terça-feira, 13 de março de 2012

A vida espiritual como caminho


A vida espiritual como caminho


Por Ir. Thiago Cristino

Os mitos mais antigos, religiões e filosofias nos falam do caminho. Aludimos a essa ideia quando considerarmos que a vida não é um dado pronto, mas algo que deve ser feito e conduzido, cujo modo de viver revela morte ou vida.
O caminho aparece como um percurso entre dois pontos distintos e distantes. Caminho é sempre de alguma coisa para outra coisa. Na literatura cristã, Cristo é o Mestre dos mestres porque seus caminhos de vida realizaram por excelência o sentido de todo o caminho, i. é, Cristo alcançou a perfeita identidade entre projeto e realidade, aquilo que devemos ser e aquilo que somos. Por isso é modelo de caminheiro a ser seguindo.
Mais importante que per-correr um caminho é fazer caminho. Não se caminha isolado, mas sempre nos encontramos dentro de um caminho andado: família, tradição dos pais, os valores estabelecidos, o ethos do grupo. O caminho de Jesus é o caminho do Cristão, ainda que, não seja o mesmo, haja vista que as vivências são diferentes, por isso nunca haverá um simples uso de caminho feito por outros. Mas a experiência de Cristo é fonte de entusiasmo e motivação para superar as dificuldades e seguir sempre em frente, em busca da Vida Verdadeira.
Caminhar significa auscultar e seguir os apelos que emergem do coração da própria vida: apelos que conclamam para o eu e apelos que chamam para o outro. Caminhos propostos por grandes mestres são sempre evocadores da dimensão da alteridade, do êxodo, da aventura do encontro com o diferente do eu. Por isso não nos impedem de fazermos nosso caminho, mas con-vocam, pro-vocam, e-vocam. Por mais áspero que se apresenta o caminho, este nos conduzirá à felicidade (“porta estreita” – cf. Mt 7, 13-14).

 Os caminhos do homem espiritual

O homem (varão e mulher) visto do ponto de vista teológico, considera-o para além do substrato biológico, de sua estrutura espiritual e de sua historicidade; parte do seu caráter ontológico: de sua natureza originária (céu) e escatológico do desígnio do Eterno. Ou seja, quem é o homem na perspectiva de Deus? Mediante duas principais fontes: Revelação de Deus nas Escrituras (Tradição) e a Revelação de Deus pela criação e história, se procede a leitura acerca da condição (de existir) do homem: carne e espírito.
 Para as escrituras viver na carne, significa o homem (fraco, limitado, dependente), criatura, porque não é Criador, dimensionado para o mundo mortal. Não se trata de uma parte do homem, mas ele todo inteiro submetido à vulnerabilidade face às intimidações vindas da realidade e, por fim, a própria morte. Todavia, este mesmo homem, não se perde no mundo. Auspicia um desejo infinito dentro dele. Ele pode se identificar com Deus e estabelecer aliança com Ele. A partir de Deus, que é absoluto, relativiza os poderes históricos e religiosos, políticos, que se pretendem colocar-se no lugar de Deus.
Esta experiência, que é universal e que perpassa as Escrituras, é chamada de viver no espírito. Significa o homem todo inteiro que está voltado para sua origem (céu) e é capaz da comunicação que rompe as barreiras do eu. O homem é espírito, porque é filho de Deus. Como carne o homem participa dos demais seres no mundo; é criatura com eles e como eles. Como espírito ele é único: criado à imagem e semelhança de Deus. O mundo é herança para exercer sua liberdade (de filho) e ajudar a espalhar a semente do Reino.
Diante da sua liberdade, o homem é desafiado a fazer uma escolha fundamental: viver segundo a carne, i. é, não vislumbrar a vida para além do nascimento e da morte com ‘valores’ que são corruptíveis, passageiros, debilidade moral, infidelidade a Deus, cujas conseqüências são as mais sórdidas possíveis como os ciúmes, invejas, divisões (Gl 5, 19-21), por isso que nas Escrituras este estilo de vida é sinônimo de pecado; ou segundo o espírito, ou seja, o que são significa dizer que está fora do peso da vida, mas sem reservas esta condição humana, pois seu coração está centrado em Deus, pois vive a partir d’Ele e da sua destinação futura. Viver segundo o espírito é estar voltado para seu Criador, cuja Revelação plena se deu em Jesus Cristo, e estar fraternalmente unidos com os irmãos. Sendo assim, o homem é simultaneamente justo e pecador, pois, na condição presente, carne e espírito se implicam dialeticamente. Nenhuma consegue derrotar totalmente a outra.
A opção pelo espírito, no entanto, é a única capaz de comunicar a vida, haja vista que o sentido da vida é escapar da morte, manter-se no ser. A opção pelo espírito implica ruptura pela carne. Processo doloroso que chamamos de conversão. Viver, no mundo, sem ser do mundo, é convite para superar o projeto segundo a carne, para amar e relacionar-se fraternalmente com o outro.
Quem vive o projeto segundo o espírito, parte de Deus e começa a agir como Ele; vai lentamente vivificando a carne. Não se trata de recalcar ou negar a própria a realidade de criação (decaída), mas acolhimento e superação. A ressurreição é sinal da vida de Deus transfigurando a vida humana. O homem existe por causa de Deus e para Deus, que nos criou para tornarmo-nos divinos. Assim a destinação última do homem não se encerra com a ressurreição, mas com sua assunção.

P.S.

A oportunidade nos é dada! O desafio está lançado! Percorrer o caminho da nossa vida, implicar viver de maneira consciente, que por sua vez exige um processo, que vem com o tempo. Ainda que muitas experiências – sobretudo as vitoriosas – sejam motivações/exemplos de como se deve viver, bem sabemos que existem muitas circunstâncias que fazem parte do caminho. O caminho se faz caminhando, por isso caminhar é preciso, afinal buscamos um sentido para a vida, a realização, a satisfação, a felicidade. 
Aprender a viver segundo o espírito é graça! É fruto de uma escolha, livre, por convicção, ou melhor, por vocação. Escolher a vida é o caminho mais sensato que prolongar a nossa existência, ainda que de um modo bem diferente daquele que conhecemos.  
Um caminho percorrido de maneira intensa (consciente), orientado para nossa Fonte primeira, certamente trará qualidade de vida não somente para o caminheiro, mas para todos quantos se fazem companheiros de caminhada, na peregrinação da vida.

Grande abraço e coragem!
Quem sabe não nos encontraremos pelo Caminho.

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Oração Vocacional Pavoniana

Oração Vocacional Pavoniana
Divino Mestre Jesus, ao anunciar o Reino do Pai escolheste discípulos e missionários dispostos a seguir-te em tudo; quiseste que ficassem contigo numa prolongada vivência do “espírito de família” a fim de prepará-los para serem tuas testemunhas e enviá-los a proclamar o Evangelho. Continua a falar ao coração de muitos e concede a quantos aceitaram teu chamado que, animados pelo teu Espírito, respondam com alegria e ofereçam sem reservas a própria vida em favor das crianças, dos surdos e dos jovens mais necessitados, a exemplo do beato Pe. Pavoni. Isto te pedimos confiantes pela intercessão de Maria Imaculada, Mãe e Rainha da nossa Congregação. Amém!

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