Carísimos imãos e leigos da Família pavoniana,
iniciamos hoje a novena da Imaculada, que nos
prepara para celebrar com fruto a festa patronal da nossa Congregação. São dias
intensos, dias de reflexão, de oração, de alegre espera para nos predispormos a
renovar a nossa consagração religiosa ou o nosso compromisso em partilhar o carisma pavoniano. O nosso coração
é atravessado por sentimentos de gratidão e, ao mesmo tempo, de desejo de
corresponder sempre melhor à vocação que acolhemos, olhando para Maria e
contando com a sua intercessão.
Na oração da Ave-Maria
nós a invocamos com as mesmas palavras do anjo: cheia de garça. É a identidade da Imaculada, sobre a qual, oportunamente,
nos detemos nestes dias.
“Cheia de graça” (Lc 1,28)
O anjo Gabriel, antes de chamar Maria pelo nome, chama-a
cheia de graça: “Alegra-te, cheia de
graça, o Senhor está contigo”. Cheia
de graça é o novo nome de Maria, é a sua própria identidade, é o fundamento
da sua missão. Em vista da sua divina maternidade, Maria não somente foi
concebida sem mancha de pecado, mas foi plenificada pela graça de Deus. Maria é
toda santa. A sua santidade é fruto do dom de Deus e de uma contínua
correspondência de sua parte ao amor de Deus. Também ela, criatura humana como
nós, enfrentou as dificuldades da vida, cresceu na fé, lutou contra as forças do mal.
A imagem da Imaculada representa-a com o pé que
esmaga a cabeça da serpente, símbolo do demônio. Também é assim a estátua da
Imaculada, venerada pelo Padre Fundador. É uma referência à passagem do
Gênesis, onde Deus declara que porá inimizade (isto é, incompatibilidade e luta)
entre a estirpe da serpente e a mulher com a sua descendência: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a
tua descendência e a descendência dela: esta te esmagará a cabeça e tu lhe
ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Maria Imaculata, cheia de graça, colabora com o Filho no combate contra o espírito
do mal.
Maria Imaculada é o sinal da vitória de Deus contra
o mal. É o sinal que a graça de Deus é mais forte do que o pecado. É o sinal
que a redenção realizada pelo seu Filho,
tem a força de apagar o pecado e pode tornar o homem capaz de vencer o
mal e de caminhar em santidade de vida.
“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que
vive em mim”
(Gl 2,20)
A graça que Maria recebeu desde o primeiro instante da
sua existência, nós a recebemos no batismo. Desde aquele momento, a Trindade tomou posse da nossa vida, uma
posse que é para nós expressão de amor e fonte de liberdade. Desde então, a
nossa vida deveria ser um caminho de contínua conversão, isto é, de luta
interior contra as forças do mal, para manter e deixar crescer em nós a
presença de Deus. Trata-se de um caminho que pode levar o cristão a repetir com
são Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas
Cristo que vive em mim”.
A consciência da graça de Deus em nós, a consciência
da presença de Deus em nós, representa um tesouro extraordinário para a nossa
vida. Um tesouro escondido, a ser descoberto e para se deixar descobrir ou
redescobrir. Tem-se a percepção de que este centro da nossa experiência de fé esteja um pouco ou até mesmo muito
obscurecido. Tem-se a impressão de que a dinâmica da fé tenha assumido um
caráter de funcionalidade, tornando-se como que algo separado da interioridade da
vida. Corre-se o risco de viver uma relação com Deus, alimentada, sim, pela
escuta da sua palavra e também pela recepção dos sacramentos, mas como se Deus
estivesse fora de nossa pessoa; não longe, mas fora.
A graça de
Deus em nós, pelo contrário, nos diz que Deus está em nós, vive em nós. Deus está mais íntimo a nós, que nós mesmos (S.
Agostinho). E,
então, a nossa vida de fé não pode
deixar de ter no seu centro esta consciência e o consequente compromisso
cotidiano de conservar em nós a graça, a amizade de Deus, lutando contra o
pecado. Assim se vive o mandamento do amor; assim, com o auxílio de Deus, se
põe em prática a sua palavra.
É importante que esta consciência apareça em nós de
modo explícito e que seja percebida pelos adolescentes e jovens na nossa
responsabilidade de educá-los na fé. Estejamos
cheios de graça: esta é a realidade
mais profunda da nossa vida de fé, realidade para ser conservada e para fazer crescer
em nós, sentindo-nos cheios de gratidão para com Deus, como Maria fez e nos
ensina a fazer.
“Nele que nos escolheu... para sermos santos e
imaculados no amor” (Ef 1,4)
São Paulo nos revela que em Cristo “mediante o seu sangue, temos a redenção, o
perdão das culpas, segundo a riqueza da
sua graça” (Ef 1,7). E assim, sempre em Cristo, o Pai nos escolheu… para sermos santos e imaculados no amor. Esta é a dinâmica da
nossa vida de fé (da graça do perdão ao chamado à santidade), é o processo da
nossa vocação.
Há um projeto de Deus sobre a nossa vida: um projeto
que nós acolhemos e que consiste em responder à vocação recebida do Senhor e em
viver em conformidade com ela.
Junto com a consciência da presença de Deus em nós,
é também urgente e necessário, da nossa parte, aprofundar e mostrar aos jovens que a vida é vocação:
realizamos em plenitude a nossa vida, valorizamos ao máximo os nossos talentos,
à medida que respondemos ao chamado de Deus, a ser descoberto à luz da fé e por
meio das circunstâncias da vida.
Com estas convicções, nós religiosos nos dispomos a
renovar, no dia 8 de dezembro, a nossa consagração a Deus por meio dos votos de
castidade, pobreza e obediência; e vocês, leigos, se preparam para manifestar de
novo o compromisso de se sentirem parte daquela espiritualidade e daquela
missão, que têm no beato Ludovico Pavoni a sua origem e a sua referência.
Que a solenidade da Imaculada (este ano no 165° de
fundação da Congregação) seja realmente a festa de toda a Família pavoniana, a
festa de todos aqueles (adolescentes, jovens, colaboradores, voluntários,
ex-alunos, fiéis, amigos…) que estão em contato com as nossas comunidades e que
sentem a alegria de venerar junto conosco, religiosos e leigos, Maria Imaculada
e o beato Ludovico Pavoni.
Daqui à Imaculada
e rumo ao Natal do Senhor
Os próximos dias são ricos de eventos significativos
para a nossa Congregação.
Sábado, 1.º de dezembro, será apresentado na Obra Pavoniana
(Brescia) o livro de G. Grasselli: Nas
pegadas de Ludovico Pavoni – No centenário da volta dos pavonianos a Bréscia.
E domingo,
dia 2, agradeceremos a Deus por este
centenário, com uma concelebração na igreja da Imaculada, presidida pelo bispo
emérito, d. Bruno Foresti. Na mesma circunstância, terá lugar a despedida de pe. Raffaele Peroni que, no
dia 4, partirá para as Filipinas junto comigo. No dia 8 de dezembro, de
fato, lá será erigida juridicamente, na Diocese de Antipolo, a paróquia dedicada
ao beato Ludovico Pavoni.
No dia 4 de dezembro, junto ao Tribunal Eclesiástico de
S. Paulo, no Brasil, haverá a abertura oficial do Inquérito sobre a cura acontecida
em 2009 por intercessão do beato Padre Fundador. Estará presente também o nosso
Postulador, pe. Pietro
Riva.
No dia 8 de dezembro, ir. Andom Abrehe Sium emitirá,
em Asmara, a profissão perpétua; enquanto que, em Bogotá, o noviço colombiano,
Andrés Mauricio Carreño Pinzon fará a primeira profissão. No mesmo
dia, em Samambaia, será ordenado sacerdote o diácono Thiago Cristino, pelo Arcebispo
de Brasília, Dom Sérgio da Rocha. Sempre na festa da Imaculada, no Brasil, emitirão
a promessa de agregadas, na primiera missa presidida por pe. Thiago, duas leigas da Família pavoniana: Luiza Alves Mendes e
Lídia Gava Wilhelm.
No dia 16 de dezembro, entrarão no noviciado, em S. Leopoldo , três
jovens brasileiros: Joel Eliakim Ferreira, Marcos Batista de Morais e Michael
Rosa da Silva.
No final do ano, serão propostas duas experiências: para
os jovens espanhóis, a participação, em Roma, no encontro europeu de Taizé; e para
os jovens italianos, um retiro espiritual na nova casa de Animação vocacional, a
Cappuccina de Lonigo.
“Tenham fé,
amem a Jesus e a nossa cara mãe Maria”são palavras do Padre Fundador
que nos acompanham neste Ano da fé e Ano
mariano.
Padre Pavoni e Maria Imaculada nos ajudem a realizar o
que nos pede o apóstolo Pedro: Irmãos, procurai
consolidar a vossa vocação e eleição, pois agindo deste modo, jamais
tropeçareis (2 Pd 1,10). Uno-me a este convite: sejam os votos para viver autenticamente
a festa da Imaculada e para nos prepararmos dignamente para o Natal do Senhor.
Rezemos uns pelos outros. “Graça e paz sejam concedidas em abundância a todos nós” (2 Pd 1,2).
Boa festa da Imaculada e Bom Natal do Senhor!
pe. Lorenzo Agosti
Tradate, 29 de novembro de 2012, início da novena da
Imaculada.