terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Superior geral

Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,

“Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Preparando-nos para celebrar a solenidade da Imaculada, nossa festa anual, olhamos para Maria e mais uma vez percebemos o significado da sua resposta a Deus por meio do anjo Gabriel.

A disponibilidade de Maria

Maria manifesta a sua disponibilidade total ao projeto de Deus. O sim, que naquele momento Maria pronuncia, não expressa somente uma boa intenção, não representa uma adesão genérica a uma mensagem extraordinária. É um sim que envolve a sua pessoa no presente e no futuro. Maria se coloca sem reservas a serviço de Deus. Não antecipa condições, aceita a proposta de Deus. Confia em Deus. Maria se coloca em suas mãos. De agora em diante, a sua vida estará toda relacionada com a vontade de Deus. Não se poupará no aderir e no dar a sua contribuição ao plano de Deus. A sua obediência será total, a qualquer custo. A sua disponibilidade é plena. E o será em toda a sua vida, em toda circunstância, como nos atesta o Novo Testamento.

A disponibilidade de Jesus Cristo

A disponibilidade de Maria é a imagem mais bela da disponibilidade de Cristo, da sua disponibilidade de Filho ao projeto de Deus Pai para a salvação da humanidade. “Aqui estou – como está escrito no livro – para fazer a tua vontade.”. A palavra do salmo 40 (39) prefigura a disponibilidade de Cristo, como afirma a Carta aos Hebreus (10, 7). Uma disponibilidade que parte da encarnação e encontra a sua culminância no mistério pascal. O hino cristológico da Carta aos Filipenses bem o descreve: “Cristo Jesus… esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens...Humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou” (2, 5-9). Bem como uma outra passagem da Carta aos Hebreus: “Mesmo sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente, através de seus sofrimentos. Mas, quando levou a termo a sua vida, tornou-se a fonte de salvação eterna para todos aqueles que lhe obedecem” (5, 8-9).

O próprio Jesus manifestou isto em diversos momentos. A Maria e a José, quando com doze anos o encontram no templo: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu Pai?” (Lc 2, 49). E aos seus discípulos: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34). E ainda: “Mas é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e é por isso que faço tudo o que o Pai me mandou” (Jo 14, 31). A disponibilidade de Cristo “até a morte de cruz” é fonte e causa de salvação para toda a humanidade.

A disponibilidade de padre Ludovico Pavoni

Uma característica da vida e da espiritualidade do nosso beato Fundador certamente é a disponibilidade. Chamado por Deus “da tranquilidade de sua casa paterna”, dedicou-se, de corpo e alma, como sacerdote, aos cuidados da juventude, “àquela porção da humanidade predileta do coração amorosíssimo de Jesus” (RU I 42). Para os adolescentes e jovens em dificuldade, e para os surdos, consagrou-se “inteiramente” e o fez “de bom grado” (cf. RU I 42 e 62). Fez seu o programa de são Paulo, o de tornar-se tudo para todos” (1 Cor 9, 22).

Conhecemos o testemunho de quem, convidando-o a não se cansar tanto, ouviu dele: “Repousaremos no paraíso”. Por sua biografia sabemos como foi, ao mesmo tempo, um verdadeiro homem de Deus e um homem que não poupou nada pela causa dos jovens e dos pobres, fazendo-se ele mesmo pobre e disponível para o trabalho e para os trabalhos mais humildes. Foi um santo, um verdadeiro imitador da disponibilidade de Jesus Cristo e de Maria.

A nossa disponibilidade

Como herdeiros e continuadores do carisma do nosso Padre Fundador, não podemos deixar de nos identificar com a sua disponibilidade, um dos traços que mais o distinguiram. Ele, mais de uma vez, convidou seus colaboradores para assumirem o programa paulino de “tornar-se tudo para todos”, como podemos perceber nas Constituições primitivas (cf. 136, 213 e 272). Uma das características que devem caracterizar o pavoniano é a disponibilidade. Esta é uma das nossas riquezas, que matiza também os outros aspectos que são o nosso patrimônio distintivo, isto é, o espírito de família, a cordialidade, a humildade, a laboriosidade, etc.

O aspecto da disponibilidade é o que sempre mais me impressionou nos anos do meu primeiro contato com a Congregação e da minha formação inicial. Pude constatar de modo significativo, em muitos religiosos, sejam presbíteros como leigos, esta atitude, esta virtude. Lembro-me, especialmente, entre tantos, da figura do padre Antônio Villa. Era incansável, sempre pronto a servir em qualquer campo, disponível a toda solicitação. Quando lhe pediam alguma coisa, a sua adesão se manifestava também com o movimento do corpo, dando um passo à frente. Notava-se nele somente uma preocupação: a de ser um bom religioso e sacerdote pavoniano, em dedicar-se a Deus com uma oração assídua e profunda, em viver com autenticidade os votos, em servir a comunidade com humildade e generosidade, em atualizar-se, em não se poupar no apostolado e nas ocupações que lhe eram confiadas, em se tornar útil também com o trabalho manual e com a assistência solícita aos irmãos anciãos e enfermos.

O que significa e em que consiste para nós ser disponíveis?

Significa colocar no centro da nossa vida não nós mesmos, mas Deus e os irmãos. Comporta ser fiéis à oração, coerentes em viver os conselhos evangélicos, prontos na obediência; saber dialogar e dar prioridade à vida fraterna e às exigências comunitárias. Não pensar, antes de tudo, em nós mesmos (sem, porém, descuidar, é evidente, da saúde física e psicológica), mas ao bem que podemos fazer aos outros, a partir da nossa comunidade e do trabalho que nos é confiado. Não nos limitar ao estreitamente indispensável, ou a um horário, além do qual pensamos em nós mesmos.

Se tomarmos algum tempo para nós mesmos, é para estarmos, depois, mais em condições de nos dedicar aos outros. Significa não somente aderir a todo pedido que nos for feito (se é possível dar a nossa adesão), mas também tomar a iniciativa e nos propor dar uma mão onde percebemos que há necessidade. Se tenho tempo e forças, não posso dizer não a um pedido; não posso ignorar uma necessidade e um irmão que precise de minha ajuda. Comporta ainda tornar-nos competentes naquilo que nos foi confiado.

Significa dedicarmo-nos integralmente a nossa missão. O tempo mais significativo do nosso dia deve ser dedicado ao trabalho (mesmo manual) e ao apostolado. E para os irmãos que, por idade ou doença, estão impossibilitados de agir, a disponibilidade leva a se unirem à cruz de Cristo e a oferecer a ele a própria inatividade e sofrimento para o bem da comunidade e do próximo.

Diante da necessidade de Deus que há ao nosso redor, não podemos nos limitar a fazer alguma coisa, mas somos chamados a fazer tudo o que nos é possível, tornando-nos verdadeiras testemunhas do amor de Cristo. Certamente, nós não podemos assumir as necessidades de todo o mundo, mas devemos assumir tudo aquilo que nós é possível realizar, a partir da nossa comunidade e do ambiente em que vivemos. Eu espero que ainda hoje as pessoas que se aproximam de nós possam notar em nós, de modo evidente, a marca da disponibilidade, como distintivo pavoniano.

Cada um de nós é chamado a se questionar se está encarnando esta virtude e se está dando este testemunho.

A solenidade da Imaculada e o Natal do Senhor

Prepararmo-nos para renovar a nossa consagração a Deus, os nossos votos religiosos na festa da Imaculada, significa tudo isso, comporta viver com plena disponibilidade a nossa consagração a Deus e aos irmãos, segundo o nosso carisma, seguindo o exemplo do Padre Fundador.

Também para os leigos, partilhar conosco um caminho de fé e de colaboração e renovar as promessas, significa e comporta reavivar, na sua existência e segundo sua vocação, este traço da disponibilidade, característico do espírito e do carisma pavoniano.

No dia 8 de dezembro, junto aos jovens religiosos que renovarão sua profissão temporária, no Brasil, na Eritreia e na Itália, ir. Carlo Cavatton e ir. Paolo Bizzo emitirão a profissão perpétua nas respectivas paróquias de origem, na diocese de Pádua. Depois, no dia 12 de dezembro, em Lonigo, ir. Carlo receberá a ordenação diaconal, pelas mãos de Dom Luis Stucchi, vigário episcopal de Varese. Em S. Leopoldo, domingo, dia 12, emitirão a primeira profissão os noviços Fabrício e Michael e, no dia anterior, entrarão no noviciado os quatro postulantes: Carlos, Diego, Ivan e Joimar. Sábado, dia 18, será ordenado sacerdote, em Elói Mendes, o diácono Claudinei Ramos Pereira, por Dom Diamantino Prata de Carvalho, bispo da Campanha. Por todos eles agradecemos ao Senhor e invocamos a sua graça a fim de que possam ser fiéis à vocação recebida e aos compromissos que assumem, sustentados também por nossa proximidade e por nosso testemunho.

Maria Imaculada, a Mãe do Senhor, nos acompanhe com a sua intercessão materna.

Desejo a todos, de coração, uma boa festa no dia 8 de dezembro e uma válida preparação para o Natal do Senhor, que seja para a nossa vida e para o mundo motivo de esperança e de paz.

pe. Lorenzo Agosti
Tradate, 1° de dezembro de 2010, 3° dia da novena da Imaculada.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ludovico Pavoni precursor do método preventivo de Dom Bosco

Pe. Lorenzo Agosti,
Superior geral dos
Filhos de Maria Imaculada (Pavonianos)

A vocação específica de Ludovico Pavoni foi em função da educação cristã e profissional da juventude pobre. Ele deu origem em três etapas sucessivas ao Oratório, ao Instituto e no final à Congregação dos Filhos de Maria Imaculada. Pe. Pavoni percebeu-se chamado, interpelado por Deus para ir ao encontro das necessidades das crianças e dos jovens do seu tempo. Estas necessidades tornaram-se para ele como doces atrativos (RU I 42), isto é, fortes motivações que o envolveram com todo o seu ser, orientando-o para o serviço aos jovens em situações de risco e de necessidade. Para eles deixou o quieto e confortável viver da casa paterna (RU I 42). Começou, assim, a cuidar da educação na religião e na profissão de muitos pobres órfãos ou abandonados filhos...ajudando-os e passando a dar à Igreja ótimos cristãos e à Nação bons mestres artesãos e súditos virtuosos e fiéis (RF, RU I 64).

Nas suas escolhas apostólicas, devemos pensar, pe. Pavoni, como o precursor daquelas obras estupendas que logo depois São João Bosco criou e promoveu espalhando-as no mundo todo (Decreto sobre a heroicidade das virtudes, 1947). Também na sua ação educativa pode ser considerado precursor do Método preventivo de Dom Bosco, centrado no trinômio: razão, amabilidade e religião. Estes três componentes estritamente conexos entre si, emergem em maneira constante também no estilo e nos escritos do pe. Pavoni.

Alguns testemunhos nos lembram que tinha um cuidado especial para os seus filhos e os educava pelo coração (LPV págs. 293 e 290). Com a atrativa dos seus modos e com a autoridade do seu exemplo ele conseguia guiá-los do seu jeito, mas partindo sempre do movimento e do entusiasmo que nascia neles (LPV pás. 267).

Um trecho de uma carta ao Domingos Guccini une em maneira significativa, dois dos três critérios indicados por Dom Bosco no seu método preventivo. O Pavoni aconselha ao Domingos de saber-se comportar em cada encontro com aquela amabilidade que tão bem condiz com o nosso sistema de educação. Saiba se conter com aquela gravidade que ganha respeito, mas ao mesmo tempo, com aquela doçura que atrai, arrebata. Deixa a quem queira o chicote, porque o chicote do homem deve ser a razão (LG 29). Pe. Pavoni fala de um nosso sistema de educação e coloca em evidência duas dimensões fundamentais deste sistema: a razão e a amabilidade e doçura, que traduzem a realidade da amorosidade.

A reflexão e a experiência tem levado o pe. Pavoni a traçar um sistema de educação, um verdadeiro método educativo, caracterizado pela presença dos meios típicos de uma pedagogia preventiva: religião e razão, amor e doçura, vigilância e conhecimento, relação pessoal dentro de uma estrutura familiar e em um intenso compromisso de trabalho. Pe. Pavoni já tinha feito própria, na teoria e na prática, a expressão que será de Dom Bosco: este sistema se apóia por completo sobre a razão, a religião e a amorosidade.

Amor e razão são os critérios que estão sempre presentes nas indicações educativas do pe. Pavoni, desde o Regulamento do Oratório até ao do Instituto e às Constituições. A propósito do Prefeito do Oratório, afirma: O zelo não deve alterar o exercício da humildade, caridade e doçura, que devem ser as virtudes distintivas. Se será preciso por prudência repreender alguns dos jovens de algum defeito, procurará fazê-lo com modos delicados e suaves (RU I 19). Primeiro compromisso do responsável dos cantores será de conduzi-los com a persuasão e a doçura para o exato cumprimento de seus deveres (RU I p.21). Será preocupação do inspetor dos adultos procurar com sábias convicções que eles gostem da virtude (RU I p.21).

Os artesãos mestres do Instituto devem ter cuidado que os jovens a eles confiados atendam com assiduidade às próprias incumbências. Devem assisti-los com carinho, para que avancem no conhecimento da arte que estão aprendendo, de acordo com as próprias capacidades e talentos (RU I p.45).

Além disso: Velarão sobre os alunos que lhes forem confiados, como sobre um tesouro precioso e santo, amando-os como a pupila dos próprios olhos (CP 257). Esforçar-se-ão por acostumar os alunos a amar o trabalho e a agir mais por amor do que por temor (CP 258). Estudem com atenção o temperamento e as aptidões dos seus discípulos, para conduzi-los segundo suas inclinações (CP 259). Tratarão os seus alunos com brandura e cortesia (CP 260).

Razão e amor inspiram também o método de correção. No Regulamento do Instituto, pe. Pavoni afirma: Em lugar de recorrer ao sistema da severidade, com o qual, muitas vezes, os meninos são levados a operar mais por temor e por hipocrisia, do que por sentimento e por amor, escolhemos o método da emulação e da honradez, com o qual – se não é feito mau uso - tudo se pode sobre o coração sensível da juventude (RU I p.54). Mais adiante fala de paternas repreensões... a fim de que os meninos reflitam... e se corrigiam (RU I p.55).

Quanto á religião, o Pavoni partilhava, com certeza, o conteúdo de uma carta escrita quando foi secretário do Bispo, onde se lê:... a educação é um dos fundamentais objetos que interessam igualmente o bem da religião e da nação. Mas para promover o bem de uma e da outra, será necessário, que toda educação tenha como base a Santa Religião, que formando um bom cristão o torna ao mesmo tempo também um bom cidadão e um súdito fiel... A experiência demonstra não ser possível educar a juventude bem comportada e reta na base do desprezo da Religião (EAP, p.448).

A religião, afirma nas Constituições, é o objetivo fundamental de toda boa educação (CP 244). No Instituto um cuidado especial deverá ser usado na formação do coração dos jovens, na instrução religiosa e nas práticas religiosas, cultivando neles aquela verdadeira piedade que honra a Deus, santifica as almas, edifica o próximo e dá felicidade às famílias; numa piedade sólida, robusta, desinibida e esclarecida, que vise à perfeita observância dos próprios deveres (CP 123). A formação humana não pode ser separada, portanto, daquela religiosa, proposta em um modo sólido e autêntico, persuasivo e cativante. Favorecer uma educação integral dos jovens, humana e cristã deve ser uma das tarefas e das preocupações do mesmo Reitor: Será todo mente e coração para dispor que os jovens assistidos sejam bem instruídos e retamente educados na religião e nas boas maneiras de tratar, a fim de que se tornem excelentes cristãos, bons pais de família, cidadãos honrados, amigos da religião e de proveito para a sociedade (CP 224).

Quanto à formação cristã, aos responsáveis do Oratório dizia: devem animá-los com doçura à freqüência dos sacramentos, vão corrigi-los afavelmente dos próprios defeitos e, procurarão de colocar nos corações deles com a palavra e com o exemplo o amor à piedade e a fuga do vício (RU I 21). Devem com agradabilidade e amavelmente tornar para eles suave e doce o jugo de Jesus Cristo (RU I 21). Em maneira toda especial o Diretor Espiritual tem uma tarefa específica nesta área. Será necessário que ele não somente se dedique a instruir os alunos, mas, sobretudo, se esmere em fazê-los saborear os princípios da fé que professam e os dirija no espírito (CP 244). Nas instruções procurará apresentar os deveres da religião como um jugo suave e um peso leve que, uma vez experimentado, torna-se fácil e agradável (CP 245). Persuadi-los-á de que o que não é Deus nada vale... e acostuma-los-á a considerar as coisas com os olhos da fé, julgando-as como as julga a fé (CP 252).

O cume do compromisso educativo será ajudar o jovem e descobrir e a realizar o projeto de Deus sobre ele mesmo: o inspirar a vocação pertence somente a Deus. Para nós o importante é secundar os impulsos que dele vêm (CP 253).


O Superior geral

Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana, em muitas passagens do Antigo Testamento, e em particular em alguns salmos que rezamos com frequência, são exaltados o amor e a fidelidade de Deus para com o seu povo. É esta certeza que sustenta Israel nas suas vicissitudes históricas, muitas vezes assinaladas por manifestações de infidelidade e de pecado, por períodos de opressão e de sofrimentos causados por calamidades naturais.

“Cantarei eternamente o amor do Senhor, de geração em geração farei conhecida com minha boca a tua fidelidade, porque disse: é um amor edificado para sempre”. Assim rezamos com o salmo 89 (2-3), que logo depois se refere à fidelidade de Deus com relação à promessa feita ao rei Davi: “Selei uma aliança com o meu eleito; jurei a Davi meu servo. Estabelecerei para sempre a tua descendência, de geração em geração edificarei o teu trono” (4-5). Esta promessa de Deus, feita a Davi por meio do profeta Natan (cf. 2 Sm 7, 8-16), reforçada em todo o salmo 89 e confirmada no salmo 132 (11ss) e em outras passagens, encontrou pleno cumprimento em Jesus de Nazaré, “o Cristo, o filho de Deus vivente” (Mt 16, 16) e “filho de Davi” (Mt 1,1; ss).

Deus não falta às suas promessas, porque o seu amor e a sua fidelidade são eternos. “Jamais desmentirei minha fidelidade” (Sl 89, 34). Toda a sagrada Escritura é um hino à fidelidade de Deus e uma confirmação da sua fidelidade. Mesmo diante da infidelidade do ser humano, Deus não renega a sua fidelidade, como lembra, por exemplo, o apóstolo Paulo: “Se somos infiéis, ele permanece fiel, porque não pode renegar a si mesmo” (2 Tm 2, 13).

O amor fiel de Deus é destinado a todos; ninguém está excluído, a não ser que queira se excluir por iniciativa e vontade próprias. Tem a ver com a humanidade, com o povo de Deus, com a Igreja, com cada batizado, cada consagrado, cada carisma que o Espírito suscita “para o bem comum” (1 Cor 12, 7). Tem e ver com a nossa Família religiosa.


A promessa feita ao padre Ludovico Pavoni

“Com humilde fé reconhecemos que a nossa Congregação não subsiste por intuição ou vontade dos homens, mas por iniciativa de Deus que livremente cria e conserva” (RV 10 c).

Esta afirmação da Regra de Vida encontra correspondência no testemunho do Padre Fundador. Referindo-se a sua vocação educativa ele acentua: “O Senhor quis formar a minha vocação” (RU I 62). Bem como: “Deus houve por bem chamar-me desde a tranquila moradia de minha casa paterna, e animar-me à voluntária oblação de todo o meu ser em vantagem de tão amplo bem” (RU I 42). E referindo-se a sua vocação de fundador ele manifesta: “O projeto parecia ser ditado pelo céu” (Ideia geral - CP). E ainda: “O projeto se apresentou diante de mim com tanta clareza que me pareceu ditado pelo céu” (RU II 155). E enfim, escrevendo a pe. Marcantonio Cavanis, no dia 21 de dezembro de 1847: “Creio faltar a um dever sagrado de gratidão se não lhe comunicasse que, agora, realizei o meu projeto, ou melhor, o da divina Providência, com a instituição canônica da Família Religiosa consagrada especialmente para perpetuar e dilatar esta obra de caridade” (RU III 51).

Sobre este “projeto” de Deus o Fundador já tinha falado assim aos seus colaboradores: “Aquele Deus… não me deixou sem esperança de poder um dia… encontrar… zelosos cooperadores que… estivessem dispostos… a partilhar comigo suas fadigas, trabalhando nesta parte predileta da vinha do Senhor; e poder assim realizar o meditado projeto, que é o de formar uma sagrada família de religiosos… Este suspirado dia... parece que chegou” (RU I 62). E ainda: “Eu não posso senão encorajar-vos para a obra, animando-vos a considerar que se trata de manter aberto um abrigo para esta porção da humanidade que é a predileta do amorosíssimo coração de Jesus… Se Deus quis erguer, diria, quase do nada, esta pia casa e sustentá-la entre tantos obstáculos... seu apoio não nos faltará” (RU I 42-43).

Em Padre Pavoni encontramos algumas certezas. A inspiração da sua vocação e da sua obra veio de Deus. A sua Providência o sustentou e suscitou colaboradores. Sempre por inspiração de Deus, fundou com alguns colaboradores a Congregação religiosa. Será a Providência quem sustentará a Congregação “para estender-lhe seus caridosos braços” (Ideia Geral - CP) no tempo e em outros lugares. O que Deus iniciou levará à realização, porque é fiel às suas promessas e não deixa perder os seus projetos.

Por isso, podemos ratificar com a Regra de Vida: “A certeza de que a Congregação é obra de Deus - confirmada pelo auxílio divino, nas suas vicissitudes históricas - inspira nossa gratidão, sustenta nossa esperança e anima nossa fidelidade” (11 b).

Gratidão, esperança, fidelidade

São estes os sentimentos e os compromissos que somos chamados a reavivar. A gratidão nos leva a ter esperança e a intensificar a nossa fidelidade. Corremos, frequentemente, o risco de faltar com a gratidão, antes de tudo, para com Deus, mas também para com os irmãos, por tantos benefícios que cercam a nossa vida. Gratos por ter recebido o dom do chamado à vocação pavoniana, podemos nutrir profunda esperança em Deus, em relação ao nosso carisma e ao futuro da Congregação. Se o carisma e a Congregação são dons seus, o Senhor providenciará sua duração. A nós compete cumprir a parte que nos toca, com atitude de fidelidade.

A fidelidade fala de amor, dedicação, coerência, entusiasmo, espírito de sacrifício. Pressupõe um sólido e sincero caminho de conversão, uma decidida vontade de recuperação depois de cada erro e uma convicta oposição a toda forma de “vida dupla”. Esta última atitude seria o que de mais negativo se possa insinuar na existência de um religioso: juntamente com uma aparente fidelidade, levar, às escondidas, uma vida em contradição com as exigências e os compromissos da própria consagração (união com Deus, castidade, pobreza, caridade, etc.), terminando por aceitá-la e justificá-la. O perigo da “vida dupla” pode ser considerado e ser o maior mal também para todo cristão.

Fidelidade é convicção de sermos úteis para a causa comum, que é do Senhor. Lembremo-nos do que afirmava são Paulo: “Para mim o viver é Cristo e o morrer um lucro. Mas se o viver no corpo significa trabalhar com fruto, realmente não sei o que escolher… para vós é mais necessário que eu permaneça no corpo. Persuadido disto, sei que permanecerei e continuarei a permanecer no meio de todos vós para o progresso e a alegria da vossa fé” (Fl 1, 21-25).

A autêntica fidelidade se conjuga com a humildade, que o Padre Fundador pede que caracterize o nosso estilo de vida. È uma indicação em coerência (e não poderia ser de outro modo) com o que nos ensinou Jesus: “Assim também vós, quando tiverdes feito tudo que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servos inúteis. Fizemos o que deveríamos ter feito’” (Lc 17,10). Com esta atitude acolhemos cada dia o encorajamento que nos vem do salmo: “Sede fortes, tornai firme o vosso coração vós todos que esperais no Senhor” (31, 25).

Rumo à solenidade da Imaculada

O mês de novembro nos acompanhará ao início do novo ano litúrgico com o tempo do advento (domingo, dia 28) e ao início da novena da Imaculada (segunda-feira, dia 29). Entretanto, com a liturgia, recordamos no primeiro domingo todos os Santos e rezamos pelos irmãos defuntos, tendo presente o que nos indica a Regra de Vida: “Como membros da Igreja peregrina, estamos em comunhão com os irmãos do Reino celeste e necessitados de sua ajuda” (19; cf. também 21 e 390).

De minha parte, nos dias 12 e 13, participarei em Belo Horizonte da reunião dos superiores e dos responsáveis pela formação. Aqui, depois, nos dias 27 e 28, haverá a assembleia ampliada da Família pavoniana.

Na Espanha, em Valladolid, de 5 a 7, haverá a convivência dos Grupos Saiano e, de 19 a 21, se realizarão as “Jornadas de outono” para os animadores, os responsáveis e os associados da Família pavoniana.

Voltando para a Itália, em Roma, de 24 a 26, participarei da Assembleia semestral dos Superiores gerais, sobre o tema: “Vida consagrada na Europa: empenho por uma profecia evangélica”. Quinta-feira, dia 25, está prevista para os participantes uma audiência no Vaticano com o papa Bento XVI.

Confiemos o caminho do mês a Maria, que sábado, dia 20, invocaremos com o título de Mãe da Divina Providência, como se apresentou, a partir de Caná, para toda a história da Igreja, como experimentaram o Padre Fundador e a nossa Congregação “nas suas vicissitudes históricas” e como estamos certos de continuar a experimentar também nós, hoje.

A todos os meus mais cordiais cumprimentos.



pe. Lorenzo Agosti

Belo Horizonte, 30 de outubro de 2010.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A legítima defesa e a morte do agressor injusto

Por ser assunto complexo e de grande importância no mundo, a legítima defesa merece total atenção, pois é certo que conciliar norma legal com os fatos do nosso dia-a-dia não é tão fácil assim como se pensa.

Nos dias de hoje quando cidadãos deparam-se com a violência a todo instantes nas cidades – e não somente nas grandes cidades – e um número alto de vítimas, além da impunidade dos criminosos, a figura da legítima defesa ganha grande relevância, afinal o Estado, por vezes, não cumpre o seu papel de ‘defensor’ dos cidadãos e o indivíduo acaba por ter de enfrentar a necessidade de autodefender-se.

Sem mais, abordaremos este tema pontuando algumas afirmações das legislações do Estado Brasileiro (Código Penal Brasileiro) e da Igreja Católica (Catecismo da Igreja Católica).

Aspecto jurídico

O art. 23, II, do Código Penal, uma firmação acerca do nosso tema quando diz que não há crime quando o agente pratica o fato em legítima defesa e no art. 25, dá os elementos integrantes dessa discriminante: “entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.

Agressão indica a conduta humana. Ao agredir o ser humano ‘põe em xeque’ um bem jurídico. Porém, é preciso que tal agressão seja atual e injusta, pois de outro modo, a defesa não seria legítima. A agressão atual é aquela que está acontecendo, isto é, no tempo presente. Já a iminente irá acontecer (futuro). Assim sendo, não há legítima defesa contra agressão distante do tempo. A agressão não precisa ser dolosa; a culposa também ataca ou coloca em perigo um determinado bem.

É preciso ainda distinguir ‘necessidade de defesa’ (correspondente a só presença do perigo) de ‘inevitabilidade do perigo’ (impossibilidade de socorro alheio ou de afastamento para exprimir-se a agressão). Essa última é alheia ao conceito de legítima defesa. Desde que se apresente o perigo, a defesa é necessária, o que se exige é tão somente a moderação no emprego do meio defensivo que se apresentou necessário.

A reação à agressão deve ser em qualquer hipótese, preventiva. Não é, assim, admissível legítima defesa contra uma agressão que já cessou, ou contra uma agressão futura, ou com uma simples ameaça desacompanhada de perigo concreto e imediato. Daí surge o excesso da legítima defesa que é punível na forma do § único de art. 23 do Código Penal.

A classificação da legítima defesa pode ser dolosa, culposa ou putativa.

a) dolosa: quando o sujeito conscientemente vai além do necessário para repelir a agressão (o agente responde pelo que se excedeu);

b) culposa: responde caso tal excesso constitua em si um delito culposo (conseqüência de imprudência, negligência ou outras modalidades de culpa);

c) putativa: segundo o art. 20 do Código Penal, “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que se existisse, tornaria a ação legítima”. Para sua configuração, não basta que se encontre numa situação de agressão injusta e atual ou iminente, mas que seja plenamente justificada pelas circunstâncias. Ex.: uma pessoa atira em um parente que esta entrando em sua casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que também está armado, reage e mata primeiro o agressor. Neste caso o agente supõe a existência de uma agressão injusta que na realidade não existe.

Magistério da Igreja

No Livro do Êxodo 22,2, lê-se: “Se o ladrão for achado a minar, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue.”

A Igreja ensina que: “Se os meios não sangrentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana” (EV, 56; CIC §2267).

O posicionamento da Igreja é ainda bem claro no §2263 quando afirma: “A legítima defesa das pessoas e das sociedades não é uma exceção à proibição de matar o inocente, que caracteriza o homicídio voluntário: “A ação de defender-se pode acarretar um duplo efeito: um é a conservação da própria vida, o outro é a morte do agressor”.

Para ela, o amor a si mesmo permanece um princípio fundamental da moralidade.

Portanto, é legítimo fazer respeitar o próprio direito à vida. Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor (CIC §2264).

Conclusão

A legítima defesa é constitui direito e causa de exclusão da antijuridicidade – diz a lei que não é crime alguém tentar se defender de uma agressão injusta. A questão é: quando é como a defesa pode ser considerada verdadeiramente legítima?

Antigamente, para justificar a legítima defesa, recorria-se ao princípio do de duplo efeito, isto é, para defender minha vida, causo a morte do outro. Ao defender-se prevalece o direito à vida e à integridade física do agredido sobre o agressor, pois este com a própria injustiça está-se colocando fora do direito (BENTO, 2008, p.115).

Todavia, quando a reflexão sobre a legítima defesa toca o âmbito religioso, em especial o Cristianismo, bem sabemos sob quais máximas devemos nos pautar, isto é, aquelas apresentadas por Jesus Cristo. Assim, todo aquele que procura seguir o Divino Mestre deve estar atento à sua voz que é pura verdade e vida. Só Deus é dono da vida!

Deste modo o cristão ideal, livre e a exemplo de Cristo, não usa o direito de legítima defesa a fim de salvaguardar a vida do seu algoz. Trata-se de uma escolha e não de uma imposição.

Bibliografia

Catecismo da Igreja Católica – CIC

Evangelium Vitae – EV

BENTO, Luis A. Bioética; desafios éticos no debate contemporâneo. São Paulo: Paulinas, 2008. pp. 113-116.

MIRABETE, Julio F. Manual de Direito Penal. v.1. São Paulo: Atlas, 1985. pp. 179-196.

Sugestão de Filme: "A última das guerras" (To end all wars)


Por: Ir. Thiago Cristino, FMI
Estudante de Teologia


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A PESSOA É O FIM E NÃO O MEIO: o fundamento normativo da bioética personalista


A bioética é o estudo da moralidade da conduta humana no campo da ciência da vida. É interessante destacar que a Bioética inclui a chamada Ética Médica. A Ética Profissional Médica é, então, um capítulo da Bioética. Isso quer dizer que, para entender, para aprofundar, para refletir sobre a Ética Profissional nós temos que fazer referência à Bioética.

A Bioética não está restrita às Ciências da Saúde. Ela, desde que surgiu, quer olhar para a vida e para tudo, para todas as áreas do conhecimento que, de uma forma ou de outra, tem implicações sobre a vida de todos nós. A sua atuação tem a ver com a vida. Por isso, o verdadeiro enfoque da Bioética é o interdisciplinar, isto é, vista por diferentes óticas profissionais, com diferentes formações, que não necessariamente interajam entre si.


Princípios da Bioética baseados no modelo Personalista


Personalista, por que refere-se a “persona”, pessoa. O ponto de partida é reconhecer a pessoa, reconhecer a identidade da pessoa e sua essência, pois só reconhecendo-a, podemos então saber como respeitá-la. O reconhecimento tem como desdobramento o respeito à dignidade da pessoa humana. Então o ponto de partida é o reconhecimento e o respeito à dignidade da pessoa humana.

Mas o que é dignidade? Essa questão da dignidade parte por uma reflexão filosófica acerca do Ser do homem, numa busca pelo ‘personalismo ontológico’, que é base para o juízo bioético, pois busca entender o ser humano na sua essência, em sua natureza, em sua verdade, em sua totalidade e em sua unidade: “todo homem e o homem todo” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nn. 65, 121). O ser humano é uma unidade e uma totalidade, por isso a bioética personalista fala em “unitotalidade”.

Não se trata, portanto, de base em um credo religioso específico confessional, dogmático ou piegas, mas de enxergar um caráter do transcendente no imanente, Deus no Homem.

Essa dimensão espiritual da pessoa e do paciente é sempre reconhecida, ou no mínimo intuída na vivência dos corredores dos hospitais. A dimensão espiritual é terapêutica, essencialmente terapêutica.

Porém, a partir de toda essa reflexão que considera o ser humano como uma unitotalidade, quais seriam os princípios que podem ajudar na tomada de decisão na área da bioética?

1. Implica um compromisso existencial e prático em favor de todas as pessoas, em especial, as mais necessitadas - o princípio da defesa da vida física:. Deixar-se interpelar pela pessoa e sua dignidade. Desde o ato mais elementar de reconhecimento da pessoa, a razão prática – e com ela toda a vida concreta do ser humano real (vida física) – se encontra comprometida e obrigada;

2. Implica reconhecer o ser humano como sujeito social – o princípio da sociabilidade e subsidiariedade: Sociabilidade é quando eu reconheço que participo de uma sociedade, que eu compartilho a minha vida com outros e, portanto, eu tenho papéis relativamente aos outros também.E o desdobramento disto é o princípio da subsidiariedade: onde as necessidades forem maiores cabe à estrutura social, à estrutura estatal, apoiar estas iniciativas. Assim, salvar a subjetividade pessoal sacrificando a relação ou defender a relação em detrimento da substancialidade são excessos que é preciso evitar através de um aprofundamento das evidências que oferece a experiência do humano.

3. Implica em construir sua normatividade a partir do imperativo que concebe a pessoa como sendo uma realidade em si mesma – o princípio da liberdade e da responsabilidade. Implica na responsabilidade do profissional de tratar o enfermo, como um fim e jamais como um meio. Implica também na responsabilidade do médico de não aderir a um pedido do paciente considerado pela consciência moral como inaceitável, pois não se tem o direito de dispor da própria integridade física recusando, por exemplo, cuidados indispensáveis à sobrevivência, quando está em jogo a sobrevivência do ser. Isso porque o direito de defesa da vida vem, ontologicamente, antes do direito da liberdade. A pessoa deve ser tratada com um tipo de amor não-instrumental, pois a pessoa é verdadeiramente uma “hypostasis proprietate distincta ad dignitatem pertinente”

4. Implica em partir da diferença entre coisas e pessoas – o princípio terapêutico. Este princípio trata da decisão sobre a terapêutica que vai ser proposta, a terapêutica que se vai implementar no paciente. Segundo esse princípio, é lícito intervir sobre a vida física da pessoa, por exemplo, fazendo cortes e mutilações cirúrgicas. Fala-se do respeito à vida física, mas existem terapêuticas que propõem a mutilização cirúrgica. Então se o princípio da defesa da vida física aparece em primeiro lugar, ele é relativo frente às questões que envolvem a própria sobrevida. A este princípio se liga a norma da proporcionalidade das terapias para avaliar o equilíbrio entre riscos e benefícios. Além do mais a Bioética personalista parte da diferença entre coisas e pessoas. As coisas e as pessoas são realidades de natureza diversa e irredutíveis entre si e requerem aproximações cognitivas diferenciadas. Somente realizando uma “reductio in proprium genus” (uma redução em seu próprio gênero), é possível aprender a respeitar o fenômeno e a pessoa em sua característica específica.

5. Implica em distinguir a irredutibilidade da vida humana a outras formas de vida e a sistemas materiais mais complexos: isto quer dizer que é necessário reargumentar autenticamente sobre a existência da alma humana e seu caráter espiritual. É mister recuperar os pensamentos intelectuais que caracterizaram os grandes pensadores do passado que mostraram a diferença entre alma e corpo, e sua profunda unidade.

Conclusão


A Bioética necessita assumir como princípio a própria pessoa humana, enquanto sujeito que possui dignidade. Uma antropologia normativa desta índole não é patrimônio exclusivo de uma teoria moral, mas da experiência humana fundamental.

Existem momentos em que um eficaz pragmatismo irracionalista faz-se presente não somente nos debates acadêmicos sobre a Bioética, como também na cultura de todos os países, é preciso descobrir os motivos para fazer frente à pura vontade de poder – sem cair uma retórica do medo – preservando autenticamente a dignidade de todas as pessoas, em especial, daquelas que são mais frágeis e estão vulneráveis.

Por: Ir. Thiago Cristino, FMI
Estudante de Telogia

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Celebração Eucarística - Liturgia da Palavra



 Por Ir. Thiago Cristino, FMI
Estudante de Teologia 

 A parte principal deste ato litúrgico é a proclamação das leituras e pelos cantos que ocorrem entre elas. Todo o momento é um diálogo[1] que flui naturalmente entre Deus e o ser humano, isto é, pela sua própria iniciativa, Deus Comunica-se a Si e nos oferta a sua Salvação através de sua Palavra e ao que o homem responde com aclamações (orações/salmos e cantos). O rito da Liturgia da Palavra é concluído pela homilia, a profissão de fé (Credo) e a oração universal ou dos fiéis (preces).
A Palavra é a presença atuante e salvadora de Deus[2] para o seu povo. Quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala ao seu povo. Diferentemente das outras leituras do Primeiro Testamento, temos uma veneração particular (por isso a postura corporal de pé, ao ouvir o Evangelho) pela Boa Notícia de Jesus comunicada a nós no momento da proclamação do Evangelho. Pois é o próprio Cristo que vem a nós e nos comunica a salvação pelos seus mistérios: “o evangelho que vos preguei e que recebestes, e no qual estais firmes. Por ele sois salvos, se o estais guardando” (1Cor 15,1-2). Constitui, portanto, o ponto alto da Liturgia da Palavra[3].
Tal maravilhosa presença de Deus entre nós exige uma atitude de profundo recolhimento e escuta atenta ao ouvir a mensagem que o Senhor tem a nos dizer. Por isso a Liturgia da Palavra deve favorecer a meditação e por isso deve ser evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento, através de um profundo silêncio[4] destinado para a interiorização da Palavra de Deus no coração e eficácia da sua ‘ação transformadora em nós’ (Is 55,10-11).
Mediante as leituras é preparada para os fiéis a mesa da Palavra de Deus e abrem-se para eles os tesouros da Bíblia[5]. Os textos bíblico-litúrgicos, pelo fato de terem uma lógica diferente, diferem propriamente dito dos textos bíblicos. As leituras programadas e proclamadas na liturgia têm por objetivo a unidade dos dois Blocos testamentários e a História da Salvação. Neste sentido a liturgia rompe com a intenção bíblica e nos conduz ao mistério que celebramos. Por isso mesmo não é permitido trocar as leituras e o salmo responsorial por outros textos não-bíblicos[6].
Em preparação para ouvir o que Cristo vem falar no Evangelho, a assembleia reunida entoa um canto de aclamação, o Aleluia, que é omitido no Tempo da Quaresma.
Após a proclamação do Evangelho inicia-se a homilia, parte integrante da liturgia cujo objetivo centra-se em nutrir a vida cristã, levando em conta o mistério celebrado, bem como as necessidades dos ouvintes[7]. O mistério que celebramos, segundo Ione Buyst no livro Homilia; partilha da Palavra, trata-se da “Pessoa de Jesus Cristo, sua missão, sua vida, morte-ressurreição, o derramamento do Espírito, a vinda gloriosa no fim dos tempos, Reino de Deus, nossa comunhão com o Pai, por Cristo com Cristo e em Cristo no Espírito”[8].
A homilia é ministerialmente do clero (diáconos, presbitérios e bispos), todavia é proferida preferencialmente pelo pastor daquela Igreja. Ele, conhecendo as necessidades do seu rebanho faz com eles um caminho mistagógico suscitando os valores cristãos, com base nos ensinamentos de Jesus Cristo; serve para “encorajar, animar, exortar e consolar” (At 13, 14-42) e não tanto para dar lições de moral ou ensino sistematizado numa área da Teologia, por exemplo; pretende ser uma ‘extensão’ da Palavra de Deus, ou seja, a Palavra de Deus precisa ser comunicada de tal forma que não perca sua força e originalidade.
A partir da palavra grega όµιλια podemos entender o significado da homilia na Celebração Eucarística, pois sugere uma conversa familiar (daqui advém a importância de ser pronunciada pelo pastor, pois ele conhece a necessidade do seu rebanho) que penetra o coração de quem ouve, abre os olhos e inquieta todo aquele que pertence a Jesus Cristo, em vista de uma prática pessoal que é refletida no seio da comunidade, dando testemunho de reino de Deus e sua justiça[9].
Urge que os ministros encontrem o tom certo para que a conversa familiar seja fecunda, pois ainda os sacramentos tenham sua força própria (ex opere operato), a abundância da Graça depende em medida não desprezível da qualidade comunicadora do ministro.
Terminada a homilia inicia-se a profissão de fé, cantada ou recitada pelo sacerdote com o povo, juntos ou em dois coros, aos domingos, solenidades e celebrações de caráter mais solene [10], cujo objetivo central estar em levar todo o povo de Deus reunido em comunidade a responder à Palavra de Deus outrora anunciada e explicada pela homilia[11], sempre na ótica de que a Celebração Eucarística como um todo, é dinâmica, pois promove um agradável e fecundo diálogo entre o Pai e os filhos.
Por último faz-se, de pé[12], a oração universal ou oração dos fiéis, de certo modo há uma resposta aos apelos que a Palavra de Deus faz a cada um de nós pela fé. Ao elevar suas preces, pela Igreja, poderes públicos e pela salvação de todos, pelos enfermos e pela comunidade local[13], a Deus, o povo exerce a sua função sacerdotal[14] (comum e não ministerial). Tais preces devem ser breves e objetivas a ponto de expressarem a oração de toda a comunidade.
Em se tratando de ‘mesa da Palavra’, temos pelos ensinamentos da Igreja que ela é também alimento, é banquete[15].
Assim, participar ativamente deste rito, significa acolher do Senhor que vem ao nosso encontro todo estímulo e ânimo para caminhar rumo a ele, fortalecidos pelo pão da sua Palavra e cheios de esperanças para lutar contra todas as desesperanças deste mundo.


[1] Sacrosanctum Concilium - SC,33.
[2] SC,07; Instrução Geral ao Missal Romano - IGMR, 27.
[3] IGMR, 60.
[4] IGMR, 56.
[5] IGMR, 57; SC, 51.
[6] IGMR, 57.
[7] IGMR, 65
[8] BUYST, op. cit., p.13.
[9] Cf. Mt 6,33.
[10] IGMR, 68.
[11] IGMR, 67.
[12] IGMR, 71.
[13] IGMR, 70.
[14] IGMR, 69.
[15] Dei Verbum, 21.

domingo, 3 de outubro de 2010

O Superior geral


Pe. Lorenzo Agosti, Superior geral dos Filhos de Maria Imaculada
Caríssimos irmãos e leigos da Família pavoniana,
           
            “ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama, mas a coloca sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz” (Lc 8, 16). Assim disse Jesus. Ele se refere ao testemunho de fé, que cada discípulo é chamado a dar.A fé é como uma luz que o Senhor dá  e acende no coração de quem o acolhe. Jesus compara o seu discípulo a uma lâmpada acesa. Não se pode escondê-la; é destinada a dar luz. A mesma dinâmica se aplica à Igreja, a cada comunidade cristã. Aplica-se à nossa comunidade religiosa.

 A nossa comunidade religiosa: “luz” de Cristo na Igreja e diante do mundo.

            Sob inspiração de Deus, o Padre Fundador iniciou a nossa Congregação religiosa. Naquele momento foi acesa uma nova luz na Igreja. É a luz do nosso carisma, testemunhado por pessoas e obras, testemunhado no tempo e nos lugares onde a Congregação se difundiu.  
            Quando respondemos ao chamado de Deus, ele acendeu uma nova luz no nosso coração; uma luz que unimos à dos nossos irmãos da comunidade. De tal modo, a comunidade se tornou e se torna resplandecente e testemunha do amor de Cristo à humanidade, segundo o carisma do Padre Fundador. É nesta perspectiva que tem sentido, valor e significado a insistência sobre a visibilidade da comunidade religiosa. É ela mesma, enquanto tal, sinal de Cristo. Daqui brota a exigência de sermos conhecidos como comunidade na Igreja e no território em que nos encontramos.
            Esta consciência e esta responsabilidade pedem, antes de tudo, que nós, religiosos, valorizemos o nosso ser comunidade e que demos a ela um fundamento e uma consistência sempre mais sólidos.  
            Ser uma comunidade de fé, reunida por Cristo e em torno a Cristo; uma comunidade fraterna; uma comunidade unida na realização da missão que lhe é confiada.
            Trata-se de um processo, como nos recorda a Regra de Vida à luz da palavra de Deus, no qual convergem a graça de Deus e a disponibilidade de cada um para se deixar plasmar e transformar em novidade de vida. É um processo pessoal, conectado a um equilíbrio emotivo. É um processo cotidiano, que exige o acolhimento do irmão e a sua aceitação como dom do Senhor, porque existe e assim como é. É um processo que leva a uma ajuda mútua para nos tornarmos como Deus nos quer. È um processo de amadurecimento humano, de santidade pessoal e de comunhão fraterna em Cristo.
            Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt 18,20). Cada comunidade nossa, mesmo composta somente por dois ou três irmãos, é chamada a ser assim, a viver este processo, a dar este testemunho.  Quem se aproxima de cada obra nossa deve ver a luz da comunidade religiosa, que reza unida, vive unida, trabalha unida.

A nossa comunidade religiosa: sal para os leigos e para os jovens.

            Se a comunidade é luz, torna-se sal (cf. Mt 5, 13): dá sabor, conserva em boa saúde, preserva da corrupção. Há muito se fala que o papel principal da comunidade religiosa é a animação da obra, é a atenção para manter o espírito da missão. É verdade. Mas deve ser uma animação eficaz, que começa pelo testemunho, que oferece as coordenadas de referência, mas que, também, se compromete na ação com uma presença e uma proximidade concretas e atuantes.
            Uma ação que parte, em primeiro lugar, do envolvimento dos leigos que colaboram conosco na missão. Próximos a concluir o primeiro triênio pós-capitular, chegamos ao terceiro tema anual, que completa o percurso que estamos realizando: comunidade unida com os leigos para a missão. A comunidade religiosa unida é o eixo da missão que, porém, em grande parte hoje, é levada em frente pelos leigos. Então, é necessário animar, envolver, escutar e valorizar os leigos. Quanto mais a comunidade for unida, mais o envolvimento dos leigos se torna frutuoso: para eles, para a vida da própria comunidade, para a missão. Daqui nasceu e cresce a Família  pavoniana.
            Esta requer o conhecimento entre os religiosos e leigos, o diálogo e o respeito entre eles, o dar espaço para momentos de encontro, que vão da oração à formação, à partilha de propostas e iniciativas, até o trabalho, lado a lado, no âmbito da missão.
            A missão é o êxito da comunidade religiosa e da colaboração com os leigos.
            Existimos para os jovens, para protegê-los de tantas situações de naufrágio - nos servimos de termos usados pelo Padre Fundador -. Existimos  para a sua formação integral - humana, cristã e profissional/cultural -. A comunidade, junto com os leigos colaboradores, busca tomar consciência da realidade da condição juvenil do próprio território e encaminha iniciativas para ir ao encontro dos jovens, segundo o nosso carisma. É importante, também, que quantos forem acolhidos nas nossas estruturas educativas vejam a comunidade religiosa, ou seja, tomem conhecimento da comunidade religiosa que, junto com os colaboradores leigos, se interessa por sua formação. E saibam que há um projeto educativo para eles e absorvam seus conteúdos essenciais.
            Recentemente foi aprovado o Projeto educativo pavoniano, preparado pela Província italiana. É desejável que um documento semelhante seja assumido também por outras Províncias. Deste modo teremos um ponto de referência concreto e atualizado para qualificar a nossa ação educativa. Uma ação educativa integral, isto é, em todos os níveis, que comporta também criar as condições e as ocasiões para que os jovens experimentem, de modo eficaz, que fazem parte de um ambiente pavoniano. Um ambiente que seja luz e sal, para o caminho e para o crescimento deles. Trata-se de um assunto a ser desenvolvido e aprofundado, a fim de realizar o desejo do Padre Fundador: “A família religiosa… nada deve poupar para ganhar estas almas para Deus” (da Idéia geral das Constituições).

A comunidade religiosa na vida da Congregação.

            Em vistas da Consulta geral, que se realizará em Lonigo, de 12 a 15 de maio de 2011, nos próximos meses estaremos todos envolvidos na sua preparação, para uma séria avaliação da recepção e realização, até hoje, do Documento capitular. Aproveitemos este futuro prazo para tomá-lo em mãos e relê-lo, mesmo substituindo a leitura cotidiana de um parágrafo da Regra de Vida.
            Domingo, dia 3 de outubro, a comunidade de Majadahonda, sem abandonar o empenho na atividade de recuperação de toxicodependentes, assumirá o cuidado pastoral de uma vasta paróquia em Vicálvaro, um quarteirão periférico da capital espanhola. Sempre na Espanha, no dia 12, iniciarão os encontros dos jovens dos grupos Saiano e, no dia 16, se reunirão em Madrid os superiores e os vice-superiores das comunidades.
            Em Asmara, sábado, dia 9, emitirão a primeira profissão cinco noviços - Mahari, Michaele, Million, Yacob e Weldeab -. No mesmo dia, se empenharão com a Profissão perpétua ir. Simon, ir. Mihreteab e ir. Yonas. Estes dois últimos, no dia seguinte, domingo, dia 10, serão ordenados diáconos pelo eparca da cidade. É um momento de graça para as nossas comunidades da Eritrea, tão provadas por muitas circunstâncias difíceis. Agradeçamos a Deus e o invoquemos com confiança para estes nossos irmãos e para que a presença do carisma pavoniano possa se consolidar e contribuir para o bem da juventude e das famílias locais.
            Segunda-feira, dia 18, partirei para a visita anual às comunidades do Brasil, que se prolongará até depois da metade de novembro. Aqui, os jovens religiosos, de 8 a 10, se recolherão em retiro espiritual. Enquanto que, domingo dia 31, em Belo Horizonte, ir. Célio emitirá a profissão perpétua. Tenhamos presentes também cada um deles em nossa oração.
            Celebraremos neste mês, dia 24, com toda a Igreja, o Dia Mundial das Missões. Mantenhamos viva a oração, a sensibilidade e a solidariedade concreta, especialmente, para com as obras missionárias da Congregação e para com os irmãos que estão trabalhando nelas.
            Em um  pensamento de s. José de Copertino, frade menor conventual, lemos: São três as coisas próprias de um religioso: amar a Deus de todo coração, louvá-lo com a boca e dar sempre bom exemplo com as obras. Creio que o pensamento, adaptado a  cada vocação, sirva também para os leigos. Este programa pode ser para todos um verdadeiro motivo de vida, segundo o ditado de grande sabedoria popular: É necessário ter uma boa motivação, ao levantar-se pela manhã. Dá fundamento a este motivo humano a certeza do amor de Deus, como diz a Escritura: “O amor de Deus jamais acaba e sua compaixão não tem fim. Pelo contrário, renovam-se a cada manhã” (Lm 3, 22-23).
Com esta certeza, saúdo a todos em nome do Senhor.
pe. Lorenzo Agosti
Tradate, 1° de outubro, memória de S. Teresa do Menino Jesus. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Palavra de Deus: alimento para a vocação

EU ENCONTREI O TESOURO QUE ESTAVA BUSCANDO!
Dinâmica Inicial: Barco, Mar e Farol

No princípio era a Palavra... era Deus... que se encarnou (Jo 1, 1.14)
*    O contato com a Palavra de Deus já é um diálogo[1] que flui naturalmente entre Deus e o ser humano, isto é, pela sua própria iniciativa, Deus Comunica-se a Si e nos oferta a sua Salvação através de sua Palavra.
*    A Palavra é a presença atuante e salvadora de Deus[2] para o seu povo. pela Boa Notícia de Jesus comunicada a nós no momento da proclamação do Evangelho. Pois é o próprio Cristo que vem a nós e nos comunica a salvação pelos seus mistérios: “o evangelho que vos preguei e que recebestes, e no qual estais firmes. Por ele (Evangelho) sois salvos, se o estais guardando tal qual ele vos foi pregado por mim” (1 Cor 15, 1-2). Para que algo seja conservado, é necessário que seja importante. São Paulo é categórico ao afirmar a necessidade de se conservar a Palavra de Deus, mas não só, mas a sua observância na vida (prática: fé e vida – Lex orandi, Lex credendi), pois foi essa a maneira com a qual São Paulo pregou o Evangelho de Cristo.
*    Assim, a Palavra viva do Evangelho é transmitida, recebida e guardada – termos retirados do vocabulário técnico da tradição rabínica (Cf. 1Cor 11,23). Mas o Evangelho é principalmente anunciado (vv. 1.2), proclamado (v. 11) o ‘κερίγμα - kerigma’(Cf. Mt 4,23); objeto de FÉ (vv. 2.11; Mc 1,15) e portador da Salvação (v.2; At 11, 14; 16,17).
*    Tal maravilhosa presença de Deus entre nós exige uma atitude de profundo recolhimento e escuta atenta ao ouvir a mensagem que o Senhor tem a nos dizer. A Palavra de Deus é transformadora DABAR, isto é, viva, eficaz, atuante, motivadora, que se compre e provoca em nosso coração sua ‘ação transformadora’ – “Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come, tal ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não volta a mim sem efeito; sem ter cumprido o que eu quis realizado o objetivo de sua missão” (Is 55,10-11).
*    A Palavra de Deus é alimento[3] força, e estímulo para todos aqueles que desejam segui-Lo, pois nos oferece alimento para renovar o nosso ânimo abatido a fim de que possamos retomar a caminhada com coragem e determinação. Ela é a bússola que orienta o nosso barco (vida); sem ela caminhar torna-se mais penoso, haja vista que ela clareia a nossa vida, nos indica de maneira prática O CAMINHO que devemos trilhar para encontrar o nosso, tesouro, a pedra preciosa[4], isto é, Jesus Cristo.
*    Meu desejo é que estejamos sempre conscientes da nossa vocação, como um chamado de Deus, e façamos sempre da Palavra um guia que nos conduz por ‘mares tranquilos’ a fim de nos orientarmos inteiramente para Ele.
*    É a Palavra quem esclarece e nos põe no rumo certo de seguimento ao Senhor; sem ela nada podemos, pois caminhar torna-se incerto, confuso; o mar torna-se agitado, “é como caminhar na escuridão”, tropeçamos... e o pior fazemos os outros que estão à nossa volta tropeçarem.

Sugestão:
- Para um aprofundamento no tema, rezar os salmos propostos na Liturgia das Horas. Tal é a riqueza contida neles bem como o sentimento de profunda gratidão do salmista, além das eclarações gratuitas de amor que Deus manifesta a cada um de nós.


Ir. Thiago Cristino, FMI.
Na ocasião do encontro vocacional promovido pelas
Irmãs Oblatas do Menino Jesus, Asa Norte, Brasília/DF




[1] Sacrosanctum Concilium - SC,33.
[2] SC,07; Instrução Geral ao Missal Romano - IGMR, 27.
[3] Dei Verbum, 21.
[4] Sl 118, 22-23.

Oração Vocacional Pavoniana

Oração Vocacional Pavoniana
Divino Mestre Jesus, ao anunciar o Reino do Pai escolheste discípulos e missionários dispostos a seguir-te em tudo; quiseste que ficassem contigo numa prolongada vivência do “espírito de família” a fim de prepará-los para serem tuas testemunhas e enviá-los a proclamar o Evangelho. Continua a falar ao coração de muitos e concede a quantos aceitaram teu chamado que, animados pelo teu Espírito, respondam com alegria e ofereçam sem reservas a própria vida em favor das crianças, dos surdos e dos jovens mais necessitados, a exemplo do beato Pe. Pavoni. Isto te pedimos confiantes pela intercessão de Maria Imaculada, Mãe e Rainha da nossa Congregação. Amém!

SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL - FMI - "Vem e Segue-Me" é Jesus que chama!

  • Aspirantado "Nossa Senhora do Bom Conselho": Rua Pe. Pavoni, 294 - Bairro Rosário . CEP 38701-002 Patos de Minas / MG . Tel.: (34) 3822.3890. Orientador dos Aspirantes – Pe. Célio Alex, FMI - Colaborador: Ir. Quelion Rosa, FMI.
  • Aspirantado "Pe. Antônio Federici": Q 21, Casas 71/73 . Setor Leste. CEP 72460-210 - Gama / DF . Telefax: (61) 3385.6786. Orientador dos Aspirantes - Ir. José Roberto, FMI.
  • Comunidade Religiosa "Nossa Senhora do Bom Conselho": SGAN Av. W5 909, Módulo "B" - Asa Norte. CEP 70790-090 - Brasília/DF. Tel.: (61) 3349.9944. Pastoral Vocacional: Ir. Thiago Cristino, FMI.
  • Comunidade Religiosa da Basílica de Santo Antônio: Av. Santo Antônio, 2.030 - Bairro Santo Antônio. CEP 29025-000 - Vitória/ES. Tel.: (27) 3223.3083 (Comunidade Religiosa Pavoniana) / (27) 3223.2160 / 3322.0703 (Basílica de Santo Antônio) . Reitor da Basílica: Pe. Roberto Camillato, FMI.
  • Comunidade Religiosa da Paróquia São Sebastião: Área Especial 02, praça 02 - Setor Leste. CEP 72460-000 - Gama/DF. Tel.: (61) 34841500 . Fax: (61) 3037.6678. Pároco: Pe. Natal Battezzi, FMI. Pastoral Vocacional: Pe. José Santos Xavier, FMI.
  • Juniorado "Ir. Miguel Pagani": Rua Dias Toledo, 99 - Bairro Vila Paris. CEP 30380-670 - Belo Horizonte / MG. Tel.: (31) 3296.2648. Orientador dos Junioristas - Pe. Claudinei Ramos Pereira, FMI. ***EPAV - Equipe Provincial de Animação Vocacional - Contatos: Ir. Antônio Carlos, Pe. Célio Alex e Pe. Claudinei Pereira, p/ e-mail: vocacional@pavonianos.org.br
  • Noviciado "Maria Imaculada": Rua Bento Gonçalves, 1375 - Bairro Centro. CEP 93001-970 - São Leopoldo / RS . Caixa Postal: 172. Tel.: (51) 3037.1087. Mestre de Noviços - Pe. Renzo Flório, FMI. Pastoral Vocacional: Ir. Johnson Farias e Ir. Bruno, FMI.
  • Seminário "Bom Pastor" (Aspirantado e Postulantado): Rua Monsenhor José Paulino, 371 - Bairro Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre / MG . Caixa Postal: 217. Tel: (35) 3425.1196 . Orientador do Seminário - Ir. César Thiago do Carmo Alves, FMI.

Associação das Obras Pavonianas de Assistência: servindo as crianças, os surdos e os jovens!

  • Centro Comunitário "Ludovico Pavoni": Rua Barão de Castro Lima, 478 - Bairro: Real Parque - Morumbi. CEP 05685-040. Tel.: (11) 3758.4112 / 3758.9060.
  • Centro de Apoio e Integração dos Surdos (CAIS) - Rua Pe. Pavoni, 294 - Bairro Rosário . CEP 38701-002 Patos de Minas / MG . Tel.: (34) 3822.3890. Coordenador: Luís Vicente Caixeta
  • Centro de Formação Profissional: Av. Santo Antônio, 1746. CEP 29025-000 - Vitória/ES. Tel.: (27) 3233.9170. Telefax: (27) 3322.5174. Coordenadora: Sra. Rosilene, Leiga Associada da Família Pavoniana
  • Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP) SGAN Av. W5 909, Módulo "B" - Asa Norte. CEP 70790-090 - Brasília/DF. Tel.: (61) 3349.9944 . Diretor: Pe. José Rinaldi, FMI
  • Centro Medianeira: Rua Florêncio Câmara, 409 - Centro. CEP 93010-220 - São Leopoldo/RS. Caixa Postal: 172. Tel.: (51) 3037.2797 / 3589.6874. Diretor: Pe. Renzo Flório, FMI
  • Colégio São José: Praça Dom Otávio, 270 - Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre/MG - Caixa Postal: 149. Tel.: (35) 3423.5588 / 3423.8603 / 34238562. Fax: (35) 3422.1054. Cursinho Positivo: (35) 3423. 5229. Diretor: Prof. Giovani, Leigo Associado da Família Pavoniana
  • Escola Gráfica Profissional "Delfim Moreira" Rua Monsenhor José Paulino, 371 - Bairro Centro. CEP 37550-000 - Pouso Alegre / MG . Caixa Postal: 217. Tel: (35) 3425.1196 . Diretor: Pe. Nelson Ned de Paula e Silva, FMI.
  • Obra Social "Ludovico Pavoni" - Quadra 21, Lotes 71/72 - Gama Leste/DF. CEP 72460-210. Tel.: (61) 3385.6786. Coordenador: Sra. Sueli
  • Obra Social "Ludovico Pavoni": Rua Monsenhor Umbelino, 424 - Centro. CEP 37110-000 - Elói Mendes/MG. Telefax: (35) 3264.1256 . Coordenadora: Sra. Andréia Mendes, Leiga Associada da Família Pavoniana.
  • Obra Social “Padre Agnaldo” e Pólo Educativo “Pe. Pavoni”: Rua Dias Toledo, 99 - Vila Paris. CEP 30380-670 – Belo Horizonte/MG. Tels.: (31) 3344.1800 - 3297.4962 - 0800.7270487 - Fax: (31) 3344.2373. Diretor: Pe. André Callegari, FMI.

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Bréscia, Italy
Sou fundador da Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada, conhecida popularmente como RELIGIOSOS PAVONIANOS. Nasci na Itália no dia 11 de setembro de 1784 numa cidade chamada Bréscia. Senti o chamado de Deus para ir ao encontro das crianças e jovens que, por ocasião da guerra, ficaram órfãos, espalhados pelas ruas com fome, frio e sem ter o que fazer... e o pior, sem nenhuma perspectiva de futuro. Então decidi ajudá-los. Chamei-os para o meu Oratório (um lugar onde nos reuníamos para rezar e brincar) e depois ensinei-os a arte da marcenaria, serralheria, tipografia (fabricar livros), escultura, pintura... e muitas outras coisas. Graças a Deus tudo se encaminhou bem, pois Ele caminhava comigo, conforme prometera. Depois chamei colaboradores para dar continuidade àquilo que havia iniciado. Bem, como você pode perceber a minha história é bem longa... Se você também quer me ajudar entre em contato. Os meus amigos PAVONIANOS estarão de portas abertas para recebê-lo em nossa FAMÍLIA.