Pe. Lorenzo Agosti,
Superior geral dos
Filhos de Maria Imaculada (Pavonianos)
A vocação específica de Ludovico Pavoni foi em função da educação cristã e profissional da juventude pobre. Ele deu origem em três etapas sucessivas ao Oratório, ao Instituto e no final à Congregação dos Filhos de Maria Imaculada. Pe. Pavoni percebeu-se chamado, interpelado por Deus para ir ao encontro das necessidades das crianças e dos jovens do seu tempo. Estas necessidades tornaram-se para ele como doces atrativos (RU I 42), isto é, fortes motivações que o envolveram com todo o seu ser, orientando-o para o serviço aos jovens em situações de risco e de necessidade. Para eles deixou o quieto e confortável viver da casa paterna (RU I 42). Começou, assim, a cuidar da educação na religião e na profissão de muitos pobres órfãos ou abandonados filhos...ajudando-os e passando a dar à Igreja ótimos cristãos e à Nação bons mestres artesãos e súditos virtuosos e fiéis (RF, RU I 64).
Nas suas escolhas apostólicas, devemos pensar, pe. Pavoni, como o precursor daquelas obras estupendas que logo depois São João Bosco criou e promoveu espalhando-as no mundo todo (Decreto sobre a heroicidade das virtudes, 1947). Também na sua ação educativa pode ser considerado precursor do Método preventivo de Dom Bosco, centrado no trinômio: razão, amabilidade e religião. Estes três componentes estritamente conexos entre si, emergem em maneira constante também no estilo e nos escritos do pe. Pavoni.
Alguns testemunhos nos lembram que tinha um cuidado especial para os seus filhos e os educava pelo coração (LPV págs. 293 e 290). Com a atrativa dos seus modos e com a autoridade do seu exemplo ele conseguia guiá-los do seu jeito, mas partindo sempre do movimento e do entusiasmo que nascia neles (LPV pás. 267).
Um trecho de uma carta ao Domingos Guccini une em maneira significativa, dois dos três critérios indicados por Dom Bosco no seu método preventivo. O Pavoni aconselha ao Domingos de saber-se comportar em cada encontro com aquela amabilidade que tão bem condiz com o nosso sistema de educação. Saiba se conter com aquela gravidade que ganha respeito, mas ao mesmo tempo, com aquela doçura que atrai, arrebata. Deixa a quem queira o chicote, porque o chicote do homem deve ser a razão (LG 29). Pe. Pavoni fala de um nosso sistema de educação e coloca em evidência duas dimensões fundamentais deste sistema: a razão e a amabilidade e doçura, que traduzem a realidade da amorosidade.
A reflexão e a experiência tem levado o pe. Pavoni a traçar um sistema de educação, um verdadeiro método educativo, caracterizado pela presença dos meios típicos de uma pedagogia preventiva: religião e razão, amor e doçura, vigilância e conhecimento, relação pessoal dentro de uma estrutura familiar e em um intenso compromisso de trabalho. Pe. Pavoni já tinha feito própria, na teoria e na prática, a expressão que será de Dom Bosco: este sistema se apóia por completo sobre a razão, a religião e a amorosidade.
Amor e razão são os critérios que estão sempre presentes nas indicações educativas do pe. Pavoni, desde o Regulamento do Oratório até ao do Instituto e às Constituições. A propósito do Prefeito do Oratório, afirma: O zelo não deve alterar o exercício da humildade, caridade e doçura, que devem ser as virtudes distintivas. Se será preciso por prudência repreender alguns dos jovens de algum defeito, procurará fazê-lo com modos delicados e suaves (RU I 19). Primeiro compromisso do responsável dos cantores será de conduzi-los com a persuasão e a doçura para o exato cumprimento de seus deveres (RU I p.21). Será preocupação do inspetor dos adultos procurar com sábias convicções que eles gostem da virtude (RU I p.21).
Os artesãos mestres do Instituto devem ter cuidado que os jovens a eles confiados atendam com assiduidade às próprias incumbências. Devem assisti-los com carinho, para que avancem no conhecimento da arte que estão aprendendo, de acordo com as próprias capacidades e talentos (RU I p.45).
Além disso: Velarão sobre os alunos que lhes forem confiados, como sobre um tesouro precioso e santo, amando-os como a pupila dos próprios olhos (CP 257). Esforçar-se-ão por acostumar os alunos a amar o trabalho e a agir mais por amor do que por temor (CP 258). Estudem com atenção o temperamento e as aptidões dos seus discípulos, para conduzi-los segundo suas inclinações (CP 259). Tratarão os seus alunos com brandura e cortesia (CP 260).
Razão e amor inspiram também o método de correção. No Regulamento do Instituto, pe. Pavoni afirma: Em lugar de recorrer ao sistema da severidade, com o qual, muitas vezes, os meninos são levados a operar mais por temor e por hipocrisia, do que por sentimento e por amor, escolhemos o método da emulação e da honradez, com o qual – se não é feito mau uso - tudo se pode sobre o coração sensível da juventude (RU I p.54). Mais adiante fala de paternas repreensões... a fim de que os meninos reflitam... e se corrigiam (RU I p.55).
Quanto á religião, o Pavoni partilhava, com certeza, o conteúdo de uma carta escrita quando foi secretário do Bispo, onde se lê:... a educação é um dos fundamentais objetos que interessam igualmente o bem da religião e da nação. Mas para promover o bem de uma e da outra, será necessário, que toda educação tenha como base a Santa Religião, que formando um bom cristão o torna ao mesmo tempo também um bom cidadão e um súdito fiel... A experiência demonstra não ser possível educar a juventude bem comportada e reta na base do desprezo da Religião (EAP, p.448).
A religião, afirma nas Constituições, é o objetivo fundamental de toda boa educação (CP 244). No Instituto um cuidado especial deverá ser usado na formação do coração dos jovens, na instrução religiosa e nas práticas religiosas, cultivando neles aquela verdadeira piedade que honra a Deus, santifica as almas, edifica o próximo e dá felicidade às famílias; numa piedade sólida, robusta, desinibida e esclarecida, que vise à perfeita observância dos próprios deveres (CP 123). A formação humana não pode ser separada, portanto, daquela religiosa, proposta em um modo sólido e autêntico, persuasivo e cativante. Favorecer uma educação integral dos jovens, humana e cristã deve ser uma das tarefas e das preocupações do mesmo Reitor: Será todo mente e coração para dispor que os jovens assistidos sejam bem instruídos e retamente educados na religião e nas boas maneiras de tratar, a fim de que se tornem excelentes cristãos, bons pais de família, cidadãos honrados, amigos da religião e de proveito para a sociedade (CP 224).
Quanto à formação cristã, aos responsáveis do Oratório dizia: devem animá-los com doçura à freqüência dos sacramentos, vão corrigi-los afavelmente dos próprios defeitos e, procurarão de colocar nos corações deles com a palavra e com o exemplo o amor à piedade e a fuga do vício (RU I 21). Devem com agradabilidade e amavelmente tornar para eles suave e doce o jugo de Jesus Cristo (RU I 21). Em maneira toda especial o Diretor Espiritual tem uma tarefa específica nesta área. Será necessário que ele não somente se dedique a instruir os alunos, mas, sobretudo, se esmere em fazê-los saborear os princípios da fé que professam e os dirija no espírito (CP 244). Nas instruções procurará apresentar os deveres da religião como um jugo suave e um peso leve que, uma vez experimentado, torna-se fácil e agradável (CP 245). Persuadi-los-á de que o que não é Deus nada vale... e acostuma-los-á a considerar as coisas com os olhos da fé, julgando-as como as julga a fé (CP 252).
O cume do compromisso educativo será ajudar o jovem e descobrir e a realizar o projeto de Deus sobre ele mesmo: o inspirar a vocação pertence somente a Deus. Para nós o importante é secundar os impulsos que dele vêm (CP 253).
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