terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Imaculada do Pavoni: obra do escultor milanês Abbondio Sangiorgio


Sobre o novo sarcófago do Bem-aventurado Ludovico Pavoni, vela da prateleira projetada pelo arquiteto Cláudio Buttafava, a pequena imagem branca da Imaculada. Como diz a escrita no pedestal, é obra do escultor neoclássico Abbondio Sangiorgio. Ele nasceu em Milão no dia 16 julho de 1798 e morreu na mesma cidade no dia 2 de novembro de 1879. Ainda que suas obras propaguem-se pela Europa e também pela América é na capital da região da Lombardia que decorre também sua vida artística.
Entre suas numerosas obras, aquela mais famosa que o consagrou como grande escultor, o tornou conhecido por toda Europa, o introduziu na alta sociedade milanês (Manzoni, Hayez, Giudici,...) e arranjou-lhe numerosas comissões (sobretudo retratos) é a Sestiga de bronze de 1825, posta em cima do Arco da Paz em Milão.
Colaborando com o arquiteto bresciano, Rodolfo Vantini, que ganha o concurso pela Porta Oriental de Milão, entra em contato com a alta burguesia de Bréscia. Assim, em 1834 o conde bresciano, Antônio Valotti, encomenda ao Sangiorgio, para seu túmulo de família no Cemitério Vantiniano, o Redentor e o Anjo do Túmulo.
Provavelmente é nesta circunstância que encomenda ao escultor também a pequena imagem de Maria Imaculada. Quer doá-la ao cônego Ludovico Pavoni, de quem é grande admirador e benfeitor. O conde é um assíduo frequentador do Instituto e também da Igreja de S. Barnabé (atual Auditório). Aqui com certeza escuta os sermões populares, porém profundos do Reitor, muito devoto de Maria; conhece o projeto dele de fundar uma nova Congregação Religiosa que tenha como modelo Maria Imaculada; decide, portanto, lhe fazer este presente.
Quando a pequena estátua de mármore de carrara chega em Bréscia, torna-se objeto de admiração universal, sobretudo por parte do poeta César Arici que fala dela "de bom grado". Trazida à S. Barnabé, é entregue ao Pavoni que a acolhe no seu modesto estúdio, único objeto de esplendor dentre os pobres móveis. É em frente a esta imagem que é encontrado por seu aluno Antônio Renoldi , como conta o mesmo: "Corri… para o quarto do cônego Pavoni, mas me disseram que tinha descido, que estava fora. Deixei passar um pouco de tempo e voltei. Bati à porta e ninguém respondeu. Então me arrisquei abri-la, e oh, que admiração! Vi o cônego ereto, imóvel, sorridente, estático; com braços cruzados sobre o peito e dois olhos de paraíso fixos na imagem da Imaculada que estava à sua frente. Eu fiquei embaraçado: chamei-o e tornei a chamá-lo muitas vezes sem que ele se desse conta. Em suma, aquele delicioso espetáculo durou uns quinze minutos, até que, na impaciência de minha juventude e querendo com força ter o quanto [o dinheiro] desejava, pus-me a tossir e a bater os pés, fazendo fortes barulhos.
Então foi que ele se moveu e, virado-se, me viu e disse quase desconcertado: "Que faz aqui? Que quer de mim?" Lhe contei brevemente o meu incômodo, e ele pôs logo cinco liras nas minhas mãos, pedindo-me: "Reze por mim; reze uma Ave Maria por mim." E eu, exclamando: Você não precisa de oração e saltando de alegria, o deixei.
Desta imagem fizeram em S. Barnabé ao menos uma cópia de madeira e colocada na Igreja pública , dado que já havia o altar da bem-aventurada "Virgem do Cinto" e o de "N. S. do Bom Conselho", perto da saída para a Sacristia e o claustro. Em Bréscia, onde, como diz a estudiosa Simona Moretti, "a escassa atividade plástica dos laboratórios costrange a chamada de setores e instrutores estranhos à tradição local", havia de qualquer modo alguns artesãos entalhadores capazes de reproduzir imagens de madeira e de pedra; fizeram, portanto, diversas cópias das quais algumas podem ser vistas ainda hoje.
Após a morte do Pavoni, no ano de 1849, o Conde Valotti pediu a pequena imagem, a qual já não é mais somente uma preciosa obra de arte, mas tornou-se o objeto sagrado da devoção do Pavoni. Ficou na casa Valotti até que foi para a casa dos Condes Lechi, por causa do casamento da sobrina do conde Antônio Valotti, Maria Valotti, com o conde Teodoro II Lechi. O casal teve os filhos Faustino IV, Júlia e Barbarina. Foi justamente na casa Lechi que nos anos 50 Dom Nazari, confessor de Beatrice Valotti ("tia Bice", irmã de Maria), veio a conhecer a imagem e fala dela para o padre pavoniano Pedro Misani. Este vai até as pequenas condessas Julia e Barbarina Lechi, acompanhado pelo Pe. Dario Brugnara que lembra: "[Pe. Misani], com a franqueza que lhe é própria, pediu para levá-la para o novo templo votivo da Nsra Imaculada. Após uma consulta familiar, a pequena condessa Júlia telefona para o Pe. Misani: "Decidimos doar aos Pavonianos a imagem pedida: venham buscá-la."
Assim, aos 26 de Abril do ano mariano 1954, festa da Nossa Senhora do Bom Conselho, a estátua tão desejada, vai para a Obra Pavoniana: se emprovisa um pequeno altar no quarto do Pe. Misani.Todos da casa querem admirar a artística imagem.
Aos 3 de maio a estátua de Sangiorgio Abbondio, com uma sugestiva procissão participada por uma grande mutidão, é levada por dois surdos e por dois alunos da Obra Pavoniana ao Templo da Imaculada.
Texto Original: Pe. Roberto Cantù,
Arquivista Geral da Congregação ( Comunidade de Tradate, Itália).
Tradução: Ir. Thiago Cristino (Comunidade de Brasília, Brasil)
e Pe. Odair Gonçalvez Novais (Comunidade de Manila, Filipinas)

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Sou fundador da Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada, conhecida popularmente como RELIGIOSOS PAVONIANOS. Nasci na Itália no dia 11 de setembro de 1784 numa cidade chamada Bréscia. Senti o chamado de Deus para ir ao encontro das crianças e jovens que, por ocasião da guerra, ficaram órfãos, espalhados pelas ruas com fome, frio e sem ter o que fazer... e o pior, sem nenhuma perspectiva de futuro. Então decidi ajudá-los. Chamei-os para o meu Oratório (um lugar onde nos reuníamos para rezar e brincar) e depois ensinei-os a arte da marcenaria, serralheria, tipografia (fabricar livros), escultura, pintura... e muitas outras coisas. Graças a Deus tudo se encaminhou bem, pois Ele caminhava comigo, conforme prometera. Depois chamei colaboradores para dar continuidade àquilo que havia iniciado. Bem, como você pode perceber a minha história é bem longa... Se você também quer me ajudar entre em contato. Os meus amigos PAVONIANOS estarão de portas abertas para recebê-lo em nossa FAMÍLIA.