Prezados Irmãos e Irmãs, religiosos e leigos da Família Pavoniana,
Chegamos perto da Festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Renovaremos os nossos votos e promessas. Renovaremos a vontade de viver e de crescer juntos. O que significa isto? É como se, para a ocasião, tirássemos a limpo, o nosso vestido para a festa.
Festa de aniversário? Em parte sim. Lembrar os anos desde quando fomos convidados a participar desta aventura. Fomos seduzidos? Valeu a pena? Como percebemos e como estamos vivendo tudo isto? É, de verdade, um valor: Ele confiar em nós, nós sermos amados, acolhidos? Achamos que nos tornamos confiáveis e assumimos responsabilidades diante d’Ele e dos irmãos?
Mas isto é o bastante? Entendemos, no entanto, que será somente em base, ao como respondemos, e ao como nos envolvemos no Projeto d’Ele que a nossa felicidade adquire sentido. Festa da Imaculada como momento de reflexão.
Lembro, quando criança, outra festa, a Páscoa, no interior da minha terra, quando as mulheres limpavam todos os utensílios da cozinha, renovavam tudo, arrumavam o único armário que tinham, para começar vida nova, dando sentido à Ressurreição do Cristo no cotidiano.
Não sei se tivemos a alegria de fazer esta experiência ao preparar uma festa, de um despertar quase violento, de um assumir as coisas quase depressa, de ajeitar o vestido, com a vontade íntima de se confrontar, de querer participar juntos, de estar presente como pessoa viva, propositiva. Não ser apenas um coadjuvante. A Festa é minha e nossa. Tem sentido para mim e para aqueles com quem partilho a minha emoção e o meu sonho.
Mas esta é uma festa somente de uma etapa alcançada. É um caminho que se abre, de um êxodo onde a Terra Prometida está além do horizonte. O processo do êxodo é proposta de vida! Os votos, a comunidade são ferramentas escolhidas para ser fermento entre os irmãos desta caminhada, em uma dinâmica de contínuas transformações para o encontro definitivo com Alguém que ama a todos. Bem sei que o amor só pode ser eterno, se for renovado no cotidiano da vida. O amor de ontem não serve para hoje. O amor de hoje, não servirá para ser vivido amanhã. Por isso existe a festa.
Terminei de ler Cartas entre amigos de Fábio de Melo e de Gabriel Chalita, sobre medos contemporâneos. A festa alivia-nos dos medos que sentimos. Eles também fazem parte da nossa caminhada pessoal e de grupo. Os projetos sonhados, as lutas estabelecidas, a dinâmica dos acontecimentos, tudo deve ser interpretado à luz de algo que fomos chamados a construir e que não é nosso como proposta, - projeto ditado pelo céu -. Envolvemos-nos nele com alegria e confiança. Pede-nos empenho, coragem e, às vezes, sofrimento. Conhecemos os desafios que nos acompanham. A realidade está diante dos olhos. Seríamos simplórios demais, - espero que ninguém seja covarde -, para não enxergar. Será somente a comunhão, o diálogo, a confiança mútua, o tomar as iniciativas para superar as barreiras da incompreensão, da aspereza do caráter de cada um, que nos permitirá atravessar o mar e o deserto. Em cada um de nós força e fragilidade abraçam-se. Só quem ama é capaz de reconciliar fragilidade e força.
O fato de celebrar a renovação dos votos, do compromisso da vida comunitária e das promessas no dia de Nossa Senhora revela que não estamos sozinhos. É esta, também, a razão da nossa esperança. As esperanças que nutrimos nos socorrem dos medos que sentimos. Agora amamos na esperança. Cada um de nós, ao seu modo, espera ou desiste. Se espera, ele se torna capaz de construir um mundo de acordo com o Projeto que Jesus apresentou e no qual nos convidou a participar. Se desiste, pouco mudará n’ele e no mundo.
O significado deste momento se revelará no nosso ser criativos em percorrer propostas novas todos juntos, animando os que se atardam à beira do caminho. Não sejamos arrastados pelo grupo.
Neste ano na festa receberemos a tradução da Regra de Vida atualizada. Uma ocasião a mais para aprofundar nossa proposta de vida
Cristo é o caminho que leva ao Pai, por sua vida e sua mensagem de verdade. Acima de tudo, pela sua própria presença em nós, através da graça do seu Espírito. Neste caminhar não estamos sozinhos. Convocados pelo batismo, para edificarmos o Reino, vivemos nossa experiência de fé em comunhão de amor e de esperança junto com outros irmãos que, conosco, constituem a própria Igreja.
Dessa forma, um homem de Deus – o Pe. Ludovico Pavoni – reviveu, com estilo original, o Evangelho e o amor do Senhor para com as crianças, adolescentes e jovens, dando origem a uma família religiosa de homens consagrados a Deus, para o serviço da humanidade.
A nós que, respondendo ao chamado de Deus, desejamos trilhar o mesmo caminho, esta Regra é confiada como projeto de vida e guia seguro para que possamos, em cordial comunhão com os outros,
percorrer, com alegria, o caminho rumo ao Pai. Os da Família Pavoniana que irão renovar suas promessas participam diretamente no mesmo projeto. Tornam-se discípulos e missionários antes de tudo, dentro da mesma comunidade, rumo para águas mais profundas. Guardemos sempre na nossa mente e no nosso coração: a minha norma de vida é Jesus Cristo, a Vida!
As palavras que pronunciaremos, a participação à celebração sejam verdade, primeiro, para cada um de nós. O movimento de mudança começa em nós. Acreditamos nisso quando falamos de pobreza, castidade, obediência, de comunhão e de pertença. Ao transformar a realidade que me envolve, de alguma maneira estou-me transformando. Os que estão ao meu lado, também serão afetados pela minha transformação. Serei sempre eu que assumo em primeira pessoa, à procura do Cristo, do seu rosto no Outro. Descobrirei que antes que eu o procurasse Ele já estava ao meu encalço.
Isto vai depender do acolher o dom que Deus nos proporciona: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. A vida de Maria revela-nos que nem tudo é fácil. Não foi uma única vez que ela não entendeu, conservando a lembrança do que estava acontecendo no seu coração. O amor a tudo sobreviveu. O tempo do cultivo qualifica a realização, mesmo se passe através da Paixão para alcançar a Ressurreição. Tudo é graça! Queira Deus, que sejam estes também os doces vínculos que façam de nós um só coração. Juntos com Maria e o Bem-aventurado Ludovico Pavoni, em santa harmonia sustentaremos o difícil compromisso, na edificação das nossas esperanças em relação à nossa pequena comunidade e aos irmãos que a Providência vai colocar no nosso caminho!
Aproveito para convidar a todos a uma releitura das cartas mensais do pe. Superior Geral sobre o tema da Comunidade unida. Enviarei novamente alguns textos que nos ajudem a entender o sentido profundo do nosso estar juntos como pessoas, como cristãos e como religiosos. Os votos, as promessas brotam da vivência desta experiência de vida. São expressões de uma paixão como resposta a Alguém que me chama, rompe minha surdez, brilha, resplandece e afugenta minha cegueira! Anelo agora por Ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz!
Belo Horizonte, 18 de novembro de 2009.
Pe. Gabriel Crisciotti
Superior Provincial
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