cristianismo em outras localidades além-muro de Jerusalém (Éfeso, Corinto, Roma, ...) dentre muitas outras.
Aqui nos remontamos a um dos benefícios das perseguições que obrigaram os primeiros cristãos a migrar para outras redondezas, além disso possibilitou a sua conversão ao cristianismo com a participação, ainda que ocular, da morte do Santo Estêvão.
Recebeu o título de apóstolo dos gentios porque anunciou o Evangelho de Cristo com a vida, dando testemunho da vida de Cristo a principalmente aos pagãos e não somente aos judeus, herdeiros primeiros da Salvação de Iahweh.
Fez três grandes viagens:
a) Primeira viagem (46-48 d.C.): Paulo e Marcos. Novas igrejas na Galácia (Gálatas),
b) Segunda Viagem (49-52 d.C.): Macedônia – Filipos e Tessalônica - Corinto
c) Terceira Viagem (53-57 d. C.): Éfeso, Colossos e Laodicéia,
d) Viagem à Roma (61-62 d. C.): Prisão domiciliar e morte (64 d. C.)
Cismas e heresias dos três primeiros séculos
Desde a muito tempo existia a não comunhão com o pensamento e doutrina da Igreja. O cisma consite numa ruptura da unidade eclesial, mas não necessariamente a ruptura de unidade da fé. As heresias consiste na ruptura com a fé professada da Igreja. Mas carrega consigo intuições profundas da verdade da fé. Todavia tais intuições são incompletas.
Heresias Judaizantes
a) Ebionitas: os cristãos judaizantes limitavam-se a ser fiéis à Lei (Concílio de Jerusalém: impôr aos demais a circuncisão como fez Moisés) e ao Templo; e os cristãos da diáspora (com a destruição de Jerusalém no ano 70): mantiveram seu apego aos preceitos do judaísmo, e uma fé disntinta do Cristo. Ambas as correntes rejeitaram os escritos paulinos.
b) Gnósticos (Cerinto: Negavam a divindade de Cristo): a origem do MAL tem um princípio duplo: um Deus bom (Jesus) e um Deus mau (A.T.); para o problema da criação encontra-se o Demiurgo. Maniqueus, Marcião...
c) Montanismo - Milenarismo: Cristo voltaria em 1.000 anos. Rigorismo moral, jejum rigoroso por três dias durante a semana. Propôs duas categorias de homens: pneumáticos e psiquicos.
Heresias anti-trinitárias: (negam a distinção real entre as três pessoas divinas. Como há um só Deus e não obstante tanto o Pai como o Filho e o Espírito Santo são DEUS?)
NOTA: Jesus é puramente homem e puramente Deus, como define Nicéia “consubstancial ao Pai”. Nesse sentido poem em xeque a REDENÇÃO que só nos vem por Deus.
· Dinamista ou Adocionista: Cristo é puramente homem e Deus o adotou no dia do Batismo.
· Arianismo (ARIO, Alexandria): negava a eternidade do verbo, a consubstancialidade, e com isso a divindade. Era apenas um homem. O filho é criatura do Pai. Se Jesus não era Deus como poderia redimir o mundo dos seus pecados? (Concílio de Nicéia I 325). Semiarianos: O filho é semelhante ao PAI (HOMOIUSIOS)
· Macedonismo (MACEDONIO, Constantinopla): negava a consubtancialidade do Espírito Santo. Este era inferior ao Pai e ao Filho. (Concílio de Constantinopla I 381) Creio no Espírito Santo, Snehor que dá a vida e procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado...
Controvérsias Cristológicas (Ou Cristo é somente homem ou somente Deus ou ainda Deus em parte, isto é, nalgum momento homem e noutro momento Deus.)
a)Apolinarismo (APOLINARIO, Laodicéia): a natureza de Cristo era incompleta, pois lhe faltava a alma intelectual; a verbo fazia as vezes de alma . Mas em Cristo há uma natureza completa como nos demais homens.
b)Nestorianismo: Dizia que em Cristo há duas naturezas: humana e divina, unidas apenas por uma MORAL. O verbo habita no homem como no templo. Porém em Cristo há duas naturezas completas homem e Deus.
c)Monofisismo: em cristo existem duas naturezas, antes da união da divindade com a humanidade. Depois dessa união acontece a cisão. E diz ainda que Cristo não tem a mesma natureza que os outros homens. Uma só natureza a DIVINA que absorve a humana. Todavia diz, o concílio da Calcedônia : “Um Senhor em duas naturezas, sem mistura, nem confusão, sem separação, nem divisão. Porque a união não suprime a diferença das naturezas, mas cada uma conservando suas propriedades e encontrando-se com a outra em uma única pessoa.
d)Monotelismo: nega a vontade humana de Jesus. Existia nele uma só vontade e uma só energia, a DIVINA. Mas em Cristo há duas vontades que não se opõem nem se contradizem.
Controvérsias Soteriológicas (Ditas da salvação)
a) Donatismo (DONATO): criou a dependência dos sacramentos, não só da fé ortodoxa como da moralidade do ministro. Para eles a Igreja não pode ter pecadores.
b) Pelagianismo: o pecado original não existe, apenas os pecados pessoais; a graça não é necessária ´para a salvação, o homem pode salvar-se pela sua própria força.
c) Semi-pelagianismo: uma vez conseguida a justificação não necessitamos de graça nehuma para permanecer firmes no bem.
Controvérsias penitenciais
Uma moralização exacerbada devido à comunidade dos santos. Acusação dos pecados: pública ou privada. Havia quem não poderia entrar na Igreja (Flentes), aqueles que ouviam somentes as leituras e a homilia (Ouvintes), tomavam parte da oração comum dos fiéis que se seguia à homilia (genuflectentes) e até aqules que podiam assistir a missa por completa (consistentes).
A admissão na Igreja se fazia pelo Batismo, primeiramente ministrados aos adultos. Administrado por qualuqer cristão. Mas geralmente era o Bispo, por imersão, mas também por aspersão ou infusão.
Catecúmenos preparação para receber o batismo: a) ouvintes (exigia-se um comportamento moral) e b) competentes: o batismo administrava-se solenemente duas vezes por ano nas vigílias da páscoa e pentecostes.
Eucaristia: reuniões ao despontar do dia (século II), Segundo Plínio o Jovem, nas quais cantavam hinos a Cristo e comiam comidas simples, leitura das S.E., homilia do bispo, apresentação das oferendas. Podia ser celebrada com pão ázimo ou fermentado.
Meios de santificação: sacramentos, oração, jejum, esmola,...
Constituição e Organização da Igreja
· O governo da Igreja é hierárquico (monárquico);
· Sociedade alicerçada por uma tríplice unidade: Fé, sacramentos e Regime;
· A Igreja é composta por Clérigos e Leigos;
· Padres da Igreja: Doutrina ortodoxa, Santidade, Aprovação da Igreja e Antiguidade : Clemente, Inácio de Antioquia...
Ir. Thiago Cristino, FMI
estudante de Teologia.
Nota: O presente trabalho é fruto de anotações e pesquisas pessoais.