terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Comunidade, o estarmos juntos como irmãos




A comunidade - a partir da mais restrita, que prevê uma partilha intensa na vida (que encontramos, por exemplo, na amizade, no casamento) até aquela de dimensão nacional, para chegar à grande comunidade, que une toda a humanidade - é um conjunto de pessoas unidas, não tanto devido à posse de uma propriedade, de um bem, com um algo a mais, mas com um algo a menos, isto é, com uma dívida, que cada um de nós carrega, em relação aos outros. Esta dívida é também um dom, não é uma dívida de algo. É uma dívida que envolve o doar de si mesmo. É um dar uma presença até chegar a dar sua própria vida.

Para entrar na communitas (= comunidade), devo primeiro perceber a minha vida, a minha presença entre outros, como uma dívida e, também, ao mesmo tempo, como um presente. Eu estou na comunidade em função dos outros. Em especial, a minha presença, o estar aí, em concreto, é em função do outro, pelos outros. A pergunta essencial que coloca-se em cima da porta de qualquer comunidade é: Onde está o teu irmão? (Gn 4,9). Isto significa: Você é o segurança, a custódia dos outros, você se torna responsável e, para ter que saber onde o outro se encontra, você tem que dar a ele o teu rosto, a tua presença. É assim que começa o reconhecimento da fraternidade. O outro, que é outro e assim deve permanecer, deve ser reconhecido de fato colocando-me ao seu lado, na frente, tornando-me presente a ele, aceitando de encontrá-lo e torná-lo próximo, vizinho. O próximo é quem eu resolvo encontrar, acolher, e quanto mais me aproximo mais o torno irmão.

Neste doar a minha presença, faz parte de maneira essencial o dar ouvido ao outro. Dar ouvido é mais significativo, mais rico do que simplesmente ouvir. É fazer doação de uma presença ouvinte. Deixo que o outro esteja, permaneça, perto de mim, à minha frente. Deixo que ele/ela fale comigo através de toda a sua pessoa (seu corpo, sua vestimenta, sua linguagem, seu cheiro, o som da sua voz...). Um ulterior aspecto, essencial neste estar presente ao outro, é o dom do tempo. Esperar pelo outro, "sacrificar", "oferecer o sacrifício" do próprio tempo, isto significa, também, fazer o sacrifício da própria vida.

Qual o motivo, o porque, dessa presença, dessa responsabilidade, dessa abertura que ilumina, irradia luz sobre a fraternidade? Simplesmente, porque o outro obriga-nos a cuidar dele por causa de sua presença, do seu rosto que é o nosso rosto marcado pela morte. A responsabilidade para com o outro - Levinas nos ensinou - é a estrutura essencial, primária e o elemento fundamental da subjetividade. Eu sou, enquanto eu sou para os outros e ser e ser para os outros são, na prática, sinônimos, escreveu recentemente Zygmunt Bauman. Eu não existo sem um Tu, um Você. Sou um rosto e tenho um nome. Sou o que o outro vê e chama. O que é mais meu, é dito, revelado, descoberto pelo outro. Portanto, eu preciso do outro para viver, para ser.

É aqui que nasce a communitas: Eu preciso de você.

Quando eu digo que não tenho necessidade, que não preciso do outro, de qualquer outro, eu o mato, mas mato também a comunhão e a comunidade.

Pe. Gabriel Crisciotti, FMI
 Superior Provincial do Brasil

(adaptação de um texto da Comunidade de Base)

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Cristão: um ser responsável pela Comunidade Humana

Quando lemos a Bíblia, notamos que a fé do Povo de Israel está ligada a um Deus que se revela em sua história e caminhada. Um Deus que dialoga com seu povo, que se responsabiliza por ele através das alianças comunitárias.

Com o evento salvífico do Novo Testamento, Deus se revela plenamente em Jesus Cristo como fato histórico universal e decisivo para mostrar a humanidade a importância de se viver o AMOR. Jesus vive essa experiência do Amor com sua comunidade e talvez entre tantos milagres que Jesus fez, deixamos esquecido o milagre que o Homem de Nazaré fez ao reunir pessoas tão diversas em dons e personalidades. Alguns eram pescadores. Outros, artesãos e agricultores. Mateus era publicano, o que o fazia ser desprezado, uma vez que fazia parte daqueles que apoiavam o Império Romano. Simão fazia parte do movimento popular Zelote, um grupo com fama de violentos que almejavam a libertação da Palestina. Alguns tinham sido curados por Jesus. Havia também os mais abastados: Joana e Suzana, Nicodemos, José de Arimatéia e outros.

O objetivo do chamado de Jesus é duplo: “Vem e Segue-me” (Mc 1, 17). A pessoa é chamada, primeiramente, para estar com Ele e formar Comunidade. Depois “Farei de vocês pescadores de homens” (Lc 5, 10). Ou seja, o seguidor de Jesus é convidado a fazer uma experiência comunitária e depois junto com a comunidade desenvolver um projeto comum em função do Reino.

Hoje, depois da célebre publicação de “Modernidade Líquida”, de Zygmunt Bauman, falamos muito das “relações líquidas”, ou seja, sem consistência. Ou talvez poderíamos dar um passo e dizer de relações em estado de “evaporação”, aquelas que se esvaem e se perdem, isoladamente, na atmosfera. Nesse sentido, até mesmo nossa fé corre o risco de ser algo intimista, cuja tentação é tornar Deus nossa imagem e semelhança. Desejamos transcender ao infinitamente Outro que é Deus, sem fazer um movimento de saída de nós mesmos em direção ao Rosto do Outro que convive conosco, pois o Deus que imaginamos estar “Lá”, na verdade está “aqui”, pois se revela também no rosto do outro, que traz em si a história de uma pessoa, de uma família de uma comunidade e de toda humanidade.

Quando falamos de Religião, é importante resgatarmos a etimologia dessa palavra que vem de “RE-LIGARE”, ou seja, é um movimento de “religamento” a Deus que só tem sentido no “religamento” que fazemos primeiro à comunidade. E a partir daí a toda humanidade, com a missão de construir uma comunidade universal de solidariedade e fraternidade.

Assim, o motor das relações humanas é a responsabilidade pelo Outro. Aqui, responsabilidade ao invés de amor, pois este caiu na banalidade do cotidiano, distanciando-se do compromisso com outro. A responsabilidade, por sua vez, nos leva a ter obrigação para com as pessoas, por suas vidas e por seus direitos. Pois obrigação (“OB-LIGATIO”) é o ato de estar ligado ao outro, formando comunidade. Deus nos criou para sermos pessoas de relação, pois é a partir dessa que nos formamos seres humanos.

Contudo, o seguimento de Jesus implica em sermos responsáveis por aqueles que Ele coloca em nosso caminho, como nos ensina o “Bom Samaritano”, aquele que curou as feridas e mostrou que somos responsáveis pelo outro não porque pertencemos ao mesmo povo, crença ou condição social, mas porque o outro é igual e necessário a nós. Ser cristão é ser responsável pela humanidade, contemplando nos rostos “benditos” ou “malditos” a presença incessante do Deus do verdadeiro Amor que deixa suas vestes divinas e esplendorosas para se vestir de carne humana, mostrando a dignidade do ser humano, fazendo comunidade na humanidade.

Ir. Oziel da Rocha, FMI
Comunidade de Belo Horizonte

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Superior geral


Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,


estamos vivendo os dias da novena, que nos preparam para celebrar a solenidade da Imaculada, a nossa especial e principal festa anual. É a festa da Congregação, nascida naquele dia, há 162 anos. É a festa da Família pavoniana, que se encontra reunida para agradecer a Deus e para renovar os próprios compromissos, em nome e sob o olhar de Maria Imaculada. Nós religiosos renovamos a nossa consagração a Deus (com os votos de castidade, pobreza e obediência) e os leigos renovam, como leigos, suas promessas ou sua dedicação ao carisma pavoniano.

Para todos nós, como foi para o nosso Padre Fundador e como ele quer, Maria é mãe e modelo para o nosso caminho de fé, para o nosso serviço apostólico, para a nossa vocação à santidade. Religiosos e leigos, encaminhados juntos na estrada da santidade, temos em Maria, depois de Cristo, o sustento e o exemplo mais alto e, ao mesmo tempo, mais próximo e mais eficaz. Sem esquecer os dons que ela recebeu de Deus, em vista de sua divina maternidade, queremos nos deter, sobretudo, em sua correspondência aos dons de Deus, como nos recorda Santo Agostinho: “Conta mais para Maria ter sido discípula de Cristo, do que ter sido mãe de Cristo”.

Podemos olhar Maria sob diversos ângulos e obter dela força e ensinamento.

“Maria guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2, 19; cf. 2,51)

Partamos desta afirmação do evangelista Lucas para acentuar um primeiro aspecto da exemplaridade de Maria: a sua atitude de escuta, de leitura, na fé, dos acontecimentos que se referiam a ela. Maria é modelo de escuta. Na sua vida, Maria dá todo o tempo necessário à escuta e à meditação da palavra de Deus. Uma escuta animada pela oração e que alimenta a sua oração. E à luz da palavra de Deus, meditada e interiorizada, ela interpreta os acontecimentos da vida e cresce na fé em Deus. “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” exclama Izabel a respeito dela.

Olhando Maria, podemos nos perguntar quanto tempo sabemos dedicar à escuta e à meditação da palavra de Deus, seja em nível pessoal, seja em nível comunitário. Trata-se de realizar a recomendação do nosso Padre Fundador sobre a estima e o lugar a ser dado à meditação ou “oração mental” (cf. CP 86 e 88 e RV 169).

Podemos nos interrogar, de modo particular, sobre a qualidade da nossa escuta da palavra de Deus: é uma escuta orante, que chega ao nosso coração, incide sobre nossa vida, alimenta a nossa fé? É uma escuta que sabemos partilhar com os irmãos e com os leigos da Família pavoniana, para se tornar realmente uma comunidade unida no nome do Senhor e sob o olhar de Maria?

É a proposta de um caminho que torna autêntica e atual a nossa vocação e a nossa comunidade.

“Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38)

A resposta de Maria, no episódio da anunciação, manifesta a sua plena disponibilidade ao projeto e à vontade de Deus. Maria compreende que o sentido e a realização da sua vida estão no aderir ao plano de Deus. A sua fé, alimentada pela interiorização da palavra de Deus, a fez compreender esta verdade e a levou a desejá-la e acolhê-la com amor. As palavras de Jesus: “Felizes, sobretudo, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28) podem se referir, especialmente, à sua mãe, a Maria. Ela não somente escutou, mas soube observar e praticar a palavra, a vontade de Deus na sua vida.

A busca e a realização da vontade de Deus devem ser, também para nós, como cristãos e como consagrados, o sentido e a prioridade da nossa vida. Da opção vocacional e da opção fundamental devem decorrer escolhas concretas e coerentes na vida cotidiana.

A disponibilidade caracteriza o carisma pavoniano. O fazer-se “tudo para todos” paulino (1 Cor 9, 22) foi o programa de padre Pavoni, que ele repropõe a nós. A realização da vontade de Deus se expressa para nós na obediência, na disponibilidade a toda necessidade ou pedido razoável, na busca comum e partilhada para realizar o nosso carisma segundo as exigências dos tempos e dos lugares (cf. RV 39). Também sobre tudo isto somos chamados a nos interrogar e a nos confrontar.

“Olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 48)

Assim afirma Maria, enquanto exalta o Senhor pelo quanto realizou nela. Maria reconhece as grandes coisas que Deus operou nela, mas não se orgulha. Antes, considera ter sido objeto da misericórdia de Deus, justamente porque, com humildade, se tornou totalmente disponível à sua ação. Se “todas as gerações” a “chamarão de bendita” é porque Deus dispersa “os soberbos” e eleva “os humildes” (Lc 1, 48.51.52).

Estes mesmos sentimentos estavam presentes também na vida de padre Pavoni, que nos propõe a humildade como a primeira das virtudes características dos “filhos desta Congregação” (CP 24). Podemos considerar endereçadas a cada um de nós as palavras que ele dirigiu a Domingos Guccini: “Deve lembrar a afirmação de são Paulo: ‘O que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo o que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido? (1 Cor 4, 7)’” (Cartas a Guccini, 27).

“Maria se levantou e partiu apressadamente” (Lc 1, 39)

Percebemos, nestas palavras e no gesto de Maria de visitar Izabel, um sinal da sua caridade atuante. Maria levou para Izabel o seu serviço e o Senhor. Com o seu serviço levou o Senhor que trazia no seio. Ninguém lhe havia pedido. Foi uma iniciativa sua visitar Izabel, para lhe prestar sua ajuda e para estar junto dela, fazendo-lhe companhia. A caridade de Maria foi ativa e criativa. Tomou a iniciativa, desacomodou-se e o fez sem titubear, sem perder tempo. Não se deixou intimidar ou deter ao longo do caminho que devia enfrentar. O amor verdadeiro e autêntico supera toda barreira, enfrenta toda dificuldade, encontra todo meio para prestar socorro a quem se encontra em necessidade.

Uma caridade operosa e criativa caracterizou também as escolhas do Padre Fundador. Nas suas pegadas, nós, como comunidade unida com os leigos para a missão,somos chamados a fazer o mesmo. Recebemos a herança de um carisma significativo que, no decorrer do tempo, fielmente conservamos e oportunamente atualizamos. Não podemos nos deter nesta tarefa. Fidelidade e atualização devem continuamente nos interpelar. Não podemos permanecer sentados e perder tempo precioso, se estamos verdadeiramente animados pela paixão educativa.

O processo de transformação em que se encontra a juventude e as exigências dos tempos exigem que estejamos à altura do quanto o Espírito sugeriu ao Pe. Fundador e iniciou com ele. O Documento capitular, à luz da Regra de Vida e do tempo em que vivemos, pede reflexão, diálogo e ação. Assim, também, imitemos Maria, nas pegadas do Pe. Pavoni.

A solenidade da Imaculada.

Prepararmo-nos para celebrar a solenidade da Imaculada significa para nós olhar Maria, procurar imitá-la nos seus sentimentos e nas suas virtudes, como padre Pavoni nos convida a fazer (cf. CP 101) e invocar a sua proteção materna. Invocá-la sobre cada um de nós, sobre nossas comunidades, sobre a Congregação, sobre toda a Família pavoniana.

Maria nos ajude a caminhar rumo à santidade, ou seja, na fidelidade à nossa vocação. Obtenha de Deus para a Congregação o dom de novas vocações. Proteja em particular os jovens religiosos que, no dia 8 de dezembro, na Itália, no Brasil e na Eritréia, renovarão sua profissão anual. Esteja próxima do noviço Antônio Carlos Pontes de Aguiar que, domingo, dia 13 de dezembro, em São Leopoldo, emitirá a primeira profissão e dos quatro jovens brasileiros (Alex Flávio, Emmanuel, Fabrício e Michael Cristian) que, na véspera, sempre em São Leopoldo, iniciarão o ano de noviciado.

E acompanhe todos nós, nestes dias de Advento, para prepararmos o Natal do Senhor com empenho, com esperança e com alegre expectativa.

Saúdo a todos, antecipando de coração, os meus votos de Natal.

pe. Lorenzo Agosti, FMI
Tradate, 30 de novembro de 2009, festa di Santo André, apóstolo.



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Divina Providência e Ludovico Pavoni


Dever-se-ia dizer que toda a vida e a obra de Ludovico Pavoni são ritmadas ao passo da Providência; tudo é lido e interpretado à luz desta Presença; assim sugere, freqüente e claramente, o co- protagonista desta história de fé e caridade.

Nos raros documentos remanescentes, a primeira vez que se vê a pena do Pavoni esboçar “Deus bom, Deus Providente, Deus Pai...” conduz-nos a 8 de fevereiro de 1817, quando secretário do Bispo, transcreve para impressão uma homilia para a Quaresma do Mons. Nava. O Pastor procurava dar aos seus sacerdotes e fiéis uma leitura de fé para a terrível carestia de 1816 que havia ferido a população, apenas saída das contínuas guerras napoleônicas.

Quais circunstâncias familiares maturaram em Ludovico Pavoni a convicção que Deus é Providência? Não sabemos. Conhecemos ao menos como a Paróquia na qual era inserida a Família Pavoni, o de São Lourenço, onde viviam, com o venerável Pe. Gianpietro Dolfin, a extraordinária aventura da reconstrução de sua Igreja, com a “aparição” de Nossa Senhora da Providência. A “Divina Providência” é uma expressão que continuamente aparece na minuciosa crônica dos acontecimentos deste zeloso pároco. “Quem pois não vê um evidente milagre da Providência nessa grande obra. Muito mais se acrescenta outras circunstâncias ocorridas, e especialmente as contradições tidas no princípio desta construção. Um grão de fé pequenino, que Deus esconde dentro da terra do meu coração, regado das suas ajudas, produziu uma grande planta. E uma vez que esta obra na ordem das graças gratuitamente dadas, que pertencem a honra de Deus e o bem da sua Igreja espiritual, assim o Senhor com um duplo milagre concedeu e conservou tal fé em um sacerdote, entre todos o mais pecador e o mais indigno, a fim de que melhor se veja que Ele e não o homem foi o operador do milagre”.

Um grão de fé é suficiente! Daquele grão de fé Ludovico Pavoni alimentou-se desde adolescente na Igreja de São Lourenço, onde “amava entreter-se em frente à imagem de N. Sra. da Providência”.

A convicção de que Deus intervém preventivamente e misteriosamente nos acontecimentos, acompanham a liberdade humana e coloca, no final, o seu inconfundível sigilo, ressurge freqüente no coração dos homens, sobretudo daqueles marcados pelo sofrimento.

É a fé cristã, que seu pai Alessandro deixou como herança aos seus dois filhos homens, juntamente com a caridade aos pobres, que funda nele a convicção que existe a Providência, a Providência Divina.

No dom da fé, na mensagem da Bíblia, mesmo se não existe o termo específico “Divina Providência”, permanece de qualquer maneira esta verdade: Deus cuida de suas criaturas. Uma verdade tal aprendida por Israel no caminhar de sua história: a história de Abraão e de Israel é a história do “Deus- Providente”.

A revelação bíblica afirma que Deus dá o dom da fé para fazer discernir os traços da sua intervenção nos acontecimentos da humanidade e de cada homem em particular.

Poder-se-ia dizer que a fé e a intervenção divina formam um círculo virtuoso para o qual a primeira dá os olhos para ver a segunda e esta, por sua vez, conforta, reforça e torna de vez plausível o risco da primeira.

Os santos, os humildes, sabem que Deus na história humana não deixa de semear os sinais suplicantes de sua providência; ele prova os seus servos escondendo-se nas dificuldades e confortando-os abundantemente na consolação.

O nosso Beato Fundador faz parte do consistente grupo de homens e mulheres de fé e caridade que na Igreja italiana de 1800 viveram a experiência de Deus como Providência; e esta forte convicção deixou uma herança àqueles que viveram com eles de perto, e que retransmitiram a nós, embasado sobre o testemunho destes primeiros aos quais se juntaram o seu próprio.

A segunda vez que aparece o termo “Providência” nos “escritos” do Pavoni, ou a ele atribuídos ou nele inspirados, está no Prefácio ao Regulamento do Oratório, em 1818: “A Providência reserva aos nossos netos a sorte de gostar os copiosos frutos que uma vigorosa árvore promete”.

Mas desde então, deste 1818, nos seus escritos, é um contínuo crescente de referências a este protagonista: a Providência.

Permanece gravada na lembrança de tantos e talvez de toda uma cidade e além dela, esta sua indestrutível fidelidade à Providência. Isto nos demonstram as declarações dos testemunhos no processo de Beatificação, com suas anedotas, quase como os “Fioretti Pavonianos”.

Em fim, se apresentam dois textos oficiais, nos quais estão expressos a sua espiritualidade e o seu carisma fundante: O regulamento do Instituto de 1831 e as Constituições de 1847.

No primeiro escrito depois de haver passado o deserto da incompreensão e do perigo de total falimento “devido às limitadas finanças sobre as quais talvez precariamente se apresenta à humana prudência este dispendioso Instituto”, ele recomenda, porém, aos seus filhos a abandonar tais pensamentos que seriam uma ofensa à Divina Providencia, à qual devem repousar somente com segurança as nossas esperanças.

Nas segundas ele inicia solenemente com “A divina Providência que vela sobre necessidades da pobre humanidade...” proclamando a Fonte inexaurível desta história de caridade, fonte que será citada outras cinco vezes.

Concluímos ainda com o testemunho em primeira mão, de pe. Baldini: O Pavoni “tinha pois também aquele modo de entrever as coisas muito antes, cuidando no final mais dos meios, pois o santo homem confiava sempre na Divina Providência certo de que sua obra agradava sumamente ao Senhor, e que o Senhor havia de ajudar. Este seu modo de entrever vem descrita na história de todos os Fundadores de Institutos de caridade, máxima nos santos, que não foram jamais mesquinhos ou mesquinhos, mas tão generosos e esplendidos quanto cheios da fidelidade a Deus. E a fidelidade do Pavoni era própria de um Santo.”

Escrito por:
Pe. Roberto Cantù, comuniade de Tradate, Itália
Adaptação e Tradução:
Ir. José Roberto de O. Filho, comunidade de Brasília

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cúria Provincial: Festa da Imaculada


Prezados Irmãos e Irmãs, religiosos e leigos da Família Pavoniana,

Chegamos perto da Festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Renovaremos os nossos votos e promessas. Renovaremos a vontade de viver e de crescer juntos. O que significa isto? É como se, para a ocasião, tirássemos a limpo, o nosso vestido para a festa.

Festa de aniversário? Em parte sim. Lembrar os anos desde quando fomos convidados a participar desta aventura. Fomos seduzidos? Valeu a pena? Como percebemos e como estamos vivendo tudo isto? É, de verdade, um valor: Ele confiar em nós, nós sermos amados, acolhidos? Achamos que nos tornamos confiáveis e assumimos responsabilidades diante d’Ele e dos irmãos?

Mas isto é o bastante? Entendemos, no entanto, que será somente em base, ao como respondemos, e ao como nos envolvemos no Projeto d’Ele que a nossa felicidade adquire sentido. Festa da Imaculada como momento de reflexão.

Lembro, quando criança, outra festa, a Páscoa, no interior da minha terra, quando as mulheres limpavam todos os utensílios da cozinha, renovavam tudo, arrumavam o único armário que tinham, para começar vida nova, dando sentido à Ressurreição do Cristo no cotidiano.

Não sei se tivemos a alegria de fazer esta experiência ao preparar uma festa, de um despertar quase violento, de um assumir as coisas quase depressa, de ajeitar o vestido, com a vontade íntima de se confrontar, de querer participar juntos, de estar presente como pessoa viva, propositiva. Não ser apenas um coadjuvante. A Festa é minha e nossa. Tem sentido para mim e para aqueles com quem partilho a minha emoção e o meu sonho.

Mas esta é uma festa somente de uma etapa alcançada. É um caminho que se abre, de um êxodo onde a Terra Prometida está além do horizonte. O processo do êxodo é proposta de vida! Os votos, a comunidade são ferramentas escolhidas para ser fermento entre os irmãos desta caminhada, em uma dinâmica de contínuas transformações para o encontro definitivo com Alguém que ama a todos. Bem sei que o amor só pode ser eterno, se for renovado no cotidiano da vida. O amor de ontem não serve para hoje. O amor de hoje, não servirá para ser vivido amanhã. Por isso existe a festa.

Terminei de ler Cartas entre amigos de Fábio de Melo e de Gabriel Chalita, sobre medos contemporâneos. A festa alivia-nos dos medos que sentimos. Eles também fazem parte da nossa caminhada pessoal e de grupo. Os projetos sonhados, as lutas estabelecidas, a dinâmica dos acontecimentos, tudo deve ser interpretado à luz de algo que fomos chamados a construir e que não é nosso como proposta, - projeto ditado pelo céu -. Envolvemos-nos nele com alegria e confiança. Pede-nos empenho, coragem e, às vezes, sofrimento. Conhecemos os desafios que nos acompanham. A realidade está diante dos olhos. Seríamos simplórios demais, - espero que ninguém seja covarde -, para não enxergar. Será somente a comunhão, o diálogo, a confiança mútua, o tomar as iniciativas para superar as barreiras da incompreensão, da aspereza do caráter de cada um, que nos permitirá atravessar o mar e o deserto. Em cada um de nós força e fragilidade abraçam-se. Só quem ama é capaz de reconciliar fragilidade e força.

O fato de celebrar a renovação dos votos, do compromisso da vida comunitária e das promessas no dia de Nossa Senhora revela que não estamos sozinhos. É esta, também, a razão da nossa esperança. As esperanças que nutrimos nos socorrem dos medos que sentimos. Agora amamos na esperança. Cada um de nós, ao seu modo, espera ou desiste. Se espera, ele se torna capaz de construir um mundo de acordo com o Projeto que Jesus apresentou e no qual nos convidou a participar. Se desiste, pouco mudará n’ele e no mundo.

O significado deste momento se revelará no nosso ser criativos em percorrer propostas novas todos juntos, animando os que se atardam à beira do caminho. Não sejamos arrastados pelo grupo.

Neste ano na festa receberemos a tradução da Regra de Vida atualizada. Uma ocasião a mais para aprofundar nossa proposta de vida

Cristo é o caminho que leva ao Pai, por sua vida e sua mensagem de verdade. Acima de tudo, pela sua própria presença em nós, através da graça do seu Espírito. Neste caminhar não estamos sozinhos. Convocados pelo batismo, para edificarmos o Reino, vivemos nossa experiência de fé em comunhão de amor e de esperança junto com outros irmãos que, conosco, constituem a própria Igreja.

Dessa forma, um homem de Deus – o Pe. Ludovico Pavoni – reviveu, com estilo original, o Evangelho e o amor do Senhor para com as crianças, adolescentes e jovens, dando origem a uma família religiosa de homens consagrados a Deus, para o serviço da humanidade.

A nós que, respondendo ao chamado de Deus, desejamos trilhar o mesmo caminho, esta Regra é confiada como projeto de vida e guia seguro para que possamos, em cordial comunhão com os outros,

percorrer, com alegria, o caminho rumo ao Pai. Os da Família Pavoniana que irão renovar suas promessas participam diretamente no mesmo projeto. Tornam-se discípulos e missionários antes de tudo, dentro da mesma comunidade, rumo para águas mais profundas. Guardemos sempre na nossa mente e no nosso coração: a minha norma de vida é Jesus Cristo, a Vida!

As palavras que pronunciaremos, a participação à celebração sejam verdade, primeiro, para cada um de nós. O movimento de mudança começa em nós. Acreditamos nisso quando falamos de pobreza, castidade, obediência, de comunhão e de pertença. Ao transformar a realidade que me envolve, de alguma maneira estou-me transformando. Os que estão ao meu lado, também serão afetados pela minha transformação. Serei sempre eu que assumo em primeira pessoa, à procura do Cristo, do seu rosto no Outro. Descobrirei que antes que eu o procurasse Ele já estava ao meu encalço.

Isto vai depender do acolher o dom que Deus nos proporciona: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. A vida de Maria revela-nos que nem tudo é fácil. Não foi uma única vez que ela não entendeu, conservando a lembrança do que estava acontecendo no seu coração. O amor a tudo sobreviveu. O tempo do cultivo qualifica a realização, mesmo se passe através da Paixão para alcançar a Ressurreição. Tudo é graça! Queira Deus, que sejam estes também os doces vínculos que façam de nós um só coração. Juntos com Maria e o Bem-aventurado Ludovico Pavoni, em santa harmonia sustentaremos o difícil compromisso, na edificação das nossas esperanças em relação à nossa pequena comunidade e aos irmãos que a Providência vai colocar no nosso caminho!

Aproveito para convidar a todos a uma releitura das cartas mensais do pe. Superior Geral sobre o tema da Comunidade unida. Enviarei novamente alguns textos que nos ajudem a entender o sentido profundo do nosso estar juntos como pessoas, como cristãos e como religiosos. Os votos, as promessas brotam da vivência desta experiência de vida. São expressões de uma paixão como resposta a Alguém que me chama, rompe minha surdez, brilha, resplandece e afugenta minha cegueira! Anelo agora por Ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz!



Belo Horizonte, 18 de novembro de 2009.



Pe. Gabriel Crisciotti



Superior Provincial

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A porta da Beleza e a Estética Teológica


Hans Urs von Balthasar dá tanta importância à Beleza que dedica grande parte de suas obras (sete volumes) a tratar deste assunto. Aqui procuraremos mostrar os pontos principais ressaltados por Balthasar, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho a respeito da beleza apresentados nos capítulos segundo e quinto do Livro “A porta da Beleza” do pensador Bruno Forte. As reflexões partirão de perguntas como: O que é a Beleza? Como encontrá-la? Qual seu fundamento? Qual sua relação com o Uno e com a Verdade?
Ao analisá-las nos teremos como pressuposto fundamental a Beleza enquanto expressão pelan manifestado no  evento da Encarnação do Verbo.

O tema da beleza foi discutido desde os primeiros séculos da Igreja. Santo Agostinho, ao se tratar de uma Beleza interna (relativo àquilo que é próprio da alma) e externa (relativo àquilo que é próprio dos sentidos), podemos nos remeter à sua metafísica da interioridade: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora. Como um animal buscava as coisas belas que tu criaste. Mantinham-me atado, longe de ti, essas coisas que, se não fossem sustentadas por ti, deixariam de ser. Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu Espírito e aspirei o seu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz” . Diante da busca pela Verdade (Belo) o homem faz um exercício que exige disciplina e discernimento de um retorno-reflexão para dentro de si mesmo, pois é ali que Deus habita e não ‘fora’.

Somos todos atraídos pelo Belo. A harmonia que emana dele harmoniza a multiplicidade com o uno. A beleza é o lugar da reunião do múltiplo no todo. Por isso dizemos que quanto mais próximo do UNO mais o MÚLTIPLO fica belo. A partir disso olhamos o Todo a partir de Cristo, “o mais belo entre os filhos dos homens” (Sl 44, 3), com sua kenosis, na Encarnação – manifestação visível da Beleza (Doxologia = Glorificação) do Pai para todos aqueles que tiveram a graça de ver e ouvir suas palavras libertadoras – desse modo é que podemos falar de uma beleza kenótica em Santo Tomás.

Para compreendermos bem o pensamento deste autor precisamos ter em mente que ele não toma como referência qualquer coisa na realidade ou parte da percepção subjetiva de cada pessoa, mas propõe uma reflexão que parta de Cristo, pois segundo ele é na Encarnação que temos a Plenitude da Revelação e a manifestação da Beleza por excelência.

O Filho de Deus é reconhecido como o Belo por manifestar os três requisitos da beleza segundo Santo Tomás. Primeiramente a integridade, ou seja, a beleza é a forma do Todo – mostra a integridade das partes. As partes sempre devem fazer menção ao Todo, todavia o Todo não pode ser a soma das partes, pois se assim o fosse teríamos um panteísmo, haja vista que “Deus transcende a toda criatura e está presente nela. Ele é infinitamente maior do que todas as suas obras: sua majestade é mais alta do que os céus (Sl 8,2), é incalculável a sua grandeza (Sl 145,3)” . O Verbo possui uma natureza comum às pessoas da Trindade. Outro ponto é a proporção, isto é, o todo está presente nas partes, sem deixar de ter relação com o Todo. O Filho é o ícone do Pai – o Todo de Deus está no Filho. Por fim temos o esplendor que quer dizer a comunicação da totalidade. O esplendor se auto-comunica. Cristo é o reflexo do Pai.

Tomás de Aquino coloca o Belo na sua dialética entre a forma e o esplendor. A forma, influenciada pelos gregos tem um caráter de semelhança do fragmento com o Todo. Isto manifesta um caráter objetivo da beleza. O esplendor é esta participação na manifestação da beleza. Estas duas realidades apresentadas devem agir sempre juntas, caso contrário, caímos num puro materialismo ou transcendentalismo. Para não correr o risco dos extremos o Aquinate apresenta a analogia. Da Beleza revelada podemos participar gradualmente. Porém, permanece uma distância que é indizível.

Balthasar trata da Beleza num âmbito cristocêntrico. Ela é vista como o Todo no fragmento. Melhor dizendo, o Todo de Deus manifestado em Cristo. A beleza é a única forma de recuperarmos a Verdade e o Bem, pois, a ela dá autoridade e atratividade. A estética é um evento para glorificação do Deus que se auto-comunica.

É a partir da afirmação de que o belo é a forma do esplendor, o Teólogo suíço tratará a dialética do belo. Possui duas características: a) objetividade (forma) – está relacionado à Revelação = Encarnação, isto é, a atividade é do ‘objeto’ [Deus]. A iniciativa é de Deus, Ele se mostra a nós; b) subjetividade (esplendor) – contemplação, em outras palavras, trata-se de uma passividade do sujeito [Homem], pois diante da Beleza de Deus ficamos na percepção, no ‘deixar-nos encher de sua glória e esplendor’, não estamos para entender, mas para acolher simplesmente. A atitude do homem é de admiração, espanto (surpresa), encanto. Ele se Revela, nós contemplamos.

Assim vemos que a Estética Teológica de Balthasar aborda o tema da Beleza a partir do método e conteúdo da teologia. Dessa forma, contrapõe a Teologia da Estética que subordina o dado teológico ao método puramente filosófico.

A chave interpretativa do momento estético não é aqui apenas o abismo que atrai a indescritível ulterioridade ou transcendência misteriosa e escondida que chama, mas um momento de alteridade da beleza que se manifesta aos olhos do homem. Aqui a beleza vem se expressar num fragmento: aqui ela se esconde sub contraria specie no rosto Daquele perante o qual nós cobrimos o resto, e que, no entanto, como já foi dito, é o rosto do mais belo dos filhos dos homens. Esta é a via da meditação sobre a beleza construída a partir da contemplação do Filho de Deus, revelado e escondido na carne.

Com relação à beleza, um pensador que contradiz o pensamento de von Balthasar é David Hume, um dos mais famosos empiristas ingleses. Em sua filosofia Hume coloca como crivo para a verdade e para a importância de uma ideia as sensações, isto é, quanto mais sensível mais verdadeiro. Sua moral também gira em torno das sensações empíricas, assim o que atrai o homem é o que sensivelmente lhe causa gozo. O belo para Hume seria apenas o que apetece sensivelmente ao ser humano. Esta teoria fecha todas as portas para a transcendência tão citada em Balthasar.

Por fim podemos concluir juntamente com o pensamento de Balthasar é que a Beleza é o esplendor da forma e sua perfeição se dá no evento da encarnação do Verbo, onde o Todo se manifesta no fragmento. Encher-se da Glória e Beleza de Deus é mais um desafio para aqueles que desejam ser cristãos. “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza (Sb 2, 23)”, isto é, ser cristão é também resplandecer (ser reflexo) a Glória de Deus (seus atributos), essencialmente manifestando o amor entre nós: pois só seremos reconhecidos como sendo verdadeiros discípulos de Jesus, se amarmo-nos uns aos outros, como Ele nos amou (Jo 13, 34-36).

Ir. Thiago Cristino, FMI - Pavonianos
Estudante do Curso de Teologia
- Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília -

domingo, 1 de novembro de 2009

Superior geral

Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,


o mês de novembro caracteriza-se, no seu início, pela Solenidade de Todos os Santos e pela Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos e, no seu final, em particular para nós pavonianos, pela novena da Imaculada. Nesta perspectiva, (entre os santos e Maria) podemos aprofundar algum aspecto que ilumina e dá um significado a mais ao tema do novo ano que marca o caminho da Congregação: comunidade unida com os leigos.

Por que somos comunidade? Por que estamos unidos entre nós religiosos e abertos à partilha com os leigos? Para corresponder a um projeto de Deus, iniciado com o nosso Padre Fundador, dentro do mistério do Reino de Deus e da história da Igreja.

Lemos na nossa Regra de Vida, no início do capítulo sobre a vida de comunhão: “Aprouve a Deus santificar e salvar os homens não individualmente e sem nenhum vínculo entre eles, mas reunindo-os em um povo: a sua Igreja” (112). E mais adiante: “É a comunidade religiosa que tem o papel de tornar visível e de testemunhar o mistério da Igreja enquanto comunhão” (114).

Comunhão e santidade – Nenhum cristão é uma ilha.

A nossa vida de fé tem uma necessária dimensão comunitária. Se “nenhum homem é uma ilha”, como é o título de um famoso livro do monge Thomas Merton, que tomou a expressão do poeta John Donne, tanto menos o é um cristão e, menos ainda, o é um religioso.

Certamente a fé tem, antes de tudo, uma dimensão pessoal. Cada um de nós é querido, amado, “santificado e salvo” pessoalmente pelo Senhor, mas não sem um estreito vínculo com todo o povo de Deus, com a Igreja, na qual recebemos o batismo. E por Igreja entendemos seja a comunidade dos crentes em Cristo que caminha no tempo seja a comunidade daqueles que já experimentam em Deus a dimensão da eternidade. É o mistério da Comunhão dos Santos.

Comunhão e santidade. Santidade e comunhão. É um binômio que pode descrever a essência da vida cristã.

“Deus quer santificar…” foi escrito. É Deus que torna o homem santo. E a santidade é a vocação de cada batizado. Recordemos o capítulo quinto da Constituição dogmática sobre a Igreja (Lumen gentium) do Concílio Vaticano II, intitulado: a vocação universal à santidade, na Igreja.

Depois do Concílio, esta afirmação foi muito acentuada por que, mesmo se não fosse em absoluto uma novidade, representava, de fato, uma re-descoberta muito estimulante. Hoje, tenho a impressão de que se fala menos sobre ela. Por quê? Porque se trata de uma verdade dada por certa, conquistada, ou talvez por que se trata de uma verdade novamente esquecida? Pode ser que o termo santidade não agrade, porque corre o risco de ser mal interpretado no seu significado mais pleno e mais forte, podendo aludir a alguma coisa separada da realidade, longe da experiência cotidiana. É bom então recuperar o seu pleno valor, tirando-o da palavra de Deus e do ensinamento do Concílio Vaticano II.

«Todos na Igreja… são chamados à santidade, segundo as palavras do Apóstolo: “De fato, esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4, 3; cf. Ef 1,4)» (LG 39a). “Todos os fiéis, de qualquer estado ou grau, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade: na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano” (LG 40b). “Nos vários gêneros e ocupações da vida, é sempre a mesma santidade que é cultivada pelos que são conduzidos pelo Espírito de Deus e, obedientes à voz do Pai, adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem Cristo pobre, humilde e, levando a cruz, a fim de merecerem ser participantes da sua glória. Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem hesitação pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e que opera pela caridade” (LG 41a). “Todos os fiéis são convidados a buscar a santidade e a perfeição do próprio estado” (LG 42e).

Ser santos é ser cristãos, verdadeiros discípulos de Cristo. Ser cristãos é ser santos. O santo é um verdadeiro cristão, um cristão autêntico. Um cristão verdadeiro e autêntico é um santo. E ser cristãos autênticos, ser santos consiste em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor dele. “O verdadeiro discípulo de Cristo é marcado pela caridade seja para com Deus seja para com o próximo” (LG 42a). Se a santidade é a plenitude da caridade, compreendemos perfeitamente como ela deve ser sempre atual e representar o coração e o fim da vida cristã; e a vida cristã é um caminho de contínua conversão e de tensão para a santidade. Para que seja possível este caminho, o Concílio nos recorda também os meios necessários para percorrê-lo: “Para que a caridade, como boa semente, cresça e frutifique, cada fiel deve escutar de boa vontade a palavra de Deus e, com a ajuda da sua graça, realizar a sua vontade com obras, participar frequentemente dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia, e das ações litúrgicas; aplicar-se constantemente à oração e à abnegação de si mesmo, ao serviço ativo aos irmãos e ao exercício de todas as virtudes” (LG 42a).

Santidade e comunhão– “Uma santa conspiração”

O caminho de cada cristão para a santidade é percorrido junto com os irmãos na fé. A comunidade religiosa é um sinal particular do mistério da Igreja como comunhão e da vocação de todos os batizados à santidade. Afirma sempre o Concilio Vaticano II: “Esta santidade da Igreja…, em um modo todo seu, se manifesta na prática dos conselhos, que se costuma chamar evangélicos” (LG 39a), isto é, na vida consagrada.

Na nossa Regra de Vida, pelo menos em duas passagens, cita-se o termo santidade. No início, no parágrafo sobre a natureza e a missão da Congregação: “Seguindo Cristo nesta vida religiosa, estamos certos de realizar em nós os dons e as obrigações da consagração batismal com uma plenitude que é para nós o caminho para a santidade” (12). E no capítulo sobre a obediência: “O serviço de unidade e a fidelidade obediente são a garantia de coesão e de continuidade para a Congregação, em uma santa conspiração e comum vigilância, que é caminho de santidade e fonte de energia para o trabalho apostólico” (101).

Nesta segunda passagem, podemos perceber como a vocação à santidade é uma realidade partilhada e para ser partilhada. É um testemunho comum de santidade que a comunidade deve oferecer, com a contribuição de todos. Citando o Padre Fundador, fala-se de “santa conspiração e comum vigilância, que é caminho de santidade”. É uma comunidade toda fervorosa no bem, que o Padre Fundador sonha e que a Regra de Vida descreve. Nos ajudamos reciprocamente a viver como religiosos e, portanto, a buscar a santidade. E sentimos também o sustento que vem dos nossos irmãos que já estão no céu: “Como membros da Igreja peregrina nos sentimos em comunhão com os irmãos do Reino celeste e necessitados da ajuda deles” (RV 19).

Os leigos que se aproximam de nós, desejosos de partilhar o nosso carisma, são, por sua vez, estimulados a se sentirem em comunhão conosco e com a Igreja e a buscarem a santidade, segundo a sua vocação. Este é um passo essencial para construir e consolidar a Família pavoniana.

Recordemos o quanto afirmava Henri Bergson: “Entre os homens, os maiores são os santos”; e a eficaz expressão de Léon Bloy: “Só há uma tristeza: a de não sermos santos”.

Celebrar os santos e honrar N. Senhora nos leva à raiz da nossa vocação de cristãos e de pavonianos – religiosos e leigos –: ser homens de Deus, especialistas em comunhão, pessoas de coração inflamado pela paixão educativa (cf. Doc. cap. 1).

Rumo à novena da Imaculada

Neste mês poderemos concretizar o que nos indica a Regra de Vida: “Cada comunidade… todo ano, fará memória, numa solene celebração, de todos os irmãos, os parentes e os benfeitores defuntos” (390).

Nos próximos dias visitarei as comunidades do México e, de 25 a 27 de novembro, participarei, em Roma, da assembleia semestral dos superiores gerais, com o tema: “Justiça e culturas: rumos futuros para a vida consagrada”.

Preparemos bem a novena da Imaculada, a fim de que sejam dias intensos para a comunidade religiosa, para os leigos e colaboradores e para todos nossos jovens e nossos fiéis. Recordaremos, em particular, naqueles dias, os aspirantes, os noviços e os jovens religiosos, que se prepararão para renovar seus votos. Entre eles teremos presentes os seis jovens eritreus que, no dia 7 de outubro passado, iniciaram o noviciado: Million, Yacob, Hagos, Mahari, Weldeab, Michaele.

Confiaremos a Maria Imaculada os nossos irmãos enfermos, suplicando para eles a intercessão do Padre Fundador. Dá-se, neste período, o centenário do milagre de Soncino, que permitiu a beatificação de Pe. Pavoni. Tal circunstância torna-se estímulo para intensificarmos nossa oração e nos interessarmos concretamente para obter a sua canonização.

Maria Imaculada, que invocaremos, no dia 14, sábado, como Mãe da Divina Providência, acompanhe os nossos passos no caminho da santidade, para que o projeto de Deus se realize sobre cada um de nós e sobre a Congregação.

Saúdo a todos e lhes desejo todo bem.

pe. Lorenzo Agosti, FMI



Tradate, 30 de outubro de 2009.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Mais um intercessor junto ao FILHO, no céu!

Padre Remo Borzaga nasceu na Itália em Cavareno, na Província de Trento, ao norte da Itália, aos 20 de dezembro de 1925. Em 08 de dezembro de 1944 emitiu os votos religiosos. Foi ordenado sacerdote aos 19 de maio de 1951, depois de ter cursado a Teologia no Seminário Arquidiocesano de Milão, em Venegono Inferiore. Assumiu, a seguir, vários encargos em Pádua, como Diretor de um Orfanato e em Trento, como Vice-diretor da grande Escola Profissional, o Instituto Artigianelli.
Quatro anos depois, em agosto de 1955, os Superiores o destinaram ao Brasil e, mais precisamente, para Pouso Alegre - MG, sendo designado Diretor da Escola Profissional “Delfim Moreira”. Logo depois em 1956 passou a trabalhar no Seminário Pavoniano de Rio Bananal –ES- e em 1957 o encontramos como Diretor Espiritual e professor do então Seminário Pavoniano de Elói Mendes –MG. Em 1970 regressou à Itália, por motivo de saúde. Mas já em 1972, voltando ao Brasil, foi nomeado Superior da Comunidade Pavoniana de Pouso Alegre, onde ficou até 1978. Em 1979, novamente, passou a morar na Itália, primeiro em Bréscia e depois em Trento. Em 1991 o encontramos em Vitória –ES- onde permaneceu até 1997, quando passou a trabalhar, mais uma vez, em Pouso Alegre. Em 2001 tornou-se Administrador provincial e mudou-se para Belo Horizonte até 2005, época na qual voltou definitivamente à Itália, passando a residir em Susá (Tn).
Tinha um irmão sacerdote, o padre Jorge, salesiano, que trabalhou muito tempo no Colégio Agrícola Salesiano, em Oviedo – Paraguai e pe. Remo, estando no Brasil, o visitava de vez em quando.
Faleceu aos 24 de outubro de 2009 no Hospital em Trento. Seus funerais foram realizados em Susá no dia 27 de outubro.
Pe. Remo foi em primeiro lugar um Educador e um Pastor. Em todos os lugares onde lecionou ou dirigiu Instituições Educativas, é lembrado pelos alunos e pais como grande conselheiro, muito além de seus conhecimentos nas ciências naturais. Sabia doar paz e serenidade, nele se podia confiar! Sempre disponível ao diálogo e à direção espiritual, as suas reflexões da Palavra de Deus brotavam da vida e as suas Celebrações Eucarísticas eram procuradas justamente por este sentido humano das coisas de Deus.
Foi um religioso pavoniano, no profundo sentido do termo. Sabia passar com simplicidade do trabalho da oficina de serralheiro e eletricista às aulas de química e de física. Mas foi com os meninos da Escola Profissional de Pouso Alegre e de Vitória, com os mais fragilizados que nunca esqueceu, que ele sonhou à procura de uma mensagem e de um futuro de Ressurreição e de Vida.
Foi sempre disponível a quebrar galhos e a ser pau pra toda obra quando a Comunidade precisava. As muitas transferências que fazem parte de sua vida revelam esta adaptação constante às necessidades dos outros e sempre com o sorriso, a disponibilidade e a capacidade para descascar abacaxi.
Devido à sua transparência e capacidades era sempre escolhido como responsável da administração tanto local e, depois, também, em nível de toda Província do Brasil.
Apaixonado pela caça e pesca, a sua presença no grupo tornava-se motivo de integração e de alegria. Quanto aos resultados destes esportes, quem o conhecia dizia que era fundamentalmente ecológico. Os animais lhe eram agradecidos por afastá-los dos perigos e respeitarem suas vidas. Eram estes os momentos em que ele se embrenhava na natureza a procura do silêncio e da contemplação.
Padre Remo era o amigo. Para quem teve a felicidade de ficar perto dele nunca poderá esquecer esta experiência, sabia caminhar ao lado sem pisar em terreno alheio, mas dando luz, abrindo as janelas, para que o outro pudesse ver e respirar para a Vida. Hoje nós agradecemos a Deus por esta dádiva com a qual nos agraciou. Sabemos que ele vai continuar conosco, não poderá ser diferente. O se colocar a serviço fazia parte da sua natureza. A nossa fé na Comunhão dos Santos nos dá certeza disso.
Nos acompanhe sempre, Pe. Remo, ajudando-nos a confiar e a esperar!
Pe. Gabriel Crisciotti, FMI
Provincial do Brasil

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil- CONIC

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2010 ECUMÊNICA

Tema: ECONOMIA E VIDA Lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24)

Objetivo geral: Unir Igrejas Cristãs e pessoas de boa vontade na promoção de uma economia a serviço da vida, sem exclusões, contruindo uma cultura de solidariedade e paz.
Objetivos específicos:
- denunciar a perversidade de um modelo econômico que visa em primeiro lugar o lucro, aumenta a desigualdade e gera miséria, fome, morte;
- educar para a prática de uma economia de solidariedade, de cuidado com a criação e valorização da vida como bem mais precioso;
- conclamar as Igrejas, as religiões e toda a sociedade para a implantação de um modelo econômico de solidariedade e justiça para todos.
Esses objetivos devem ser trabalhados em quatro níveis: - social – eclesial – comunitário - pessoal
Por que escolhemos esse tema?
Um olhar, mesmo rápido, sobre o mundo em que vivemos nos mostra sinais preocupantes, em relação ao sistema econômico e cultural em que estamos vivendo. Alguns são fatos bem comuns do cotidiano. À nossa volta estão coisas assim: Diz o anúncio de automóvel: É carro silencioso, mas fala muito sobre você. - Bill Gates anuncia que o objetivo de seu negócio é “tornar nossos produtos obsoletos, antes que os concorrentes o façam”. - Tantas vezes se diz: Não vale a pena consertar... é melhor jogar fora. - O anúncio de cartão de crédito promete: “As melhores coisas da vida passam por aqui.”: O jornal narra o dia de uma coletora de lixo. Ela não tem o mínimo necessário, mas o filho quis e ela arranjou para ele um video game e um celular. Mas vemos à nossa volta também outra vida e outro mundo Gente sofre nas filas dos hospitais... e o dinheiro que deveria ir para a saúde tem outros destinos. Crianças estão na escola, mas não aprendem a ler... Idoso aposentado sustenta a família desempregada.
Pense no que está por trás de tudo isso, condicionando os desejos da população e/ou criando situações desumanas. As necessidades básicas são atendidas? Como o desejo do supérfluo acaba se tornando mais dominante? Há pessoas enriquecendo a cada dia e pessoas pedindo esmola. Há corrupção e aplicação de dinheiro público para favorecer os que já têm demais e falta de recursos para saúde, educação, alimentação. Há pessoas egoístas e há pessoas generosas e solidárias.
Que sistema é esse? Que política é essa?
Enquanto isso, continuamos vendo gente vivendo na rua, migrantes que deixam sua terra com tristeza, enganados por falsas promessas ou expulsos pelo avanço de uma indústria que consegue tudo o que quer, serviços públicos funcionando mal enquanto o dinheiro dos impostos acaba servindo para proteger os mais poderosos.
Multidões não têm o necessário. Mas uma minoria não consegue nem usufruir o que têm, por excesso de riqueza. E, no meio, gente de todas as classes está sendo pressionada a se avaliar pelos padrões do consumo e não por seu valor pessoal.
Criticando com ironia esse sistema que faz das pessoas meras vitrines do que o mercado exibe, que faz cada um se auto afirmar pelos objetos que usa, Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema “Eu, etiqueta”, que termina assim:
Por me ostentar assim, tão orgulhoso de não ser eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
O poeta não queria gente se comportando como coisa, escrava do mercado. Deus também não quer. O ser humano tem um valor que precisa estar acima de tudo que é “coisa”, lucro, pressão de mercado.
O planeta, uma grande vítima da idolatria do mercado
Deus criou a vida. O planeta tem o necessário para sustentá-la e para nos maravilhar com a variedade, a sabedoria e a beleza da Criação. As montanhas, rios, florestas bonitas que Deus nos deu não podem ser sepultadas sob as conseqüências das sobras dos sistemas de produção que servem ao lucro. Nossa casa planetária precisa ser bem cuidada, é a única que temos e pertence a todos.
Uma forte motivação bíblica
A Bíblia é um livro sagrado muito ligado ao que acontece aqui neste mundo. Nela fica claro que a maneira fundamental de agradar a Deus é cuidar bem daquilo que ele criou com sabedoria e amor. É isso que Deus quer: gente feliz, em segurança e fraternidade, numa terra bem cuidada que pertence a todos. É por isso que a missão que o ser humano recebe ao ser criado é “cultivar e guardar” o jardim do Éden (Gn 2,15), símbolo da vida em harmonia, paz e justiça. Não é difícil imaginar como é impossível haver “paraíso” para todos numa sociedade de tão profundas e injustas desigualdades econômicas. É por isso também que, na descrição do final feliz da Humanidade, o Apocalipse nos mostra uma cidade em que as portas não precisam ser fechadas (Ap 21,25) e onde a “árvore da vida” dá fruto todos os meses (Ap 22,2). É a segurança que vem de uma vida sem medo, sem injustiças, com fraternidade e partilha.
Um grande fato, centro da memória do registro do Antigo Testamento, é a libertação da escravidão do Egito. Deus não quer seu povo – como não quer nenhum povo – explorado nos seus direitos e no seu trabalho. Mas não basta libertar, é preciso educar para a liberdade, a partilha, a igualdade. Os judeus até hoje dizem: “Foi preciso um dia para o povo sair do Egito e quarenta anos para o Egito sair do povo.” Ou seja: o povo precisou um tempo maior para aprender como deveria viver, para não repetir o esquema de injustiça do qual havia sido libertado. As leis de Deus são parte importante dessa “educação” para a vida livre, fraterna e solidária.
Nisso podemos destacar alguns exemplos:
- Até hoje os judeus se destacam pela estrita observância do sábado. É dia de honrar a Deus de modo especial. Mas, que interessante! Deus se sente honrado se nesse dia ninguém pensar em lucro (não se trabalha), se o escravo e o trabalhador tiverem direito ao descanso, se até os animais puderem repousar. Esse ritmo de vida ligado ao número sete tem outros desdobramentos. No sétimo ano, o escravo é libertado e não pode ser jogado na sociedade sem recursos, para virar escravo de novo: deve ser dispensado com uma indenização, meio de recomeçar a viver com liberdade. ( Dt 15,12-15). De sete em sete anos se proclama o perdão das dívidas (Dt 15,1-2). A terra também descansa no ano sabático (Ex 23,10-11). Depois de 7x7 anos, vem o ano do jubileu, em que cada um retoma a propriedade que havia vendido em momento de aperto (Lv 25, 8-13).
- Na caminhada pelo deserto, a distribuição do maná é um símbolo importante da partilha que Deus deseja para seu povo (Ex 16,4-21). O maná, como toda a obra de Deus na natureza, é dado de graça para todos. Cada um tem o direito de recolher o que precisa, mas se pegar demais, o excesso apodrece. É um retrato simbólico da podridão que acompanha, ainda hoje, o acúmulo indevido de bens, que lesa o direito de outros.
- Os profetas clamam por justiça econômica: o órfão, o estrangeiro e viúva (símbolo dos mais carentes) não podem ficar desamparados sem que isso configure uma ofensa a Deus. Eles cobram dos governantes, a honestidade e o compromisso com os direitos dos mais fracos. Isaías, por exemplo, denuncia:
Ai daqueles que promulgam leis injustas, que redigem medidas maliciosas, para tapear o fraco na justiça, roubar o direito de meu povo explorado, para fazer viúvas suas vítimas e roubar dos órfãos. (Is 10,1-2)
Deus não aceita nem culto, homenagem, sem a prática da justiça e da fraternidade que se reflete no uso dons bens materiais. O mesmo Isaías nos mostra Deus advertindo:
Quando estendeis para mim as mãos, desvio meu olhar. Ainda que multipliqueis as orações, de forma alguma atenderei. É que vossas mãos estão sujas de morte. Limpai-vos, limpai-vos, tirai da minha vista as injustiças que praticais. Parai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva. Depois podemos discutir, diz o Senhor. (Is 1, 15-18)
Em outras palavras: sem a justiça da economia que não desampara os pequenos, Deus não quer conversa conosco. Muitos outros textos proféticos teriam indicações semelhantes, muitas leis do Pentateuco visam proteger trabalhadores e pobres, para que um filho ou filha de Deus não seja sacrificado no altar idolátrico da economia.
Jesus age também colocando o ser humano acima da pressão econômica
Ele adverte: Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu... (Mt 6,19)
Reconhecendo que nossas escolhas no uso do dinheiro revelam quem somos de fato, ele observa: Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (Mt 6,21) E se, em vez dos tesouros do céu, nosso coração estiver com os tesouros da terra, não sobra lugar para o Deus verdadeiro e instala-se a idolatria de servir a outro tipo de “deus”. Então Jesus faz a advertência que serve de lema para a nossa Campanha:
Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o primeiro e amar o outro ou vai aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro! (Mt 6,24)
E Jesus não ficou só no discurso. Toda a sua vida foi um testemunho de simplicidade no uso dos bens materiais, de solidariedade com os pobres, de distribuição gratuita dos dons de Deus, sem nenhuma ambição de bens ou glórias mundanas.
Um texto básico, escolhido para iluminar nossa Campanha
A equipe que trabalhou na Campanha pensou em destacar uma passagem bíblica para ancorar a reflexão a ser feita. O grupo escolheu o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19,1-10):
Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessou a cidade. Apareceu um homem chamado Zaqueu, chefe dos coletores de impostos, muito rico. “Zaqueu todo alegre acolheu Jesus em sua casa. Vendo isso, todos murmuravam; diziam: “É na casa de um pecador que ele foi se hospedar”. Mas Zaqueu, adiantando-se, disse ao Senhor: “Pois bem, Senhor, eu reparto aos pobres a metade dos meus bens e, se prejudiquei alguém, restituo-lhe o quádruplo”. Então Jesus disse a seu respeito: Hoje veio a salvação a esta casa.
Fonte: http://www.conic.org.br/index.php?system=news&news_id=805&action=read. Acesso dia 14 de outubro de 2009, às 11:13

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Superior Geral

Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,
nestes anos, no nosso caminho como comunidade pavoniana, colocamos sempre em destaque o episódio de Caná. É um ícone que nos encoraja e nos estimula a crer na presença de Deus, que pode continuamente transformar a nossa realidade, muitas vezes pobre e carente, em lugar de alegria, de esperança e de salvação, para nós e para quantos encontramos na nossa missão. Por nós e por eles interceda Maria, “a nossa cara mãe”, que amamos e veneramos como fez e como nos ensinou o Padre Fundador.
Comunidade unida – “Que todos sejam uma coisa só” (Jo 17, 21).
O aspecto sobre o qual insistimos neste primeiro ano pós-capitular é o da comunidade unida, isto é, o empenho em se tornar sempre mais uma comunidade unida. Tenho confiança que algum passo tenha sido dado nesta direção por parte de cada comunidade. Não partimos do zero. Nas nossas costas há uma longa experiência de fraternidade, caracterizada pelo espírito de família e pela vida comum. Tratava-se e trata-se de explicitar cada vez melhor esta dimensão, torná-la mais verdadeira e mais evidente, segundo o espírito do Evangelho, a nossa Regra de Vida, a sensibilidade da Igreja e as exigências do mundo de hoje. Como religiosos e como pavonianos somos chamados a uma comunhão de vida, qual testemunho significativo na Igreja, que é mistério de comunhão e sinal eficaz de partilha para a humanidade.
A nossa vocação implica esta comunhão de vida, que se fundamenta na união dos corações em Cristo e se manifesta nos momentos de oração, nas relações e na ajuda fraterna, na partilha da missão e do trabalho. A organização das nossas jornadas deve evidenciar esta dimensão. A nossa programação deve favorecê-la. Sobre isto devemos nos confrontar: com sinceridade e serenidade, com espírito construtivo, com a disponibilidade para cada um de nós fazer a própria parte, sustentados pelo espírito de fé e pela paixão apostólica. As indicações que ofereci no anexo da carta do mês passado, de modo especial nas anotações de horário, podem nos ajudar a dar consistência, concretização e visibilidade a nossa comunhão de vida. São indicações tiradas da Regra de Vida.
Retomo e acentuo três aspectos.
Antes de tudo, o tema dos retiros mensais. Para realizá-los, não é necessário ter sempre um “pregador” externo ou fazê-los sempre em nível intercomunitário. Isto pode acontecer alguma vez durante o ano. Além destas oportunidades especiais, cada mês, podemos tirar meio dia e viver entre nós um tempo de retiro espiritual.
A colocação inicial pode ser preparada pelo superior ou por outro irmão da comunidade, valorizando algum parágrafo da Regra de Vida, do Documento capitular, da Ratio formationis, de outros textos formativos nossos (por ex. nos Boletins, como a pesquisa em preparação ao 38° Capítulo geral, no BI 1/08, à p. 67), ou qualquer artigo de “Convergência” ou de outras revistas adequadas. Depois de um tempo de meditação pessoal, pode-se continuar o retiro com uma partilha das reflexões e com a oração comum.
Refiro-me, depois, à oração cotidiana para a glorificação do Padre Fundador. Também esta oração coral contribui para unir a comunidade. Em nível local temos tantas intenções para rezar, tenho certeza. Em nível geral, eu já propus algumas intenções particulares pelos nossos irmãos enfermos e por outras pessoas próximas da Congregação. A estas intenções acrescento, agora, o convite para invocar a intercessão do Padre Fundador para uma senhora da nossa paróquia de Roma, Anna Maria Ruggieri, afetada por uma isquemia grave.
Aceno, enfim, aos subsídios que possuímos para divulgar a figura do nosso Padre Fundador. É uma atenção que não pode ficar reservada somente para algum momento extraordinário, mas que deve ser constante, como sinal de amor ao padre Pavoni e à Congregação. Em particular, a todos os adolescentes e jovens que passam nas nossas instituições educativas devemos dar alguns subsídios sobre o fundador: a história em quadrinhos, a biografia escrita por Teresio Bosco, etc. devemos distribuí-los cada ano, em um momento oportuno da permanência deles conosco e, durante, por exemplo, uma semana pavoniana. Se não fizermos o Padre Fundador conhecido e amado pelos adolescentes e jovens que estão conosco (nas nossas escolas, nos internatos, nos centros de encontros, nos pensionatos juvenis, nos oratórios, etc.) por quem deveremos fazê-lo conhecido?
Comunidade unida com os leigos – “Um só corpo e um só espírito” (Ef 4, 4a)
O tema do segundo ano pós-capitular acrescenta o acento de uma intensificação da relação da comunidade religiosa com os leigos colaboradores e próximos, na lógica da Família pavoniana. Sobre esta experiência, na Congregação se realizou um percurso explícito de mais de vinte anos, com um andamento diferenciado nas três Províncias e em cada comunidade.
Em referência ao Documento capitular e ao texto base da Família pavoniana, este ano, cada comunidade deve pontuar o próprio caminho e identificar os passos a serem dados para seguir na direção desejada. Conhecemos a direção deste caminho e não nos faltam as indicações práticas sobre como nos movimentarmos, à luz também das experiências realizadas por várias comunidades.
Nas visitas fraternas que realizarei, durante este segundo ano, terei como verificar o quanto se decidiu e realizou também neste âmbito, dentro da programação anual da comunidade.
Reafirmo a perspectiva de fundo sobre a qual nos colocarmos e sobre a qual fundamentar cada escolha, isto é, a da dimensão vocacional. É o Senhor que chamou a nós, religiosos, para sermos pavonianos e é o Senhor que chama outras pessoas para partilhar conosco o carisma da Congregação, como religiosos ou como leigos. Esta perspectiva vocacional nos ajuda a nos sentir plenamente inseridos na Igreja e a valorizar o ano sacerdotal proclamado pelo papa Bento XVI.
Reenvio ao que já apresentei na carta do mês passado e convido a distinguir alguma iniciativa para favorecer a proposta vocacional nos nossos ambientes de vida e de missão.
Outubro de 2009
De 5 a 7 de outubro, teremos, em Tradate, a reunião do Conselho geral.
Na Itália, dia 3, sábado e dia 8, quinta-feira, serão realizados vários encontros: para a Família pavoniana, para os superiores e administradores de comunidade, para os diretores de atividades educativas.
No Brasil, do fim do mês até o início de novembro, os superiores de comunidade e os formadores se reunirão e haverá a Assembléia anual da Família pavoniana.
Na Espanha, com o dia 12 de outubro, terão início as experiências dos grupos “Saiano”.
Sábado, dia 10, na sede para surdos de Via Castellini, em Bréscia, será apresentado o volume: Pessoas de palavra – Anotações para uma história do Pio Instituto Pavoni.
Domingo, dia 18 de outubro, em Lonigo, será solenizado o 40° aniversário do liceu Pavoni.
Nas próximas semanas, em Bréscia, para recordar o 80° de consagração da igreja de S. Maria Imaculada, serão realizadas várias manifestações, com encerramento, sexta-feira, dia 30, com a presença do bispo, mons. Luciano Monari.
Acompanhemos também neste mês a celebração do Sínodo dos bispos para a África, continente onde a Congregação tem intenção de estender, mais uma vez, o próprio carisma.
A Maria Imaculada, a mulher de Caná, a mulher do vinho novo, auxílio dos cristãos, confiemos os nossos propósitos e as nossas esperanças, certos da sua intercessão e da sua proteção materna.
Saúdo a todos no Senhor.
pe. Lorenzo Agosti, FMI - PAVONIANOS
Tradate, 1 de outubro de 2009, memória de S. Teresa do Menino Jesus

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

História da Igreja I: Primeiros séculos

Caráter científico
História da Igreja é a ciência que investiga e expõe, em seu nexo causal, os fenômenos (efeitos), progressos internos e externos da sociedade formada por homens e mulheres, isto é, a Igreja que tem por pedra fundamental Jesus Cristo. Seu o objetivo de fazer os homens participantes da Salvação. Enquanto ciência tem por objeto de estudo a própria origem da Igreja, o que é sustentada por vestígios históricos (cartas, constituições, depoimentos, testemunhos, dentre tantos).
Igreja: fato histórico e fato revelado
Tudo começa com a Encarnação (Cristo-Homem: Deus entra na história e se comunicar aos homens e mulheres) e continua com a Revelação (Fatos, Palavras). A Igreja Católica Apóstólica Romana é santa e pacadora, ou seja, santa proque é conduzida pelo espírito Santo de Deus, por foi por sua inspiração que o Filho a instituiu; e pecadora, porque é formada e coordenada por homens que muitas vezes estão fechados à voz de Deus.
Divisão cronológica da História da Igreja
Idade Antiga: 1 – 313 (Império Romano Pagão)
313 – 692 (Império Romano Cristão)
Idade Média: 692 – 1073 (A Igreja e a formação da Europa)
1073 – 1303 (Apogeu do poder temporal dos papas)
Idade Nova (Moderna) 1303 – 1517 (O clamor da Reforma)
1517 – 1648 (A Reforma Protestante e Católica).
Idade Contemporânea 1648 – 1789 (A Igreja e a revolução da consciência)
1789 – .... (A Igreja e as revoluções sociais)
Fontes da História da Igreja
São os escritos e/ou restos monumentais (Milagres, Construções antigas...). Tais ecsritos ou monumentos podem ser fundamentados:
· Pela origem: Divina (Deus convida) e Humana (Homem dá continuidade);
· Pelo caráter social: público ou privado;
· Pelo tempo: próximos ou remotos;
· Pelo autor: autêntico, anônimos ou apócrifos;
· Pela forma: orais, figuradas, escritas (Atos dos Apóstolos, Testemunhos dos Cristãos);
Para fundamentar cientificamente a estes vestígios da existência da Igreja (de Cristo), ela recorre às ciências que lhe servem de auxílio, por exemplo: paleografia, filologia, arqueologia, geografia, cronologia, historiografia (eclesiástica), ... Eusébio de Cesaréia, Hipólito Romano, Julio Africano, Jerônimo, Sulpício Severo...
Preparação do mundo para a vinda do Cristo
Chegada a plenitude dos tempos (Gl 4,4), nasce Jesus, o Cristo, de uma mulher chamada Maria, na pobre cidade de Belém e em condições de extrema pobreza, junto aos animais. O contexto histórico da época de Jesus era esse:
· Mundo Religioso (Monoteísmo): retrata a preparação do povo judeu para a vinda do Messias, libertador (Rei) do povo escolhido por Deus: Jesus nasce pobre. Pelo nacionalismo judeu e a piedade farisáica a aceitação do crist será quase que nula. Os judeus da diáspora (com a destruição de Jerusalém) serão menos radicais e acreditarção no nome de Jesus.
· Mundo Filosófico (Politeismo): retrata a preparação do mundo pagão para a vinda de Cristo; Platão (Mundo das ideias) e Aristóteles (Motor imóvel). A pregação de um Deus invisível, tal como nos apresenta são Paulo, é um sinal de aceitação por parte dos gregos, no contetxo do politeísmo. Porem são Paulo, dá uma guinada na concepção e fundamentação na divindade de Cristo, propondo um caminho de conversão ao monoteísmo.
· Mundo Político (Império Romano: culto ao imperador): considerado pelos historiadores como sendo um ambiente propício para a pregação do Cristo e consequentemente o nascimento da comunidade Cristã, não obstante às inúmeras dificuldades, 10 perseguições totalizando mais ou menos 245 anos. Principalmente pela sua tolerância religiosa, unificação política - ambiente multicultural helenístico: gregos, judeus, egípicios ‘oriente e ocidente’, comércio: rápidas vias de comunicação, organização do Império (governo, província, dioceses, ...);
A Igreja no mundo greco-romano (1 – 313) – Tempo Apostólico (ano 150).
Eventos importantes:
· Destruição de Jerusalém (70), ocorre a desaparição de dois adversários: judaismo oficial e cristianismo judaizante;
· Cristo: Figura histórica = Salvador e Messias. Descrito pelas Sagradas Escrituras e pela Sagrada Tradição;
· Início da escrita da Literatura Cristã - em grego e latim - (Algumas dessas literaturas serão consideradas Sagradas e Inspiradas, o que culminará na formção do Cânom da Bíblia Católica, na época do Concílio Vaticano I, em 1870 aprox.);
· Perseguições cruentas do Império Romano: surgimento de muitos mártires o que chamou a atenção de muitos pela resistência e testemunhos dos vários mártires; forçou a expansão e consequentemente o aumento do número de Cristãos (título recebido em Antioquia);
· Cristianismo: a partir (380) o Cristianismo se tornou a Religião Oficial do Império. Ser cristão não é mais vergonha, mas um privilégio que tanto era recebido na Igreja como no Estado (Império Romano).
Fundação e a primeira expansão da Igreja
Fundador: Cristo (Histórico)
Provas históricas: Fontes cristãs escritas (Evangelhos, Atos dos Apóstolos, bem comos as demais cartas) e orais (Tradição), além das fontes não-cristãs (Flávio Josefo: passagens da vida de Cristo).
Existe uma diferença de 5 a 6 anos da nossa era acerca do nascmeno de Jesus Cristo. Ele nasceu aproximadamente no ano 749 na cronologia do Império Romano. Sua Epifania (vida pública) entre os 30-31 anos de idade. Sua morte, por volta dos 32-33 anos.
O surgimento da Igreja acontece a partir das atividades de Cristo e da sua intenção em dar continuidade ao Anúncio do Reino de Deus a todas as pessoas. Por isso escolheu 12 Apóstolos, elegei dentre eles um líder, ‘pontífice’ (Pedro: centro e força unificadora da Igreja na FÉ em Cristo Jesus, pela sua Morte e Ressurreição). Uma vez confirmado tu, confirmas teus irmãos. Os bispos são auxiliados pelos padres e estes pelos diáconos. Ordens menores: Sub-diácono, acólitos, leitores, exorcistas e ostiários.
Características:
· Fé em Cristo Jesus como sendo o Messias enviado pelo PAI para libertar o seu povo das armadilhas da escravidão do pecado e da morte.
· Comunidade Ideal: “um só coração e uma só alma” (At 4, 32). Comunidade de bens ( não era obrigatória), com a finalidade de atender às necessidades dos pobres.
· Eleição de Matias e dos Diáconos para atenderem às necessidades espirituais dos cristãos.
· Fomados basicamente por dois grupos: Os cristãos judaizantes = farisaismo (nacionalistas) pregavam ainda a fidelidade ao templo e à Lei Mosaica (Torah); Os judeus da Diáspora (menos radicais, mas ainda com preceitos judaicos) e os pagãos em geral (Gregos), dentre eles Estêvão que pregava a abolição da Lei e do Templo por causa de Cristo.
· Culto próprio: Batismo, Oração Comum e Fração do pão.
· Escatologismo: proximidade da vinda definitiva de Jesus. No final da Anamnese dizemos MARANATHA! (Vinde, Senhor Jesus).
Perseguições
Uma primeira perseguição aos Cristãos por parte das autoridades judias: pela ‘conversão’ de judeus (nacionalistas e os da diáspora) e cristãos helenistas.
E uma segunda perseguição aos cristãos em geral (martírios).
Além das perseguições à espada temos as perseguições à pena, escrita (literárias). Além de destruirem os escritos dos cristãos, escreveram contra o cristianismo como Celso, Luciano e propagaram suas heresias.
O objetivo das perseguições foi o de fazer os cistãos regressarem para o bom caminho (que tinha recebido de seus pais). Foram 10 as principais perseguições totalizando quase 245 anos de testemunho de fé por parte dos mártires que morrem pela fé e dos demais cristão que trabalharam incansavemente pela propagação de Jesus. Do ano 54 até 313, quando Constantino como Edito de Tolerância: reconhece o cristianismo como religião oficial do Império Romano, dá o direito de praticar livremente sua religião e edificar templos para o seu culto, orarem pelos Imperadores e pelo prosperidade do Império (início da conturbada relação entre Igreja e Império-Estado). Tal Edito saiu porque as autoridades se deram por vencidas diante da persistência de tantos quantos mativeram-se fiéis.
Outros direitos: concedeu aos bispos jurisdição inclusive nas causas civis (318); elevou o domingo o dia de repouso obrigatório (321); confiou aos cristãos cargos mais elevados no império.
Causas e consequências das perseguições:
· Infidelidade ao Estado (Império Romano): ausência nos jogos e espetáculos públicos, além do culto ao Imperador, o não oferecimento de sacrifícios aos deuses;
· Propagação da doutrina de Cristo;
· Reuniões secretas;
· Bode expiatório: aos cristãos eram atribuídas as causas da fome, miséria, guerra, magias, lesa majestade, (...). Ser cristão era crime.
· Fundamentos jurídicos: Editos especiais. (303: destruir lugares de culto, livros sagrados, censura: proibição de propagar a fé cristã, sem dirigentes (para não se institucionalizar);
· Penas: desterros, torturas, trabalhos forçados, morte de cruz, de espadas e até a codenação a ser jogados aos leões; Aqui acontecem os vários martírios. Eram perseverantes na fé, ainda sob pena de morte. Não se sabe ao certos quantos cristãos sofrerem o martítio porque não existia uma institucionalização dos cristãos e também porque o culto aos mártires não havia sido disseminado.
Vantagens e desvantagens das perseguições:
· Número de cristão que sofreram o martírio;
· Conversão de Saulo (com a morte de Estêvão);
· Expansão do Cristianismo em outras localidades (Antioquia; Galiléia, Samaria, Transjordânia,...) Motivações: Desejo da verdade, da santidade, da libertação do pecado. Milagres e carismas, firmeza dos mártires e fidelidade dos cristãos.
· Viram-se livres (momentaneamente) dos primeiros inimigos;
· Expansão e Institucionalização do cristianismo (no Império Romano);
Motivos que impediam a conversão ao Cristianismo: adesão a dogmas misteriosos, rigorismo moral, perigo constante de morte e perseguição.
São Paulo, Apóstolo dos gentios
Era da tribo de benjamim e discípulo de Gamaliel; homem culto e judeu radical (fariseu). De suma importância para a expansão do cristianismo em outras localidades além-muro de Jerusalém (Éfeso, Corinto, Roma, ...) dentre muitas outras.
Aqui nos remontamos a um dos benefícios das perseguições que obrigaram os primeiros cristãos a migrar para outras redondezas, além disso possibilitou a sua conversão ao cristianismo com a participação, ainda que ocular, da morte do Santo Estêvão.
Recebeu o título de apóstolo dos gentios porque anunciou o Evangelho de Cristo com a vida, dando testemunho da vida de Cristo a principalmente aos pagãos e não somente aos judeus, herdeiros primeiros da Salvação de Iahweh.
Fez três grandes viagens:
a) Primeira viagem (46-48 d.C.): Paulo e Marcos. Novas igrejas na Galácia (Gálatas),
b) Segunda Viagem (49-52 d.C.): Macedônia – Filipos e Tessalônica - Corinto
c) Terceira Viagem (53-57 d. C.): Éfeso, Colossos e Laodicéia,
d) Viagem à Roma (61-62 d. C.): Prisão domiciliar e morte (64 d. C.)
Cismas e heresias dos três primeiros séculos
Desde a muito tempo existia a não comunhão com o pensamento e doutrina da Igreja. O cisma consite numa ruptura da unidade eclesial, mas não necessariamente a ruptura de unidade da fé. As heresias consiste na ruptura com a fé professada da Igreja. Mas carrega consigo intuições profundas da verdade da fé. Todavia tais intuições são incompletas.
Heresias Judaizantes
a) Ebionitas: os cristãos judaizantes limitavam-se a ser fiéis à Lei (Concílio de Jerusalém: impôr aos demais a circuncisão como fez Moisés) e ao Templo; e os cristãos da diáspora (com a destruição de Jerusalém no ano 70): mantiveram seu apego aos preceitos do judaísmo, e uma fé disntinta do Cristo. Ambas as correntes rejeitaram os escritos paulinos.
b) Gnósticos (Cerinto: Negavam a divindade de Cristo): a origem do MAL tem um princípio duplo: um Deus bom (Jesus) e um Deus mau (A.T.); para o problema da criação encontra-se o Demiurgo. Maniqueus, Marcião...
c) Montanismo - Milenarismo: Cristo voltaria em 1.000 anos. Rigorismo moral, jejum rigoroso por três dias durante a semana. Propôs duas categorias de homens: pneumáticos e psiquicos.
Heresias anti-trinitárias: (negam a distinção real entre as três pessoas divinas. Como há um só Deus e não obstante tanto o Pai como o Filho e o Espírito Santo são DEUS?)
NOTA: Jesus é puramente homem e puramente Deus, como define Nicéia “consubstancial ao Pai”. Nesse sentido poem em xeque a REDENÇÃO que só nos vem por Deus.
· Dinamista ou Adocionista: Cristo é puramente homem e Deus o adotou no dia do Batismo.
· Arianismo (ARIO, Alexandria): negava a eternidade do verbo, a consubstancialidade, e com isso a divindade. Era apenas um homem. O filho é criatura do Pai. Se Jesus não era Deus como poderia redimir o mundo dos seus pecados? (Concílio de Nicéia I 325). Semiarianos: O filho é semelhante ao PAI (HOMOIUSIOS)
· Macedonismo (MACEDONIO, Constantinopla): negava a consubtancialidade do Espírito Santo. Este era inferior ao Pai e ao Filho. (Concílio de Constantinopla I 381) Creio no Espírito Santo, Snehor que dá a vida e procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado...
Controvérsias Cristológicas (Ou Cristo é somente homem ou somente Deus ou ainda Deus em parte, isto é, nalgum momento homem e noutro momento Deus.)

a)Apolinarismo (APOLINARIO, Laodicéia): a natureza de Cristo era incompleta, pois lhe faltava a alma intelectual; a verbo fazia as vezes de alma . Mas em Cristo há uma natureza completa como nos demais homens.

b)Nestorianismo: Dizia que em Cristo há duas naturezas: humana e divina, unidas apenas por uma MORAL. O verbo habita no homem como no templo. Porém em Cristo há duas naturezas completas homem e Deus.

c)Monofisismo: em cristo existem duas naturezas, antes da união da divindade com a humanidade. Depois dessa união acontece a cisão. E diz ainda que Cristo não tem a mesma natureza que os outros homens. Uma só natureza a DIVINA que absorve a humana. Todavia diz, o concílio da Calcedônia : “Um Senhor em duas naturezas, sem mistura, nem confusão, sem separação, nem divisão. Porque a união não suprime a diferença das naturezas, mas cada uma conservando suas propriedades e encontrando-se com a outra em uma única pessoa.

d)Monotelismo: nega a vontade humana de Jesus. Existia nele uma só vontade e uma só energia, a DIVINA. Mas em Cristo há duas vontades que não se opõem nem se contradizem.

Controvérsias Soteriológicas (Ditas da salvação)

a) Donatismo (DONATO): criou a dependência dos sacramentos, não só da fé ortodoxa como da moralidade do ministro. Para eles a Igreja não pode ter pecadores.

b) Pelagianismo: o pecado original não existe, apenas os pecados pessoais; a graça não é necessária ´para a salvação, o homem pode salvar-se pela sua própria força.

c) Semi-pelagianismo: uma vez conseguida a justificação não necessitamos de graça nehuma para permanecer firmes no bem.

Controvérsias penitenciais

Uma moralização exacerbada devido à comunidade dos santos. Acusação dos pecados: pública ou privada. Havia quem não poderia entrar na Igreja (Flentes), aqueles que ouviam somentes as leituras e a homilia (Ouvintes), tomavam parte da oração comum dos fiéis que se seguia à homilia (genuflectentes) e até aqules que podiam assistir a missa por completa (consistentes).

A admissão na Igreja se fazia pelo Batismo, primeiramente ministrados aos adultos. Administrado por qualuqer cristão. Mas geralmente era o Bispo, por imersão, mas também por aspersão ou infusão.

Catecúmenos preparação para receber o batismo: a) ouvintes (exigia-se um comportamento moral) e b) competentes: o batismo administrava-se solenemente duas vezes por ano nas vigílias da páscoa e pentecostes.

Eucaristia: reuniões ao despontar do dia (século II), Segundo Plínio o Jovem, nas quais cantavam hinos a Cristo e comiam comidas simples, leitura das S.E., homilia do bispo, apresentação das oferendas. Podia ser celebrada com pão ázimo ou fermentado.

Meios de santificação: sacramentos, oração, jejum, esmola,...

Constituição e Organização da Igreja

· O governo da Igreja é hierárquico (monárquico);

· Sociedade alicerçada por uma tríplice unidade: Fé, sacramentos e Regime;

· A Igreja é composta por Clérigos e Leigos;

· Padres da Igreja: Doutrina ortodoxa, Santidade, Aprovação da Igreja e Antiguidade : Clemente, Inácio de Antioquia...

Ir. Thiago Cristino, FMI

estudante de Teologia.

Nota: O presente trabalho é fruto de anotações e pesquisas pessoais.

Oração Vocacional Pavoniana

Oração Vocacional Pavoniana
Divino Mestre Jesus, ao anunciar o Reino do Pai escolheste discípulos e missionários dispostos a seguir-te em tudo; quiseste que ficassem contigo numa prolongada vivência do “espírito de família” a fim de prepará-los para serem tuas testemunhas e enviá-los a proclamar o Evangelho. Continua a falar ao coração de muitos e concede a quantos aceitaram teu chamado que, animados pelo teu Espírito, respondam com alegria e ofereçam sem reservas a própria vida em favor das crianças, dos surdos e dos jovens mais necessitados, a exemplo do beato Pe. Pavoni. Isto te pedimos confiantes pela intercessão de Maria Imaculada, Mãe e Rainha da nossa Congregação. Amém!

SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL - FMI - "Vem e Segue-Me" é Jesus que chama!

  • Aspirantado "Nossa Senhora do Bom Conselho": Rua Pe. Pavoni, 294 - Bairro Rosário . CEP 38701-002 Patos de Minas / MG . Tel.: (34) 3822.3890. Orientador dos Aspirantes – Pe. Célio Alex, FMI - Colaborador: Ir. Quelion Rosa, FMI.
  • Aspirantado "Pe. Antônio Federici": Q 21, Casas 71/73 . Setor Leste. CEP 72460-210 - Gama / DF . Telefax: (61) 3385.6786. Orientador dos Aspirantes - Ir. José Roberto, FMI.
  • Comunidade Religiosa "Nossa Senhora do Bom Conselho": SGAN Av. W5 909, Módulo "B" - Asa Norte. CEP 70790-090 - Brasília/DF. Tel.: (61) 3349.9944. Pastoral Vocacional: Ir. Thiago Cristino, FMI.
  • Comunidade Religiosa da Basílica de Santo Antônio: Av. Santo Antônio, 2.030 - Bairro Santo Antônio. CEP 29025-000 - Vitória/ES. Tel.: (27) 3223.3083 (Comunidade Religiosa Pavoniana) / (27) 3223.2160 / 3322.0703 (Basílica de Santo Antônio) . Reitor da Basílica: Pe. Roberto Camillato, FMI.
  • Comunidade Religiosa da Paróquia São Sebastião: Área Especial 02, praça 02 - Setor Leste. CEP 72460-000 - Gama/DF. Tel.: (61) 34841500 . Fax: (61) 3037.6678. Pároco: Pe. Natal Battezzi, FMI. Pastoral Vocacional: Pe. José Santos Xavier, FMI.
  • Juniorado "Ir. Miguel Pagani": Rua Dias Toledo, 99 - Bairro Vila Paris. CEP 30380-670 - Belo Horizonte / MG. Tel.: (31) 3296.2648. Orientador dos Junioristas - Pe. Claudinei Ramos Pereira, FMI. ***EPAV - Equipe Provincial de Animação Vocacional - Contatos: Ir. Antônio Carlos, Pe. Célio Alex e Pe. Claudinei Pereira, p/ e-mail: vocacional@pavonianos.org.br
  • Noviciado "Maria Imaculada": Rua Bento Gonçalves, 1375 - Bairro Centro. CEP 93001-970 - São Leopoldo / RS . Caixa Postal: 172. Tel.: (51) 3037.1087. Mestre de Noviços - Pe. Renzo Flório, FMI. Pastoral Vocacional: Ir. Johnson Farias e Ir. Bruno, FMI.
  • Seminário "Bom Pastor" (Aspirantado e Postulantado): Rua Monsenhor José Paulino, 371 - Bairro Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre / MG . Caixa Postal: 217. Tel: (35) 3425.1196 . Orientador do Seminário - Ir. César Thiago do Carmo Alves, FMI.

Associação das Obras Pavonianas de Assistência: servindo as crianças, os surdos e os jovens!

  • Centro Comunitário "Ludovico Pavoni": Rua Barão de Castro Lima, 478 - Bairro: Real Parque - Morumbi. CEP 05685-040. Tel.: (11) 3758.4112 / 3758.9060.
  • Centro de Apoio e Integração dos Surdos (CAIS) - Rua Pe. Pavoni, 294 - Bairro Rosário . CEP 38701-002 Patos de Minas / MG . Tel.: (34) 3822.3890. Coordenador: Luís Vicente Caixeta
  • Centro de Formação Profissional: Av. Santo Antônio, 1746. CEP 29025-000 - Vitória/ES. Tel.: (27) 3233.9170. Telefax: (27) 3322.5174. Coordenadora: Sra. Rosilene, Leiga Associada da Família Pavoniana
  • Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP) SGAN Av. W5 909, Módulo "B" - Asa Norte. CEP 70790-090 - Brasília/DF. Tel.: (61) 3349.9944 . Diretor: Pe. José Rinaldi, FMI
  • Centro Medianeira: Rua Florêncio Câmara, 409 - Centro. CEP 93010-220 - São Leopoldo/RS. Caixa Postal: 172. Tel.: (51) 3037.2797 / 3589.6874. Diretor: Pe. Renzo Flório, FMI
  • Colégio São José: Praça Dom Otávio, 270 - Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre/MG - Caixa Postal: 149. Tel.: (35) 3423.5588 / 3423.8603 / 34238562. Fax: (35) 3422.1054. Cursinho Positivo: (35) 3423. 5229. Diretor: Prof. Giovani, Leigo Associado da Família Pavoniana
  • Escola Gráfica Profissional "Delfim Moreira" Rua Monsenhor José Paulino, 371 - Bairro Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre / MG . Caixa Postal: 217. Tel: (35) 3425.1196 . Diretor: Pe. Nelson Ned de Paula e Silva, FMI.
  • Obra Social "Ludovico Pavoni" - Quadra 21, Lotes 71/72 - Gama Leste/DF. CEP 72460-210. Tel.: (61) 3385.6786. Coordenador: Sra. Sueli
  • Obra Social "Ludovico Pavoni": Rua Monsenhor Umbelino, 424 - Centro. CEP 37110-000 - Elói Mendes/MG. Telefax: (35) 3264.1256 . Coordenadora: Sra. Andréia Mendes, Leiga Associada da Família Pavoniana.
  • Obra Social “Padre Agnaldo” e Pólo Educativo “Pe. Pavoni”: Rua Dias Toledo, 99 - Vila Paris. CEP 30380-670 – Belo Horizonte/MG. Tels.: (31) 3344.1800 - 3297.4962 - 0800.7270487 - Fax: (31) 3344.2373. Diretor: Pe. André Callegari, FMI.

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Quem sou eu?

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Bréscia, Italy
Sou fundador da Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada, conhecida popularmente como RELIGIOSOS PAVONIANOS. Nasci na Itália no dia 11 de setembro de 1784 numa cidade chamada Bréscia. Senti o chamado de Deus para ir ao encontro das crianças e jovens que, por ocasião da guerra, ficaram órfãos, espalhados pelas ruas com fome, frio e sem ter o que fazer... e o pior, sem nenhuma perspectiva de futuro. Então decidi ajudá-los. Chamei-os para o meu Oratório (um lugar onde nos reuníamos para rezar e brincar) e depois ensinei-os a arte da marcenaria, serralheria, tipografia (fabricar livros), escultura, pintura... e muitas outras coisas. Graças a Deus tudo se encaminhou bem, pois Ele caminhava comigo, conforme prometera. Depois chamei colaboradores para dar continuidade àquilo que havia iniciado. Bem, como você pode perceber a minha história é bem longa... Se você também quer me ajudar entre em contato. Os meus amigos PAVONIANOS estarão de portas abertas para recebê-lo em nossa FAMÍLIA.