A V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em maio de 2007, em Aparecida, interior de São Paulo, convoca-nos a ouvir os clamores dos nossos povos e a estar a serviço da vida em plenitude para todos, como discípulos e missionários de Jesus Cristo, na Igreja-sacramento do Reino.
Hoje, são muitos os clamores
São clamores que vêm das vítimas de uma globalização sem solidariedade: indígenas e afro-americanos; mulheres excluídas; jovens sem oportunidades de estudo e trabalho; pobres, desempregados, subempregados, migrantes, sem terra, sobreviventes; meninos e meninas prostituídos e objetos do turismo sexual; crianças vítimas do aborto; homens e mulheres que vivem na miséria e passam fome; dependentes de drogas, pessoas com deficiência, com enfremidades graves; protadores do HIV – AIDS; sequestrados e vítimas da violência, do terrorismo, de conflitos armados e da nsegurança urbana; anciãos rejeitados e presos; os chamados sobrantes e descartáveis (cf. DA, 65).
São os clamores de muitos que, apesar do esforço pastoral da Igreja, estão perdendo o sentido transparente de suas vidas, abandonam as práticas religiosas e a Igreja; encontram-se com uma fé fraca, individualista, superficial, infantil, alienada, sem convicção. São apelos de outros que, no processo de amadurecimento da fé, necessitam de formação mais sólida; apelos dos que, buscando viver a fé, têm ânsia de comunidades eclesiais mais vivas, mais adultase de maior apoio nas suas opções em meio aos embates do mundo (cf DA, 33, 391-398).
Ludovico Pavoni: discípulo e missionário no seu tempo
Itália... findar do século XVIII e despontar do século XIX, virada de época marcada por tantas guerras, ideologias, conflitos civis e religiosos... “Calamitosos tempos de revolução”, “crises terríveis”, “tempos traidores” (Cartas de Ludovico Pavoni).
Neste contexto, o jovem Ludovico, de família nobre e conceituada, “por um desígnio do céu” (CP 14), deixa a tranqilidade da casa paterna, a fim de se dedicar completamente ao que intuíra “como uma das urgentes necessidades de seu tempo: a educação da juvetude pobre a quem procurou dar uma resposta adequada, através de um Instituto de educação e instrução profissional” (Bertoldi, 400). Ludovico ouviu o clamor dos pequenos e neles encontrou o próprio Cristo.
Pavonianos a serviço da vida, recomeçando pelos últimos
Ludovico Pavoni orgulhava-se de ter gerado uma “Congregação de pobrezinhos”, “para os filhos do povo simples e pobre que se envergonhavam de comparecer, maltrapilhos e esfarrapados, às devotas reuniões dos jovens ricos”. Queria possibilitar-lhes uma vida digna como cidadãos e como cristãos.
Os Pavonianos, os Filhos de Maria Imaculada, são pavonianos para os jovens, sobretudo os mais pobres, aqueles aos quais ninguém oferece perspectivas de futuro, considerando-os como sua família (cf Documento Capitular, 57). Em todo lugar, e de modo especial em terras latino-americanas e caribenhas, querem recomeçar pelos últimos e partilhar com eles extraordinária realidade restauradora e inclusiva que é o Reino.
Religiosos e Leigos da Família Pavoniana, em sintonia com o Documento de Aparecida, contam com a força do Espírito Santo para continuarem ouvindo os clamores dos nossos povos.
Nas paróquias, nos colégios, nas ecolas profissionalizantes, em mini-projetos, com os surdos, com os dependentes de drogas, querem anunciar Jesus Cristo, mostrando assim que “uma nova spciedade fundada em Cristo é possível” (DA, 224).
Marlene Maria Silva é integrante da equipe responsável pela catequese na Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) e assessora encontros pelo país.
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